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Saúde financeira: o que é e como medir?

Nas finanças pessoais ou familiares, geralmente as pessoas sabem que estão com dificuldades financeiras, mas não têm uma exata dimensão do problema e onde estão errando. Falta o diagnóstico do problema. Ter pleno conhecimento sobre a real situação financeira – pessoal ou familiar – é o principal ponto de partida para poder planejar uma saída de eventual endividamento ou inadimplência e, no passo seguinte, encaminhar um futuro mais confortável financeiramente.

Mas, como saber diagnosticar a saúde financeira pessoal ou familiar?

No último dia 19, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), junto com o Banco Central do Brasil, lançou uma ferramenta para medir a situação financeira dos brasileiros: o Índice de Saúde Financeira do Brasileiro (I-SFB). O objetivo é permitir ao próprio cidadão realizar um diagnóstico de sua situação financeira e acompanhar a sua evolução ao longo do tempo.

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O indicador foi desenvolvido pela Febraban, em cooperação técnica com o Banco Central e o apoio dos bancos associados à federação, reunindo cerca de 70 especialistas das áreas bancária, acadêmica, integrantes do Sistema Financeiro Nacional (setor de cartões de crédito, birôs de crédito, empresas de leasing), educadores e planejadores financeiros.

O I-SFB é medido a partir das respostas a um questionário de 18 perguntas – 15 obrigatórias e 3 opcionais – que pode ser acessado, de forma gratuita, no site da Febraban, além de outros. O índice é calculado em uma escala de 0 a 100 pontos e indica o nível de saúde financeira do usuário entre sete faixas: ótima, muito boa, boa, ok, baixa, muito baixa e ruim. Quanto maior o valor apurado, melhor é a situação financeira.

Para referência pessoal ou familiar, o índice médio do brasileiro é de 57 pontos, conforme apontou uma pesquisa realizada pela Febraban, de setembro a novembro de 2020, com 5.220 entrevistados por telefone. O índice de 57% mostra que o brasileiro está vivendo praticamente no limite financeiro.

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De forma geral, ter um bom I-SFB significa atender a vários itens, abrangidos pelo questionário, como:

  1. Ser capaz de cumprir com suas obrigações financeiras correntes;
  2. ser capaz de tomar boas decisões financeiras;
  3. ter disciplina e autocontrole para cumprir objetivos;
  4. sentir-se seguro quanto ao futuro financeiro;
  5. ter liberdade de fazer escolhas que permitam aproveitar a vida.

Além de calcular o índice geral da pessoa, o I-SFB ainda mostra a pontuação em cada uma das quatro dimensões que compõem o conceito da saúde financeira, concebido pelo estudo da Febraban/Banco Central:

  • I) habilidade: avalia a capacidade de buscar e entender informações importantes para a vida financeira;
  • II) comportamento: avalia as atitudes, principalmente em relação à disciplina e controle;
  • III) segurança: mede a percepção sobre a situação financeira e se ela é fonte de preocupação e estresse;
  • IV) liberdade: mede a percepção das opções proporcionadas pela situação financeira no presente e no futuro.

É importante observar a pontuação individual de cada uma dessas dimensões, pois eventuais descompassos entre elas podem comprometer a saúde financeira. Por exemplo: a pessoa pode ter informações (habilidade) para tomar decisões financeiras assertivas, mas não consegue controlar-se para evitar gastos desnecessários ou inoportunos, naquele momento. A pontuação de cada uma dessas dimensões vai mostrar em que a pessoa está falhando.

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Para quem não atingiu um bom resultado geral no I-SFB e, em particular, em cada uma das quatro dimensões citadas anteriormente, é aconselhável buscar a educação financeira, já oferecida por muitas instituições brasileiras, como a DSOP – Educação Financeira, para melhorar suas finanças.

A implantação de índices de saúde financeira é uma tendência mundial e já existe em outros países, como Estados Unidos, Escócia e Cingapura. A maior diferença do modelo brasileiro para os internacionais está na base socioeconômica da população, o que influi no sentimento de segurança financeira, na habilidade para se informar e na capacidade de se engajar em bons comportamentos. Uma pessoa organizada, por exemplo, que controla suas contas, tem conhecimento e disposição para a necessidade de poupar, pode não ter dinheiro sobrando para realizar esse aporte, simplesmente porque sua realidade financeira não o permite. O I-SFB leva isso em conta.

O I-SFB serve também como indicador, ajustado a nossa realidade socioeconômica, que pode proporcionar uma análise mais abrangente da saúde financeira de toda a população brasileira, ensejando o aperfeiçoamento de políticas públicas e ações privadas.

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