Que nação seríamos se os governantes pedissem desculpas pelos erros e abusos cometidos durante as gestões ao invés de repetir promessas ao povo, como quem conta às crianças a mesma historinha infantil de ninar?
Que nação seríamos se vigiassem e coibissem os próprios companheiros caídos em tentação e descaminho, antes de acusar os adversários de apropriações indébitas e corrupção? Que nação seríamos se deixassem de ofender o trabalho e a inteligência alheia, e baixassem o próprio dedo indicador, em humilde gesto de quem reconhece que sempre foi mais fácil ironizar, criticar e acusar o outro?
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Que nação seríamos se reconhecessem, educada e politicamente, as oportunidades (ou falta de) e as razões do outro, haja vista que a história e as circunstâncias socioeconômicas nunca se repetem do mesmo modo, o que determina que as soluções de cada tempo também sejam diferentes umas em relação às outras, sem necessário prejuízo de oportuno valor?
Que nação seríamos – em se tratando de ideias e correntes ideológicas – se os governantes superassem as graves diferenças e os equívocos conceituais (ainda arguidos retoricamente nas disputas eleitorais) comprovadamente falidos, como bem demonstram experiências históricas?
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Que nação seríamos se admitissem a hierarquia e a eficácia de princípios fiscais e econômicos sobre a vontade pessoal e a ideologia política, como o histórico de nações mais desenvolvidas já demonstrou e confirmou?
Que nação seríamos se parassem de afirmar “que o outro (no poder) não fez, sem vontade política de fazer!”, quando sabemos que as razões impeditivas deste ou daquele governo eram fiscais, financeiras e econômicas?
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Que nação seríamos se procedessem de modo coerente, e não ficassem devendo tantas explicações ao povo, e reclamassem menos da imprensa e esquecessem os planos de “controle da mídia”, como se fosse possível sufocar a verdade, ainda que, às vezes, tardia? Que nação seríamos se os governantes não sonegassem as informações e não faltassem com a verdade, eis que, por derradeiro, sabe-se que depois da primeira mentira sucedem-se as demais?
No dia a dia político-administrativo governamental, inevitável recordar o dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues (1912-1980), que afirmara premonitoriamente: “Se os fatos são contra mim, pior para os fatos.”
Bem como relembrar o multitalento Millôr Fernandes (1923-2012), quando este dizia: “o que pode uma pobre probidade diante de uma rica tentação?”.
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