A próxima parada da série Vida no Interior chega ao 8º Distrito de Santa Cruz do Sul, em São José da Reserva, a 19 quilômetros do Centro. A área está localizada na região sul do município, sendo conhecida por suas extensas lavouras, pela produção de grãos e pelos animais, como gado e cavalos crioulos.
O distrito soma 29 anos desde a sua criação. Ele foi desmembrado do município de Rio Pardo em 1995, na época em que diversas emancipações de distritos ocorreram na região, como Herveiras, Vila Melos, Monte Alegre (atual Vale Verde), Estrela Velha e Passa Sete. Na mesma ocasião, as localidades de São José da Reserva, Capela dos Cunha, Reserva dos Kroth, Capão da Cruz e Arroio do Couto, pertencentes à Cidade Histórica, foram anexadas a Santa Cruz do Sul. Cerro Alegre Alto, que pertencia a Passo do Sobrado, também foi anexado ao território santa-cruzense, que cresceu em 136,53 quilômetros quadrados.
Conforme dados do Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), São José da Reserva é um dos menores distritos em total de população residente, com 773 moradores. A região também abriga 421 residências. As cabanhas são tradicionais na localidade, e algumas delas têm animais premiados na Expointer.
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Antes de se tornar o 8º Distrito de Santa Cruz do Sul, São José da Reserva pertencia ao município de Rio Pardo. Em 1960 tiveram início as movimentações a favor do desmembramento da região para ser anexada à cidade vizinha, à qual pertence hoje.
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O então governador do Rio Grande do Sul, Pedro Simon, autorizou uma consulta plebiscitária com a população de São José da Reserva e de parte do Distrito de Rincão Del Rey, pertencente à Cidade Histórica, por meio da lei 10.431, de 12 de julho. Assim, Cerro Alegre Alto, que fazia parte de Passo Sobrado, e São José da Reserva, Capão da Cruz, Arroio do Couto, Capela dos Cunha e Reserva dos Kroth, integrantes de Rio Pardo, passaram a ser administrados pelo governo santa-cruzense.
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A divisão territorial do distrito de São José da Reserva começa na nascente do Arroio Levis Pedroso, atual divisa de Santa Cruz com Rio Pardo. Do lado sul a delimitação passa pela estrada de Cerro Alegre Baixo, segue esta em direção oeste, numa distância de 1,5 mil metros, até atingir a estrada velha de Santa Cruz e Rio Pardo, seguindo em direção à Sanga Tatsch até o Arroio Pinheiro. Desse ponto, continua entre a estrada de São José da Reserva e a Reserva dos Kroth. Na parte norte do território, a divisa passa pelo Rio Pardinho e foz do Arroio Grande, atual divisa de Santa Cruz com Vera Cruz.
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Na época, a consulta pública que ouviu a comunidade, os empresários e os proprietários de terras para a troca de município provocou questionamentos, muitos deles contrários à decisão. A medida foi necessária para a garantia de recursos à manutenção da localidade, o que Santa Cruz teria mais condições de realizar.
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O distrito conta com uma subprefeitura para atender as localidades que formam a região, como Alta Malhada, Baixa Malhada, Buraco do Caranguejo, Cerro Alegre Alto, Cerro Alegre Baixo, Corredor Frey, Reserva dos Kroth, Capão do Oeste, Capão da Cruz, Arroio do Couto e Capela dos Cunha.
Os serviços mais solicitados pelos moradores são melhorias nas estradas, colocação de bueiros e roçadas. Para isso, a subprefeitura dispõe de caminhões, motoniveladora, retroescavadeira e trator.
A estrutura ainda se completa com a Escola Municipal de Ensino Fundamental Emanuel. A localidade de Arroio do Couto possui a Escola Municipal Vidal de Negreiros. Junto à subprefeitura, em São José da Reserva, funciona um posto de saúde chamado de Unidade Satélite.
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O posto presta atendimento conforme a necessidade avaliada pela agente de saúde. Uma vez por semana, o local também recebe uma equipe com médico, agente de saúde e um técnico em enfermagem. E a cada 15 dias, a comunidade é atendida com o projeto Farmácia Móvel.
Uma importante obra de asfaltamento da estrada de Cerro Alegre, que promete melhorar as condições para o transporte da produção e de insumos agrícolas e a locomoção de moradores da localidade, vai sair do papel. A pavimentação ocorrerá em um trecho de 2,2 mil metros de extensão.
Conforme a prefeita de Santa Cruz, Helena Hermany, os serviços devem começar em duas semanas e a previsão para conclusão é de seis meses.
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No tempo do Governo Imperial e ainda território de Rio Pardo, São José da Reserva era usada como uma reserva e para a criação de cavalos e gado do governo. Isso teria originado o nome do distrito.
O presidente da comunidade, Janio Luiz Junkherr, de 67 anos, ressalta que atualmente os eventos que movimentam os moradores são os cultos mensais na Igreja Luterana Emanuel, fundada em 19 de novembro de 1978, a quermesse anual e jantares.
Conforme ele, a Emef Emanuel teria recebido esse nome por meio de uma sugestão da professora e diretora da época, Herminia Nelci Wagner. A capela mortuária da localidade acabou recebendo o mesmo nome por pertencer à comunidade.
Junkherr também é agricultor. Ele enfatiza que a principal demanda da região é a melhoria nas estradas de chão. “Somos produtores de grãos, fumo e atividades pecuárias. Também há pessoas que se deslocam para trabalhar diariamente na cidade. Por isso, necessitamos de estradas sempre bem conservadas e asfalto na via principal. Asfalto este que nos é prometido há muito tempo.”
Os ares tranquilos e o som dos pássaros encantam quem visita ou reside em São José da Reserva, como os aposentados Maria Clas Gehrke, 67 anos, e Romário Guedes, 62. Eles possuem um terreno onde moram, trabalham na horta, cuidam de animais e aproveitam para descansar e tomar um bom chimarrão.
Maria relembra que quando veio morar na localidade, em 1980, foi em outra área e não existia energia elétrica. Hoje, sua moradia está situada mais próximo da BR-471. “Sou natural de Rio Pardo, mas meu coração agora é de Santa Cruz.”
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Ela conta isso com muito orgulho, pois participou da consulta pública na época em que São José da Reserva foi integrada à terra da Oktoberfest. “Quando saiu o resultado, até participei da festa em comemoração à conquista.”
Morar na localidade representa, para Maria, tranquilidade e qualidade de vida. “Eu gosto de morar aqui. Conheço meus vizinhos e a gente se ajuda quando precisa.” Um dos pontos negativos apontados pelos moradores é a condição da estrada. “Em dias de sol quente tem poeira, e quando chove, muito barro.”
São José da Reserva, apesar de ser um local onde o foco é a agricultura, também tem espaço para pequenos empreendimentos, como mercados. Em frente à Escola Emanuel, a empresária Jane Wick, de 49 anos, é dona de um comércio há 26 anos.
Ela é natural de Rio Pardo, mas já morou no Bairro Esmeralda, em Santa Cruz. Ao ir fixar raízes no interior, ficou assustada. “Na cidade tem muito movimento e gente, e quando cheguei aqui não tinha. Via apenas carroças passando na rua. Fiquei com vontade de ir embora”, brinca.
O mercado já existia no local e continuou sob o comando de Jane, quando a área foi adquirida. “Eu me mudei para cá bem na semana que teve esse processo de troca de municípios”, diz. No espaço, ela vende produtos essenciais para o dia a dia. “Quando falta algo, o pessoal vem comprar aqui.”
O ponto também é lugar de encontro de amigos e para recebimento de correspondências. As cartas ficam organizadas em uma prateleira para que os destinatários façam a retirada.
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