O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), órgão vinculado à Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul, divulgou nessa quinta-feira, 7, um alerta epidemiológico dando conta de surtos da Doença Diarreica Aguda (DDA) em 25 municípios do Rio Grande do Sul. Entre estas cidades, estão Santa Cruz do Sul e Mato Leitão.
A DDA tem como principal sintoma a diarreia, que pode ser acompanhada de náusea, vômito, febre e dor de barriga. O problema pode ser causado por diversos micro-organismos, explicou o Cevs, mas os surtos estão frequentemente associados ao Norovírus. A doença é, em geral, contraída pelo consumo de água ou alimentos contaminados, mas a transmissão pode ocorrer também pelo contato com superfícies contaminadas ou com pessoas doentes, a partir de secreções corporais.
O alerta do centro de vigilância em saúde informa que os 25 municípios têm registrado surtos de DDA desde o fim de agosto de 2021, com medidas de controle e investigação já sendo implementadas. Em nove cidades o Norovírus já foi confirmado como causa das infecções, diz o boletim, embora sem especificar quais são estas cidades.
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A 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), com sede em Santa Cruz do Sul, registrou casos da doença em três cidades de sua abrangência – Venâncio Aires também tem registros, embora não conste no boletim do Cevs. Em Mato Leitão e Venâncio, as situações foram localizadas em escolas de educação infantil e já estão sob controle, com o ciclo de infecção interrompido por medidas sanitárias.
Foram 55 casos notificados à CRS na Capital do Chimarrão, todos vinculados a uma creche. Destes, dez são crianças e os demais são professores e servidores. Foram coletadas três amostras de fezes entre os alunos com sintomas e as três tiveram resultado positivo para o Norovírus.
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Em Mato Leitão foram 59 casos notificados em uma escola, sendo 31 crianças. Foram afetados principalmente alunos menores, com até seis anos de idade. Neste caso, não houve coleta de amostras para análise.
O caso de Santa Cruz preocupa mais: o número de registros já passa de duas centenas e os infectados estão distribuídos por diversos bairros da cidade. As primeiras notificações computadas pela regional são da segunda quinzena de setembro.
A vigilância epidemiológica toma por referência as chamadas “unidades-sentinela”, que em Santa Cruz são o Centro Materno Infantil (Cemai), a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e o Hospitalzinho. Na UPA e no Hospitalzinho, desde o dia 21 de setembro, houve 123 registros de DDA, entre adultos e crianças. No Cemai, foram 68 crianças que buscaram atendimento com esta doença, desde a segunda quinzena de setembro. O número de casos é certamente maior, porque há pacientes infectados atendidos em outras unidades de saúde.
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A enfermeira Beanir Lara, que atua no setor de vigilância epidemiológica da CRS, afirma que, como em Venâncio Aires foi possível identificar o Norovírus como causador das infecções, a coordenadoria acredita que o mesmo agente seja a causa dos surtos da doença nas três cidades. A investigação, no momento, está focada na análise de amostras de água, coletadas em diversos locais. Os exames, no entanto, são feitos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e os resultados demoram a sair.
A reportagem do Portal Gaz fez contato com a Prefeitura de Santa Cruz do Sul, em busca de mais informações sobre o surto no município. A assessoria de imprensa informou que o surto em 25 cidades gaúchas fez com que a Secretaria Municipal de Saúde (Sesa) alertasse as unidades de saúde da sede, do interior, escolas e creches do município. De acordo com a coordenadora do setor de Vigilância e Ações em Saúde, Francine Braga, a orientação é para que as famílias fiquem atentas quanto aos sintomas mais comuns, como diarreia, náusea, vômito e dor abdominal. “A diarreia é uma doença altamente viral, por isso que é tão contagiosa. A diarreia pode ser causada por inúmeros fatores, sendo os mais frequentes infecções por vírus e bactérias, por isso, com o retorno das aulas, é importante aumentar os cuidados quanto à higienização”, orientou.
Ainda segundo ela, o maior número de casos foi registrado nos bairros Esmeralda, Arroio Grande, Aliança, Castelo Branco, Faxinal, Rauber e Dona Carlota. Com o objetivo de elaborar um diagnóstico mais preciso, e de mapear as possíveis causas, estão sendo coletadas amostras de fezes e de água. “A doença pode surgir a partir de alimentos e água contaminados, mas pode também ser transmitida pelo contato em superfícies ou com pessoas doentes, por isso precisamos ficar atentos”, alertou. Segundo Francine, na segunda quinzena de setembro foram notificados 170 casos, com a maior incidência em crianças de 1 a 4 anos, e acima de 10 anos, que constituem 70% dos casos. Até esta sexta-feira, 8, segundo informações da Sesa, 372 casos foram notificados.
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Tratamento e prevenção
Em caso de sintomas da Doença Diarreica Aguda, a recomendação é de repouso e aumento da ingestão de líquidos. Em casos de agravamento, é preciso procurar atendimento em uma unidade de saúde.
Para evitar a DDA, é importante consumir água somente de fontes seguras, que passem por processo de desinfecção. Em situações de emergência, a recomendação é ferver a água para beber e preparar alimentos por pelo menos 5 minutos antes do uso. A contaminação pode ocorrer mesmo por meio de gelo feito a partir de água não potável.
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A higienização das mãos, de forma adequada, com sabão, também é uma medida preventiva importante. O Cevs ainda recomenda que pessoas com os sintomas sejam afastadas das atividades de manipulação de alimentos e que caixas d’água sejam limpas uma vez por ano.
O boletim do Cevs traz recomendações específicas sobre medidas de prevenção a serem tomadas por profissionais da Saúde e responsáveis por escolas e creches. Leia o alerta completo aqui.
CRS quer reforçar ações preventivas
A enfermeira Beanir Lara, do setor de vigilância epidemiológica da 13ª CRS, afirma que as equipes de fiscalização da coordenadoria devem ser convocadas para uma capacitação, ou ao menos uma reunião, em breve, para tratar do surto de Doença Diarreica Aguda. Há uma percepção de que o foco, nos últimos meses, no combate à Covid-19, reduziu a vigilância sobre outras doenças, como a DDA, e há necessidade de intensificar o trabalho para prevenir estas patologias, que tendem a ocorrer mais com a chegada do verão e, consequentemente, do calor.
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