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Seis escolas da região vão ter ensino integral este ano; veja quais

Colégio Estadual Professor Luiz Dourado é um dos contemplados

Mais seis escolas estaduais do Vale do Rio Pardo, incluindo duas em Santa Cruz, passarão a oferecer ensino em tempo integral a partir deste ano. Em entrevista nesta segunda-feira, 16, à Rádio Gazeta e à Gazeta do Sul, a secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, afirmou que há recursos para cumprir a promessa de levar a carga horária ampliada para 50% dos educandários de Ensino Médio nos próximos quatro anos, mas reconheceu que existem barreiras culturais a serem superadas.

Ao todo, 67 escolas em todo o estado terão ensino em tempo integral já em 2023. Com isso, o estado chegará a um total de 111 instituições atendidas. Em Santa Cruz, serão contempladas as escolas Luiz Dourado, no Bairro Arroio Grande, e Nossa Senhora do Rosário, no Bairro Independência. Também estão incluídas uma escola de Candelária (Gastão Bragatti Lepage), uma de Encruzilhada do Sul (Zeno Pereira Luz) e duas de Rio Pardo (Fortaleza e Biágio Soares Tarantino).

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Na entrevista, Raquel afirmou que um total de 140 escolas estavam aptas a receber o investimento agora, mas a maior parte optou por não aderir. Um dos entraves é que muitos alunos de Ensino Médio trabalham no turno inverso para complementar a renda das famílias. Segundo a secretária, a tendência é que o governo crie uma bolsa para estimular a adesão de estudantes ao sistema. “Temos que mostrar as vantagens da educação em tempo integral”, falou.

ENTREVISTA – Raquel Teixeira, secretária estadual de Educação

  • Por que o planos de expansão do ensino em tempo integral se restringe ao Ensino Médio?

Os dois anos de pandemia afetaram brutalmente as duas extremidades: a alfabetização e o Ensino Médio. No caso da alfabetização, bem ou mal as crianças ainda têm a vida pela frente para recuperar esse atraso. No Ensino Médio, o aluno termina e vai embora. A situação dos jovens no Rio Grande do Sul é bastante preocupante. Temos 1.027 jovens entre 18 e 24 anos e, desses, 252 mil nem estudam e nem trabalham. É um número muito alto. Se você fizer o recorte dos jovens em idade de Ensino Médio, só 75% estão na escola, considerando todas as redes, o que é abaixo da média nacional. Somos o primeiro estado que está zerando a janela demográfica de oportunidades, então quem está hoje no Ensino Médio é a nata do que vai ser o universo produtivo e contributivo dos próximos anos.

  • O Estado enfrente dificuldades fiscais há décadas. Há condições financeiras de cumprir a promessa de tempo integral em 50% das escolas de Ensino Médio?

Prioridade é isso. Se tiver que fazer escolha entre duas coisas, a escolha vai ser a educação. Então, não me preocupo com a questão financeira. O ensino integral exige uma certa infraestrutura. Temos hoje 140 escolas de Ensino Médio que poderiam começar o tempo integral agora. Contatamos todas, mas só 67 aderiram. As demais não quiseram aderir nesse momento. A dificuldade que eu antevejo, mais do que a questão financeira, é a questão cultural, de convencimento de que o ensino integral é o mais adequado para o jovem hoje em uma sociedade extremamente competitiva, sofisticada e tecnológica.

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  • Se o ensino em tempo integral é tão importante, por que há escolas que não querem aderir?

É uma mudança muito profunda na vida dos alunos e dos professores. O professor tem que adotar uma nova rotina de trabalho. Mas há uma razão cultural forte. O Rio Grande do Sul, mais do que qualquer outro estado, vê o trabalho como valor, o que é extremamente importante. Dentro dessa cultura, jovens com 15 ou 16 anos já estão trabalhando, e a escola em tempo integral, de certa forma, impede isso. O que temos que fazer é mostrar que, com certeza, vale a pena o jovem dedicar três anos da vida dele para se qualificar para o século 21. Só no Rio Grande do Sul, temos 10,6 mil empregos na área de TI que não foram preenchidos. O aluno de nível socioeconômico mais baixo que estuda em tempo parcial e trabalha na informalidade no turno inverso corre o risco de se acomodar. Temos que mostrar as vantagens da educação em tempo integral.

  • Mas como driblar isso, se o jovem trabalha para complementar a renda da família?

Já temos uma bolsa de R$ 150,00 mensais para os alunos do CadÚnico. Há uma proposta nova de uma bolsa, com valor maior, direcionada prioritariamente aos alunos de escolas com ensino em tempo integral. É claro que temos uma secretária da Fazenda nova, então vamos ter que conversar. Mas provavelmente teremos sim um apoio a esses jovens.

  • Como reverter o aumento da evasão escolar gerado pela pandemia?

A evasão aqui é mais alta do que no resto do país, isso é um fato. E isso também é decorrente de uma outra característica do estado, que é a cultura da reprovação. Por incrível que pareça, algumas pessoas ainda acreditam que o bom professor é o que reprova. Só que o envolvimento da escola para que os alunos aprendam é importante. O aluno que é reprovado um ano, volta. No segundo ano, talvez volte. Depois ele evade, vai embora, desiste. No pós-pandemia, temos uma rede em que 69% dos alunos relatam sintomas de ansiedade e depressão, 33% não conseguem se concentrar, 19% se sentem totalmente esgotados e sob pressão e 13% dizem ter perdido a confiança em si mesmos. Ou seja, é uma rede que requer uma atenção especial não só na questão cognitiva, mas na questão socioemocional. O aluno rico, se não vai bem, a família arranja um professor particular. A escola pública precisa de um mecanismo. Estamos começando agora, na primeira semana de fevereiro, um sistema de recuperação de aprendizagem.

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  • A expansão do turno integral vai demandar contratação de professores?

Nesse primeiro momento, não. Temos cobertura total. Até porque, há um ano e meio, contratamos 4 mil novos professores para o programa de aceleração de aprendizagens, que permanecem na rede, agora sem essa demanda emergencial. É claro que em regiões específicas as demandas vão aparecer, mas serão gerenciados caso a caso. Não deve haver uma falta enorme de professor por causa da escola em tempo integral.

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