Um curso de extensão que será realizado na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e promete discutir o que os organizadores chamam de “golpe de 2016” e o futuro da democracia no Brasil divide opiniões. A Associação Comercial e Industrial (ACI) mandou ofício à reitoria da universidade criticando a decisão. A Unisc confirma o curso, mas diz que ele “não reflete a posição da reitoria ou da universidade”. Confira seis perguntas que ajudam a entender a polêmica.
Quem está organizando o curso?
De acordo com o professor de Direito Constitucional da Unisc, Edison Botelho, que também dará aula no curso de extensão, a iniciativa partiu de professores da instituição, inspirados em cursos semelhantes que têm acontecido pelo Brasil para analisar todo o contexto do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Quem está bancando o curso?
Segundo Botelho, o curso será custeado a partir das inscrições (a taxa é de R$ 20,00 para quem optar pelo curso todo e de R$ 10,00 por aula para quem optar por módulos individuais) e não haverá apoio financeiro da Unisc. Por meio de nota, a Unisc diz que a taxa de inscrição é reduzida porque “os professores atuarão de forma voluntária nas palestras”.
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Por que o curso traz apenas um posicionamento sobre o assunto?
Conforme Botelho, todo o conteúdo que será apresentado é fruto de estudos acadêmicos. “Muitas pessoas vão olhar isso com um viés partidário, mas o objetivo não é representar nenhum partido, e sim apresentar estudos e dados sobre o tema”, afirmou. Ele sugere que quem defende que o impeachment não foi um golpe organize outro evento com seus próprios estudos embasando essa opinião. “Isso faz parte da democracia e tenho certeza que a Unisc daria o mesmo espaço. Não estamos ali para fazer um discurso retórico e absoluto, mas para trazer uma análise do que aconteceu sob diversos aspectos, com especialistas de diferentes áreas”, frisou.
Por que o curso está dando o que falar na cidade?
Como quase tudo nos dias de hoje, há o grupo dos que apoiam e o grupo dos que criticam esse tipo de iniciativa. No caso da Unisc, a polêmica começa já pelo cartaz no curso, que cita a universidade como realizadora do evento. Pesam também os fatos de a universidade ter perfil comunitário e, por isso, relações com os mais diversos setores da sociedade, e por ser mantida por uma entidade (a Apesc) que igualmente representa os mais diversos setores de Santa Cruz.
Por que a ACI se manifestou?
A Associação Comercial e Industrial (ACI) tem assento no conselho da Apesc e avalia que a Unisc não deveria se envolver a esse ponto nesse tipo de polêmica. Em carta enviada à reitoria, o presidente Lucas Rubinger defende que “o momento político vivido pelo País exige cautela e isenção”. Diz ainda que a entidade fica apreensiva com a forma como o curso é apresentado, “emitindo um pré-julgamento de fato ocorrido na história do País”. A ACI diz ainda que “o saudável debate político deve ser um exercício de tolerância e respeito às opiniões”.
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O que diz a Unisc sobre a polêmica?
Pouco antes das 18 horas desta quinta-feira, a reitoria da Unisc soltou nota sobre o assunto. A universidade diz, entre outros, que cursos como este estão sendo oferecidos por universidades há quase dois anos; que cursos de extensão são livres e não curriculares ou obrigatórios, ou seja, faz quem tem interesse; o curso foi proposto por um departamento e um programa de pós-graduação; e que “o tema não reflete a posição da reitoria ou da universidade, pois esta é atual, aberta ao diálogo, à diversidade e permite o livre trânsito de pensamentos divergentes”. A Unisc encerra a nota dizendo que “não há e nem haverá um único episódio de cerceamento à liberdade de expressão, seja ela de que matriz ideológica for”.
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Material de divulgação do curso ofertado pela Unisc
Foto: Reprodução