Mais 15 pacientes com Covid-19 provenientes de Manaus chegaram ao Rio Grande do Sul na noite dessa terça-feira, 2, trazidos por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) adaptado com equipamentos para garantir a estabilidade e segurança deles. Desta vez, pousaram no município de Santa Maria, com destino ao Hospital Regional. Na segunda-feira, 1º, outros 17 manauaras desembarcaram em Porto Alegre para tratamento.
Os novos pacientes serão mantidos isolados até mesmo de outras pessoas que contraíram o coronavírus. Eles ocuparão leitos clínicos, porém, caso algum apresente piora no quadro e precise de internação em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), poderá ser encaminhado ao Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). São oito homens e sete mulheres.
LEIA TAMBÉM: Médico de Manaus reage a Bolsonaro: ‘pacientes receberam tratamento precoce’
Publicidade
“Estamos tendo a oportunidade de devolver todo o amor e carinho que o país teve com Santa Maria quando passamos pelo incêndio da Kiss, há oito anos. Agora, de forma extremamente organizada, estamos garantindo atendimento aos pacientes de Manaus, sem descuidar daqueles que seguem em tratamento em Santa Maria e na região. Agradecemos aos trabalhadores da saúde pela ajuda imediata”, disse o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom.
“Este é um trabalho conjunto entre secretarias de Saúde dos Estados e municípios, do Ministério da Saúde e de empresas privadas. Somos todos parceiros pelo bem dessas pessoas transferidas. Esse é um momento de não medir esforços para dar o melhor acolhimento possível aos amazonenses”, explicou o secretário da Saúde de Santa Maria, Guilherme Ribas.
LEIA TAMBÉM
JBS envia duzentos cilindros de oxigênio para Manaus
‘Explosão de casos em Manaus é de nova cepa’, aponta epidemiologista
Publicidade
De acordo com o diretor técnico do Hospital Regional de Santa Maria, Mery Martins Neto, esta operação é mais complexa do que as que acorreram em Porto Alegre. O hospital abriu seis portas de entrada para as ambulâncias, no intuito de acomodar os pacientes o mais rápido possível. Martins disse que a equipe hospitalar está colocando todo o conhecimento e solidariedade neste trabalho. “Todos os colaboradores do Hospital Regional estão envolvidos e comprometidos com essa operação”, salientou.
Participaram da transferência dos amazonenses do aeroporto até o hospital equipes da prefeitura de Santa Maria, do governo do Estado e do próprio Hospital Regional, além do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Exército, Guarda Municipal, Brigada Militar, Polícia Rodoviária Federal e empresas privadas.
LEIA TAMBÉM: Em Manaus, juíza vê ‘fortíssimos indícios de desvio’ de vacinas
Publicidade
Histórico
O Rio Grande do Sul recebeu 18 pacientes vindos de Rondônia (Porto Velho), que chegaram no fim de janeiro, e 17 do Amazonas (Manaus), que desembarcaram na segunda-feira, 1º. Eles foram alocados nos hospitais de Clínicas, Nossa Senhora da Conceição e Vila Nova, em Porto Alegre, e no Hospital Universitário, em Canoas. Cinco rondonienses já receberam alta hospitalar e voltaram para casa.
A situação nas duas cidades é de colapso na rede de saúde pública, o que fez o Ministério da Saúde buscar ajuda humanitária nos Estados com índices de internação mais baixos. O governador Eduardo Leite se colocou à disposição para receber os pacientes do Norte desde a primeira quinzena de janeiro. O Rio Grande do Sul conta com mais de 5 mil leitos clínicos para pacientes com menor gravidade, e a taxa de ocupação nesse segmento, nessa terça-feira, 2, está em 21,3%.
Publicidade
LEIA TAMBÉM: Governo e MP lançam formulário para denunciar fura-filas na vacinação
A variante do vírus causador da Covid-19 que circula pelos Estados do Norte já foi notificada no Rio Grande do Sul, ressalta o diretor do Departamento de Regulação Estadual da Secretaria da Saúde (SES), Eduardo Elsade. “Não há como conter a entrada desta cepa do vírus, mas o menor risco que corremos é pela chegada destes pacientes. Eles vêm absolutamente isolados, com toda a equipe de bordo paramentada e seguindo normas rígidas”, salientou.
O coordenador médico do Samu Estadual, Jimmy Herrera, afirma que este é um dos piores momentos da história recente em termos de saúde pública e se diz satisfeito em poder utilizar a experiência que adquiriu para ajudar. “A solidariedade, o coleguismo, a entrega, a cooperação, a dedicação, a força física e mental, o suor de fato – pois as roupas de proteção são muito quentes –, tudo faz sentido quando se entra numa aeronave cheia de pessoas que precisam de ajuda, apavoradas, entristecidas, cansadas, doentes, com falta de ar, e elas tiram lá do fundo energia para esboçar um discreto sorriso e falam muito obrigada”, contou.
Publicidade
A chegada dos pacientes de fora do Estado não impacta no cálculo das bandeiras do modelo de Distanciamento Controlado nas regiões de Porto Alegre, Canoas e Santa Maria.
LEIA TAMBÉM
Estudo constata infecção simultânea por variantes do coronavírus
Anvisa diz que não existe tratamento precoce contra a Covid-19