Iniciaram-se nessa segunda-feira, 4, as audiências de instrução de um dos casos policiais que mais geraram repercussão nos últimos tempos em Santa Cruz do Sul. Presidida pela juíza Márcia Inês Doebber Wrasse, a sessão, que começou às 14h30 na 1ª Vara Criminal do fórum, tratou sobre o assassinato a tiros do instrutor de autoescola Rostem Luiz dos Santos Fagundes, de 52 anos. O crime aconteceu na noite de 29 agosto, na Rua Johanes Karl Klemm, próximo da Igreja Santo Antônio, no bairro de mesmo nome.
Foram ouvidas testemunhas de defesa e acusação, bem como o autor confesso do crime, Emerson Eduardo dos Santos da Silva, de 27 anos, que está detido no presídio. Pelo Ministério Público (MP) atuou o promotor Gustavo Burgos de Oliveira, que teve como assistentes de acusação, representando a família da vítima, os advogados Roberto Weiss Kist e Diogo Bohm. Emerson foi representado pelo advogado Vinícius Schneider Rolim.
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Em sua defesa, o autor do crime disse que se sente arrependido e agiu “na hora da raiva, no ódio”, mas não tinha intenção de matar. Afirmou que pretendia apenas dar um susto no instrutor após descobrir que sua companheira Graciele Linhares da Silva, 32 anos, tivera um relacionamento extraconjugal com Rostem. Na sessão, ele repetiu várias vezes uma frase para os presentes: “Se eu tiver que pagar, eu vou, mas quero pagar com a verdade”.
Emerson Eduardo dos Santos da Silva enfatizou que, durante o período em que foi aluno de Rostem na autoescola, o instrutor contava nas aulas sobre suas relações íntimas com outras mulheres. E revelou ter descoberto a traição a partir de seu irmão Gabriel dos Santos da Silva, de 20 anos, que decidiu contar sobre o envolvimento dela com o instrutor depois que a mulher fez uma postagem com cunho preconceituoso no status do WhatsApp.
Após se passar por Graciele utilizando o celular dela, conversar com Rostem e confirmar a traição, Emerson afirmou que decidiu ir ao encontro do instrutor. Em depoimento, contou que no dia do fato tomou um remédio antidepressivo, pegou um revólver calibre 38 municiado que era de seu falecido avô e estava escondido no forro da casa e foi até a rua onde ele sabia as aulas de baliza ocorriam.
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“Levei a arma porque tinha medo que colegas do Rostem investissem contra mim. Cheguei lá e perguntei por que ele tinha feito isso comigo. Ele veio pro meu lado e dei um tiro pra cima. Então ele disse ‘tu vai me pagar, corno’, então atirei contra as pernas. Minha intenção nunca foi matar, era pra ser um susto. Foi tudo na hora da raiva, depois de ele ter se passado por meu amigo nas aulas”, disse o réu, que trabalhava há sete anos em uma metalúrgica da cidade.
Emerson ainda comentou outro caso, ocorrido em 11 de janeiro de 2015, no município de Rio Pardo, quando ele tinha 17 anos. Na época, ele foi investigado por ser autor do assassinato de um adolescente de 15 anos em uma festa. No entanto, afirmou na sessão ter sido absolvido pela Justiça. Por fim, contou que colaborou com a polícia desde o início do caso recente, entregando-se e confessando aos brigadianos que foram até sua casa na data do crime.
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Porém, disse ter ficado surpreso ao ser liberado na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento. “Na delegacia eu nem fui ouvido. Depois chegou um policial e me disse: ‘Por incrível que pareça, a gente tá te liberando’. Aí perguntei por que, e ele disse que a prisão foi feita de forma errada. Aí questionei se teria de volta meu celular e carro apreendidos, já que tinha sido feita de forma errada, e eles disseram que eu não teria de volta.”
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