Um mal que aparentava estar exterminado voltou a preocupar nos últimos tempos. O aumento de diagnósticos de tuberculose vem ameaçando pessoas cada vez mais jovens – inclusive crianças – e acende um alerta em todo o país. Em Santa Cruz do Sul, a situação não é diferente. Levantamentos da Secretaria Municipal da Saúde mostram que a contaminação pelo Mycobacterium tuberculosis – que acontece por meio da transmissão de bactérias pelo ar, na fala, tosse ou espirro – é uma ameaça persistente que exige um olhar atento para a prevenção.
Embora tenha havido avanços significativos no controle da tuberculose nas últimas décadas, a doença vem ressurgindo com força nos últimos anos. No município, foram contabilizados 63 casos no ano passado e os números aumentaram em 2023. De janeiro a setembro, 85 pessoas já foram diagnosticadas com a doença e quatro vieram a óbito.
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Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) chamam atenção ainda para o contágio crescente em crianças. Enquanto que, no ano passado, a tuberculose só havia atingido maiores de 15 anos, neste ano já são três crianças diagnosticadas em Santa Cruz do Sul – duas delas menores de cinco anos.
A médica Clauceane Venzke Zell, que atua na atenção básica do município há 17 anos, avalia que a situação representa uma mudança de perfil de pessoas afetadas pela tuberculose. “Temos visto um aumento do número de casos em relação ao que a gente tinha nos anos anteriores e o que chama a atenção é o diagnóstico em crianças, que era uma coisa que há muito tempo não se tinha, e hoje a gente tem crianças contaminadas, que estão fazendo tratamento”, explica.
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Conforme a médica, muitos dos pacientes com tuberculose apresentam outra doença associada que reduz a resposta do sistema imunológico – como é o caso do HIV, que pode acabar gerando concomitância das duas infecções. A incidência de doenças crônicas e o uso de medicações que baixam a imunidade também podem aumentar a chance de contaminação, mas isso não é regra. “A tuberculose pode inclusive afetar pessoas que estão bem de saúde. Por isso, precisamos estar atentos aos casos para fazer o diagnóstico”, afirma Clauceane.
Tosse persistente, suores noturnos, cansaço e desânimo intenso têm sido os principais sintomas apresentados pelos pacientes diagnosticados com tuberculose em Santa Cruz do Sul. “A gente vai pensar em tuberculose em toda pessoa que apresenta uma tosse que perdura por mais de três semanas. Além da tosse, o paciente vai ter emagrecimento e febre que vai e volta – fica alguns dias sem febre, depois volta a ter febre de novo”, detalha a médica Clauceane.
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Em Santa Cruz, atualmente há 61 pessoas tratando a doença. O diagnóstico é feito pela pesquisa do bacilo causador da tuberculose identificado nas secreções e um raio x de tórax. O tratamento é medicamentoso, fornecido gratuitamente pelo SUS, perdura por seis meses e os pacientes precisam fazer até o final, para curar por completo a infecção.
Segundo estudos da Fiocruz, a tuberculose na infância é reflexo do pouco sucesso das medidas preventivas nos adultos. Quanto mais adultos infectados, maior o número de crianças doentes. A higiene das mãos e a imunização pela vacina BCG, aplicada nos recém-nascidos, são as melhores formas de prevenção contra as manifestações graves da doença – como a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar. Nos últimos anos, no entanto, o Brasil registrou baixas nas coberturas da BCG. Movimentos crescentes de negligência e recusa à vacinação podem estar influenciando o cenário, apontam estudiosos.
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Em Santa Cruz, a cobertura vacinal da BCG é de 91,68%. De acordo com o vice-prefeito e secretário da Saúde, Elstor Desbessell, o índice é satisfatório no município, pois ultrapassa a meta nacional – que é vacinar 90% dos bebês menores de um ano -, mas uma cobertura maior poderia reduzir drasticamente a transmissão, contribuindo para a erradicação.
O secretário orienta que as famílias procurem pelas unidades básicas de saúde para colocar a imunização em dia. “A vacina BCG é uma ferramenta valiosa no combate à tuberculose e a gente orienta que seja aplicada na primeira semana de vida dos bebês, porque reduz significativamente o risco de desenvolvimento de formas graves da enfermidade, podendo salvar vidas”, pontua Elstor.
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