O drama de Simone Costa Brasil, uma santa-cruzense de 44 anos que vive como indigente nos Estados Unidos, veio à tona desde que familiares iniciaram uma campanha para tentar resgatá-la das ruas e garantir sua sobrevivência. A intenção é trazê-la de volta ao país natal e submetê-la a tratamento contra um severo transtorno alimentar que levou à sua decadência nos últimos anos.
A mobilização é encabeçada pelo pai de Simone, Antônio Carlos de Godoy Brasil, que também mora nos Estados Unidos, e pela única filha dela, Victória Falavigna, que tem 22 anos e vive em São Paulo. Há apenas um mês, a família, que não tinha notícias de Simone há cerca de três anos, descobriu que ela está vivendo sem teto no distrito de Manhattan, em Nova York, e sem as mínimas condições de higiene e saúde. Conforme Antônio, que conversou com a Gazeta do Sul na tarde dessa quarta-feira, 7, a filha, que chegou a ser modelo profissional, sofre de anorexia e estaria pesando em torno de 35 quilos, quase a metade do seu peso normal. “A situação dela hoje é terrível”, angustia-se o pai.
Apesar da gravidade de sua condição, a santa-cruzense rejeita qualquer tipo de ajuda. “Já tentamos que ela vá para um abrigo, comprar roupa, mas ela não aceita absolutamente nada. O sofrimento para ela passou a ser uma coisa normal”, lamenta o pai. Uma das principais preocupações é que ela estaria necessitando com urgência de cuidados em razão de um pé infeccionado, sob risco de ter que amputá-lo ou enfrentar uma infecção generalizada.
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A triste trajetória de Simone, que morou em Santa Cruz apenas nos primeiros quatro anos de vida, inclui, além do afastamento da família, um relacionamento abusivo, um grave acidente de trânsito e três internações contra a sua vontade. Antônio garante, porém, que ela jamais foi dependente química. Segundo ele, a filha sempre teve hábitos naturalistas e evitava até medicamentos. “Pelo menos essa convicção eu tenho: ela nunca usou drogas na vida. Nem remédio para dor de cabeça ela tomava”, conta.
COMO AJUDAR
Pelo site Vakinha: basta acessar a campanha no site Vakinha, clicar em “Contribuir” e seguir as orientações.
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Por Pix: basta acessar a conta e inserir a chave 132.713.500- 00 (CPF)
Uma trajetória de infortúnios
Simone nasceu no Hospital Ana Nery em setembro de 1976. À época, Antônio, que é natural de Cruz Alta, era oficial militar e atuava no antigo 8º Batalhão de Infantaria Motorizado (BIMtz). Mais nova dos quatro filhos, foi a única nascida em Santa Cruz, onde a família estava radicada desde 1972 e permaneceu até 1980. Depois disso, ela não teve mais contato com a cidade natal.
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Antônio separou-se da mãe de Simone, Ilda Maria, quando ela tinha 12 anos. Em 1995, ele mudou-se para os Estados Unidos, onde radicou-se na Flórida e passou a trabalhar como motorista de caminhão. Ilda mora até hoje em Porto Alegre.
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Foi aos 16 anos que Simone começou a fazer alguns trabalhos como modelo. Com isso, ela passou a viajar com frequência para o Rio de Janeiro e São Paulo. Aos 21, casou e engravidou de Victória, mas divorciou-se logo após o nascimento da filha.
A criação de Victória coube praticamente só ao pai, já que Simone passou a se dedicar integralmente à carreira de modelo e chegava a passar meses sem aparecer. Em 2002, transferiu-se para os Estados Unidos e, após um breve período na casa do pai, seguiu para a Califórnia e começou a ter contato cada vez menor com a família.
Em 2006, ela casou com um norte-americano e, graças a isso, obteve o green card – visto permanente de imigração. Porém, passou a sofrer agressões físicas e psicológicas por parte do marido, o que levou à separação passados dois anos.
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Já em 2010, ficou dois meses hospitalizada e passou por sete cirurgias em razão de um acidente quando viajava na garupa de uma motocicleta. Após receber uma indenização, voltou ao Brasil e se instalou em Santa Catarina. A essa altura, sua saúde já estava abalada pela anorexia, o que levou os parentes a interná-la contra a sua vontade. Simone foi levada de Florianópolis a Porto Alegre em uma ambulância, sedada e amarrada.
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Depois disso, ocorreriam mais duas internações, que não resolveram o problema. “Ela nunca aceitou estar doente. Sempre se negou a ser tratada e fugia de nós”, conta o pai. Após deixar o hospital pela última vez, em 2018, a família não teve mais notícias dela.
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A descoberta
Há cerca de um mês, Ilda recebeu uma ligação do Consulado-Geral do Brasil em Nova York, quando descobriu-se que sua filha estava na cidade. O contato ocorreu após Simone procurar o Hospital Mount Sinai, sem documentos, onde se apresentou como Juliana Torres.
Já nesse contato, Ilda soube que, segundo informado pelo assistente social que acionou o consulado, a filha se encontrava em uma situação deplorável. Conforme relatos obtidos mais tarde, ela anda pelas ruas com um carrinho de supermercado, está imunda e resiste a receber ajudas.
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