Saudades do trem

No próximo dia 19, decorrem 115 anos da inauguração do ramal ferroviário entre Santa Cruz do Sul e a Estação do Couto (Ramiz Galvão), em Rio Pardo. A Ferroviária e a velha Maria Fumaça ficaram na memória de muitos santa-cruzenses.

Em 1985, o jornalista Sérgio Dillenburg, que já trabalhou na Gazeta do Sul e hoje reside em Porto Alegre, escreveu uma crônica lembrando com saudade da antiga Estação Ferroviária e das viagens entre a cidade e a capital do Estado. Hoje, vamos sintetizar parte das suas memórias.

Quando morava em Santa Cruz, diz que era um enamorado do trem e, quando tinha tempo, corria até a estação para ver a chegada e a partida da máquina. Recorda que, muitas vezes, ficava horas acompanhando as manobras e o movimento no pátio do terminal, onde assistiu a cenas curiosas e inesquecíveis. Uma delas foi o embarque de recrutas que se preparavam para lutar na 2ª Guerra Mundial.

Naquele dia, uma multidão tomou conta da estação para as despedidas, com cenas de comoção e patriotismo. Outro grande momento ocorreu em 1944: a chegada do 7º Regimento de Infantaria, vindo de Santa Maria. Várias composições especiais trouxeram soldados e equipamentos, inclusive arsenal bélico.

Outro motivo de movimentação e curiosidade era a chegada dos circos. As feras vinham em jaulas, com tigres, leões, panteras, onças, ursos, elefantes, zebras, cavalos e outros. Os artistas falavam com o público, já fazendo propaganda do espetáculo.

Mais tarde, foi implantado o carro-motor, que tornou-se o predileto de quem precisava ir a Porto Alegre. As viagens, que antes chegavam a demorar sete horas, passaram a ser de quatro ou cinco.

Dillenburg também lembrou do chefe da estação, seu Moreira. Ele usava um quepe vermelho e era muito atencioso com os viajantes. A Viação Férrea foi instalada em 1905 e desativada em 1965.

Fonte: Gazeta do Sul de 6/6/1985
 

Foto: Divulgação