Sean Bean tem o péssimo hábito de morrer nos filmes e séries de televisão. Muito fã ainda não se recuperou da morte de Ned Stark, seu personagem em Game of Thrones. Mas, atenção para o spoiler: isso não acontece em As Crônicas de Frankenstein, que estreia no canal A&E nesta sexta-feira, 12, às 22h25.
O ator inglês interpreta o detetive John Marlott, que, na Londres de 1827, é chamado para investigar o assassinato de uma garota. Ao examinar o cadáver, Marlott percebe que, na verdade, ele é uma combinação de pedaços de corpos – como o “Frankenstein” criado por Mary Shelley em 1818. Marlott suspeita que alguém está fazendo uma paródia do personagem do livro, enquanto briga com a classe médica e os políticos que defendem o progresso da ciência a qualquer custo.
Com quase dois séculos de seu lançamento, o que faz de Frankenstein ainda tão popular? Para o criador da série, Benjamin Ross, trata-se de um mito moderno – ou, até, um pesadelo moderno. “O que era verdade então, ainda é verdade hoje”, disse em entrevista ao Estado em Pasadena, na Califórnia. “Não é que eu estava tentando falar da vida em 2015, mas por que faria outra coisa? Se você vai fazer uma série sobre 1827, está fazendo uma série sobre o agora, ou não existe razão.”
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Para isso, ele procurou combinar o terror com profundidade emocional. “Isso vem parcialmente da performance de Sean e parcialmente por causa do roteiro e do conceito, que tenta ver a história de Frankenstein de uma maneira realista”, disse Ross. “A série se interessa pelas condições sociais que deram espaço para o surgimento de algo assim, desse mito. E tenta investigar por que ainda tem apelo para as pessoas. E as razões são emocionais, porque a história lida com luto, perda, morte, possibilidades do além vida, coisas que são centrais na vida de todo mundo. Nossa tentativa é levar a história de Frankenstein de volta a essas questões emocionais.”
Por causa dessa aposta na emoção, Ross acredita que não precisava de truques. Então, o design de produção, os figurinos, a maneira de filmar, tudo é realista. Personagens verdadeiros, como a própria Mary Shelley (Anna Maxwell Martin) e Charles Dickens (Ryan Sampson), dão as caras.
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Sean Bean ficou empolgado de explorar o lado bom e o ruim do seu personagem. “Há espaço de respiro para retratar emoções reais. Muitas séries apenas correm para chegar à próxima cena de ação, ao próximo episódio, sem viver no momento da série em si. Ben dirigiu de maneira que dá para ver o que estamos pensando, nossas expressões. Acho isso muito interessante.”
Marlott, que viveu uma tragédia pessoal, não sabe se expressar. Ele está meio afastado do mundo, mas é um bom homem, no fundo. Antes de começar a rodar As Crônicas de Frankenstein, Bean releu o romance, que tinha lido durante as filmagens de O Senhor dos Anéis. E ficou fascinado ao pensar no mito do Prometeu moderno, mas também com os debates políticos sobre classes sociais e as possibilidades diferentes entre elas. O investimento valeu a pena: As Crônicas de Frankenstein já tem uma segunda temporada confirmada.
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