Os expressivos resultados alcançados pela soja e pelo milho no Brasil em 2023 foram destacados em seminário e jantar da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), nos dias 22 e 23 deste mês, em São Paulo. Conforme registram o Anuário Brasileiro da Soja e o Anuário Brasileiro do Milho, da Editora Gazeta, lançados na ocasião, as duas culturas apresentam recordes de produção e exportação nesta safra. O mesmo se espera para a fibra de algodão na nova etapa produtiva, de acordo com previsões feitas por consultoria.
A soja brasileira atinge volume próximo a 155 milhões de toneladas no ciclo 2022/23, pelos números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgados no Anuário, e a venda externa no ano deve chegar a cerca de 100 milhões de toneladas, segundo a Anec. “Graças à safra fantástica e à extrema eficiência comercial do setor”, frisa o diretor-executivo da entidade, Sérgio Mendes. Ele ressalta ainda a liderança mundial que o Brasil passou a ocupar recentemente nos dois quesitos.
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A consultoria Agroconsult expôs previsões semelhantes na exportação (101 milhões de toneladas), além de fazer projeções na mesma faixa para o próximo ano, quando a safra, pela estimativa feita neste mês, ficaria um pouco acima (de 159,7 para 161,6 milhões de toneladas, segundo seus números). Para tanto, projeta área total 2,9% maior, recuperação do Rio Grande do Sul, após seca, mas perdas em especial no líder Mato Grosso e no terceiro, Goiás, com escassez de chuva e altas temperaturas no início da temporada.
Na cultura do milho, o ciclo de 2023 também foi muito positivo. A colheita do País (já há mais tempo concentrada na segunda safra após a soja) atingiu o pico de 130 milhões de toneladas, e a exportação, também a mais alta até agora, pode ficar acima de 55 milhões de toneladas. Isso representa a conquista do posto de maior exportador desse grão, sempre ocupado pelo maior produtor (os Estados Unidos). “É um grande feito do Brasil, que se firma como potência graneleira”, frisa Mendes.
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Já a rentabilidade do cereal caiu em 2023, o que, junto com o atraso no plantio da soja, deve motivar diminuição no cultivo para o próximo período (10,5% na etapa de verão e 3,4% na posterior, ou 5,1% no total, pelas previsões iniciais da Agroconsult). A safra pode recuar em cerca de 7% e, por consequência, também o comércio externo, enquanto se manteria o interno. Ambos apresentam boa demanda, conforme André Pessôa, da Agroconsult, com reforço doméstico do etanol. No plano externo, a entrada da China na compra do Brasil já se destaca e é promissora no futuro, segundo ele.
A China é também a grande compradora da soja brasileira, onde o consumo é crescente e deve absorver boa parte dos excedentes previstos no mundo nesta safra, a partir da recuperação da Argentina, como registrou o consultor. Já na logística, lembrou que é importante o País retomar investimentos em portos para incorporar o movimento futuro, enquanto os realizados em fase recente – também voltados ao Arco Norte – contribuíram para que neste ano, mesmo com recordes ocorridos, houvesse um bom fluxo nas operações portuárias, acrescenta Mendes.
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O dirigente da Anec citou o avanço da digitalização no comércio do agro. O tema constou da programação do seminário organizado pela Anec, com abordagens de representantes da consultoria Grão Direto enaltecendo a eficiência que isso gera no processo. Alexandre Borges e Gabriela Felizardo ressaltaram que o agro já passou por transformação imensa da porteira para dentro e agora deve fazê-lo externamente, em nova era digital, aliada ao tradicional.
A fibra têxtil vai ampliar a área
Ainda no Seminário Anec – 16ª Previsão de Safra, o líder da Agroconsult, André Pessoa, apresentou o representativo aumento de área projetado para o algodão no ciclo 2023/24, próximo a 15%. Isso equivaleria a 1,94 milhão de hectares, acréscimo na ordem de 250,8 mil hectares, em sua quase totalidade decorrente da diminuição no milho. Com isso, haveria possibilidade de se crescer em torno de 16,4% na produção da pluma, para 3,74 milhões de toneladas. Nos dois indicadores, seriam assim alcançados recordes em mais uma importante cadeia produtiva brasileira.
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Da mesma forma, a fibra sentiu alguma redução de preço, mas foi menor que a dos custos, gerando expectativa de rentabilidade e estímulo no plantio. Ao mesmo tempo, conforme lembrou o consultor, serão gerados novos desafios no mercado externo, onde a eficiência do segmento já garantiu a segunda colocação no comércio mundial, tendo ao seu lado a organização da Anec.
As atividades de final de ano da associação dos exportadores ainda incluíram premiações, destacando a diversidade no segmento (onde foi premiado projeto de equidade de gênero, da Cargill) e a sustentabilidade, com distinção feita a Cleber Andrioli, responsável pela área na entidade. Já o diretor-executivo Sérgio Mendes recebeu o Troféu Anec, como reconhecimento aos seus mais de 50 anos dedicados ao setor, que tem se salientado cada vez mais na economia do País.
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