É isto que me mantém no ar durante todos estes anos.” A frase poderia ser de um piloto de avião, com o seu contracheque na mão. Mas não. A frase é de alguém que sempre manteve os pés no chão, e que nem é assim tão fã de avião, mas vive no ar há 25 anos, pelas ondas do rádio – no caso, a Rádio Gazeta AM, da Gazeta Grupo de Comunicações. O Schwarzer Peter Programm, comandado por Pedro Thessing, está completando meio cinquentenário de existência neste mês e as comemorações acontecerão neste domingo, em Sininbu, no pavilhão da comunidade evangélica, em prol do Hospital Beneficente, com uma série de atrações (confira no boxe).
O que mantém Thessing no ar durante todos estes anos é, entre outras coisas, o sorriso encantador do pequeno Pietro Rafael, neto de seu Ivo Waechter, do Bairro Esmeralda. Ambos, mais a mãe e a avó do Pietro, estiveram no estúdio da AM esta semana, para cumprimentar o radialista pelo aniversário do programa. Como todos os dias, acordaram cedo – o Schwarzer Peter vai ao ar de segunda a sexta, das 8 às 9 horas –, mas na terça-feira, não se contentaram em ficar apenas atentos ao radinho. “O Pietro não sossegou enquanto não veio até aqui para dar um abraço no Pedro”, disse a vó. Pietro estava radiante, abraçado ao Pedro. E o Pedro, claro, também.
Tal cena é comum na rotina do comunicador. E, ao longo de todos estes anos, o programa do Pedro, além da alegria que transmite por meio da música folclórica alemã, de bandinhas, presta um serviço essencial para a comunidade da região, independente de origens, credos ou cores. Teve até um caso de irmãos que não se conheciam e acabaram se encontrando por meio do programa. João André Hoffmann, natural de Herveiras, foi adotado por um casal que se mudou para Santa Catarina. Anos depois, ao retornar à região, fez um anúncio no programa e conheceu três irmãos que sequer imaginava ter. Virou manchete na Gazeta do Sul do dia 2 de abril de 2003.
Publicidade
Pedro Thessing tem uma pasta, uma “gorda” e pesada pasta, onde reúne recortes com todas essas peculiaridades. Está ali a “memória” do programa. Uma espécie de arquivo com tudo o que aconteceu nestes últimos 25 anos, junto com documentos históricos, diplomas, agradecimentos, reconhecimentos, crachás e outras homenagens. Atualmente ele se desdobra entre a rádio (também faz o Rádio Saúde, aos sábados, das 11 ao meio-dia), o jornal – é o gerente de circulação da Gazeta do Sul – e a vice-presidência do Sicredi. Tudo isso, ele faz com bom humor. Com muito bom humor! O que o coloca naquele patamar de colega – e amigo do peito! – que dá gosto a gente ter sempre por perto.
O Homem da Farmácia
por Pepe Soares
([email protected])
Publicidade
Quando conheci o Pedro, ele era o “Homem da Farmácia”. Depois, fiquei sabendo que ele “lidava” com a cultura germânica e ainda “falava” no rádio…
Passado algum tempo, compreendi que o Schwarzer Peter e o Pedro eram a mesma pessoa e entendi que a fórmula de sucesso estava justamente no modelo do programa, uma conversa sem rodeios e, o que é melhor, recheada de boas piadas, fatos pitorescos e o cotidiano de cada um. Tudo isso permeado pela música alemã.
Sustentar uma audiência cativa por um longo período assim só é possível reinventando-se diariamente e motivando-se pelo prazer de estar a contribuir ativamente para que a pessoa, do outro lado do radinho, sinta-se mais feliz e disposta para o que a vida tem a oferecer. O meu amigo Pedro compreendeu desde cedo que o papel de “locutor” é bem maior do que apenas “falar”. Consiste em tirar um coelho da cartola sempre que a luz acende com os dizeres “AO VIVO” na placa de acrílico dentro do estúdio. E tirar forças, muitas vezes inimagináveis, para manter o astral lá em cima e espalhar alegria aos mais distantes locais, simplesmente pelo prazer de servir.
Publicidade
As bodas de prata já estão garantidas, Schwarzer! Mas como sei que não te contentas com pouco, vamos em busca do OURO, celebrando com muita cuca, linguiça, a música de uma banda furiosa e o inseparável chimarrão.