O mês de julho ficou engrandecido em nosso meio com as comemorações do bicentenário de imigração alemã no Rio Grande do Sul, completados neste período, e focando já os 175 anos da colonização em nossa região, que transcorrem em dezembro. Justas e belas homenagens sucederam-se aos antepassados, pelos descendentes que sabem prezar esse legado, juntamente com demais etnias que formam nossa sociedade e reconhecem sua relevância.
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Um ponto em comum nos eventos foi a emoção da lembrança e, em sua ampla maioria, o sentimento foi aprofundado e amplificado pela arte da música e do canto, que os imigrantes alemães trouxeram em alta conta na bagagem e que, por determinação de parcela relevante de descendentes, continua preservada e valorizada. Já ao apresentar meu último livro (Peter & Lis, em homenagem aos pioneiros, dia 17, na Casa de Clientes Gazeta, onde continua disponível), músicas alemãs (sugeridas pela doutora no idioma Lissi Bender e também presentes na obra) sensibilizaram e interagiram em torno de outro tema caro à etnia, a leitura.
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No lançamento da pedra fundamental do Immigrantenpark (Parque do Imigrante) em Linha Santa Cruz (20/07, dias após bela festividade dos 171 anos da primeira escola, Pedro Rabuske), a música da Banda do 7º BIB, unidade local do Exército, esquentou a manhã fria e os corações de todos (ela volta em grande concerto dia 22/08, no Mauá, com o Coral da Afubra e outros). Nesse teatro, e no mesmo dia 20, à noite, mais um momento especial, o Encontro de Corais, animou, recordou e emocionou com 21 canções alemãs (e no final, a oração Vatter im Himmel – Pai Nosso).
Sete corais estiveram presentes: Fröhliche Sanger (Cantores Alegres, do Clube 25 de Julho), AABB e Comunidade Evangélica de Vera Cruz, todos regidos pelo entusiasta da área, Celso Sehnem; Coro Masculino Afubra, com o regente Gustavo Sehnem, filho que segue sua trajetória; Cruzeiro do Sul, de Boa Vista, e Santos Mártires, Linha Santa Cruz, sob a regência do prata de casa, Astor Hauser; e o tradicional Santa Cecília, da Catedral, regido pelo veterano Nelson Wagner. A alegria eclodiu em boa parte dos cantos (Gute Freude kann niemand trenner – Ninguém pode dispensar a boa alegria; Lustig ist das Zigeunersleben – Alegre é a vida cigana – focada no meu livro; Jetzt kommen die lustigem Tagen – Agora vêm os dias alegres). A fé mantém-se firme (Zum herzen Jesus – Para o coração de Jesus), e assim a reverência aos pais (Mutter, ich möcht dir danken – Mãe, eu gostaria de te agradecer), entre outros temas.
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O canto esteve novamente em alta no tradicional evento do Dia do Colono e Motorista, 25 de julho, em Boa Vista, justamente promovido pela Sociedade do Coral Cruzeiro do Sul, que caminha aos 100 anos, tendo à frente Romeu Bohnen e Paulo Kist. Suas canções (várias em alemão) foram ouvidas no Culto Ecumênico, junto às de pequenos cantores da Escola Guilherme Simonis (entoaram So schön war die Zeit – Tão belo era aquele tempo), dando esperanças de continuidade, e também hinos na hora cívica posterior, onde seu representante, Gilberto Müller, colocou os sentimentos dos descendentes, em bela alocução na língua materna, e lembrou que o canto permanece um dos seus fundamentos.
Vale referir ainda palavras no altar da celebração: Lieber Gott – Segne Unsere Arbeit – Querido Deus, abençoe nosso trabalho, e outras proferidas pelo padre José Renato Back e pastor Jandir Sossmeier. Este lembrou que os imigrantes trouxeram dois livros principais, o da Bíblia e o de canto, e princípios básicos – a fé cristã e o ensino, ao lado da cura, construindo logo igrejas, escolas, hospitais. E salientou bem a forte celebração de vida em sociedade e comunidade cristã, mantida no interior, o que fortalece a sua vida hoje e amanhã, pois “ter clareza do passado ilumina o futuro”.
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