A divulgação de uma conversa entre o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, investigado pela Operação Lava Jato, culminou hoje em uma revelação: No diálogo, Sarney se oferece para ajudar Machado. O objetivo principal era evitar que o caso de Sérgio fosse transferido para a Vara do Juiz Federal Sérgio Moro, de Curitiba (PR).
Porém, para ajudar, Sarney deixa bem claro que não poderão usar recursos da advocacia. “Sem meter advogado no meio,” disse. As conversas foram gravadas pelo próprio Machado. Nesta terça-feira, 24, o ex-presidente da Transpetro fechou um acordo de delação premiada no Supremo Tribunal Federal. A gravação foi feita no mês de março.
Sarney manifestou preocupação com delações premiadas. “Nós temos é que fazer o nosso negócio e ver como é que está o teu advogado, até onde eles falando com ele em delação premiada,” disse. Três vezes, o ex-presidente se manifestou: “Sem meter advogado no meio”. Machado, concordou que “advogado não pode participar disso”, que “de jeito nenhum”, além de afirmar que “advogado é perigoso”.
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Sérgio Machado afirmou que não poderia passar por uma iniciativa jurídica. Teria que ser, principalmente, política. Porém, a sua estratégia não ficou clara. Ainda assim, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador Romero Jucá (PMDB-RR) estavam envolvidos.
No fim de uma das conversas, o diálogo passou para a tratar sobre marcar uma reunião entre eles e Renan. Machado, inclusive, avisou a Sarney que Romero estava aguardando. “Se o senhor achar conveniente,” finalizou. O ex-presidente afirmou que não achava conveniente. “Não? O senhor dá o tom,” afirma Machado.
A ideia de que não era bom todos se reunirem ao mesmo tempo prevalece. José Sarney comentou, ainda, que o ex-senador e ex-ministro Amaral Peixoto (1905-1989) costumava dizer: “duas pessoas já é reunião. Três é comício.” Jucá, em outro áudio gravado por Machado, afirmou que seria melhor se o ex-presidente da Transpetro conversasse com cada líder político ao invés de propor um encontro.
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Nota
José Sarney divulgou uma nota nesta quarta-feira, 25. No texto, o ex-presidente afirma que “não tem como responder às perguntas pontuais” por não ter tempo nem conhecimento do teor das gravações. Porém, deixou claro que conhece Sérgio Machado há muitos anos, além de declarar que foram colegas no Senado Federal. “Tivemos uma relação de amizade, que continuou depois que deixei o Parlamento.”
“As conversas que tive com ele nos últimos tempos foram sempre marcadas, de minha parte, pelo sentimento de solidariedade, característica da minha personalidade. Nesse sentido, expressei sempre minha solidariedade na esperança de superar as acusações que enfrentava. Lamento que conversas privadas tornem-se públicas, pois podem ferir outras pessoas que nunca desejaríamos alcançar,” disse.
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