O segundo dia de julgamento de Alexandra Dougokenski, em Planalto, terminou com mais sete pessoas ouvidas nesta terça-feira, 17. No total, já foram dez depoimentos desde o início do júri. Foram inquiridos, nesta ordem, pelos promotores de Justiça do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) Michele Dumke Kufner, Diogo Gomes Taborda e Marcelo Tubino Vieira: o ex-namorado da ré, Delair Pereira de Souza; Anderson Dougokenski, irmão de Rafael e filho da ré; Rodrigo Winques, pai de Rafael; Ladejane Ravagio, ex-professora da vítima; Isailde Batista, avó materna de Rafael; Alberto Moacir Cagol, tio da vítima e irmão da ré; e Bárbara Zaffari Cavedon, perita criminal do Instituto-Geral de Perícias (IGP).
Nesta quarta-feira, 18, a partir das 8h30, a ré Alexandra Dougokenski deve ser interrogada. Em seguida, iniciarão os debates. O MPRS e a defesa terão uma hora e meia cada para se manifestarem. Réplica e tréplica, se tiverem, serão de uma hora cada. Por fim, o Conselho de Sentença irá se reunir para dar o veredicto.
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Conforme os promotores, nos dias que antecederam o homicídio, a ré passou a se sentir paulatinamente incomodada com as negativas do filho em acatar as ordens dela, como diminuir o uso do celular e das horas de jogos online. Ela acreditava que a desobediência colocaria à prova o domínio que precisava ter sobre os filhos. De acordo com a denúncia, temia, ainda, que esse comportamento do caçula pudesse incentivar o filho mais velho, de onde vinha a pensão que garantia o sustento, a desobedecê-la. Foi este contexto que levou Alexandra a articular a morte de Rafael.
Para levar o plano adiante, retirou da casa da mãe comprimidos do medicamento diazepam e os deixou guardados até o momento oportuno para utilizá-los. Decidiu matar o filho na noite anterior ao crime, após perceber nova desobediência de Rafael e repreendê-lo, aos gritos, para que parasse de jogar. Momentos antes, ela tinha realizado pesquisas na internet sobre uso de substâncias tóxicas para diminuir a resistência das vítimas, como “Boa Noite Cinderela” e colírios, e assistido a filmes em que o prazer sexual é alcançado por violência, asfixia e uso de máscaras.
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Entre as 23 horas do dia 14 de maio de 2020 e a 0h30 do dia 15 de maio de 2020, Alexandra fez com que Rafael tomasse dois comprimidos de Diazepam. A ingestão foi comprovada por laudos periciais. A denunciada esperou no próprio quarto até que o medicamento fizesse efeito. Horas depois, ainda na madrugada de 15 de maio, verificando que a resistência da criança estava reduzida em razão do medicamento, e munida de uma corda, estrangulou o filho até que sufocasse.
“Após constatar que Rafael estava morto, Alexandra engendrou uma forma de ocultar o cadáver e despistar as suspeitas que pudessem recair sobre si. Para tanto, vestiu o corpo do filho, pegou seus chinelos e os óculos e decidiu levá-lo até a casa vizinha, onde sabia que existia um local propício à ocultação”, explica a promotora Michele. “A mãe sabia que no local havia um tapume que encobriria o corpo. Ao deparar com uma caixa de papelão, depositou o corpo, configurando a ocultação de cadáver com três agravantes: para assegurar a impunidade do crime de homicídio, crime contra criança e contra descendentes”, diz.
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