As fortes chuvas e os consequentes deslizamentos de terra em Petrópolis, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, alertam para outras áreas em que poderia acontecer algo parecido com a tragédia que já deixou mais de 180 mortos. A pergunta é: alguma coisa semelhante poderia ocorrer em Santa Cruz do Sul?
A resposta é que até pode, mas o risco é muito baixo. Além disso, não se pode comparar as duas cidades, pois Santa Cruz e Petrópolis têm diferentes características, tanto naturais quanto populacionais. O coordenador da Defesa Civil de Santa Cruz do Sul, Anderson Teixeira, diz que geograficamente os dois municípios são bem distintos.
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“Petrópolis tem uma formação geológica diferente. O solo e a vegetação se relacionam de uma forma distinta ao que acontece aqui”, explica. Segundo Teixeira, a inclinação de lá também difere muito na comparação com Santa Cruz. Em Petrópolis, somam-se a isso um solo bem novo e um volume de chuva muito elevado. “Ou seja, são vários fatores que vão se somar para gerar aquela situação”, esclarece.
O coordenador da Defesa Civil destaca que em Santa Cruz podem sim ocorrer deslizamentos de terra, porém muito pontuais e não na dimensão do que houve no município do Rio. “No ano passado tivemos alguns pequenos desmoronamentos no Belvedere, por exemplo. Foram rochas que caíram e ficaram na via. Também tivemos um pequeno deslizamento na Travessa Krug, mas são fatos pontuais.”
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O último estudo de moradores em áreas de risco precisa ser atualizado, o que demanda investimento. Porém, a Defesa Civil estima que aproximadamente 360 famílias se enquadrem nessa situação, sendo 160 na Várzea e 200 no Belvedere.
A chuva histórica registrada no dia 28 de janeiro de 2021 causou uma percepção diferente na população, que ficou mais sensível às questões relacionadas a desastres. Ao mesmo tempo, o fato culminou em uma série de ações por parte do poder público para melhorar a estrutura da cidade.
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Desde o início do ano passado, conforme Anderson Teixeira, a Defesa Civil trabalha em um plano de contingência. A chuva do dia 28 foi o primeiro e maior teste para colocar em prática o plano. Em breve, a equipe deverá participar de um simulado de desastre a fim de testar o sistema. “Se acontecer algo similar, nossa equipe faz uma avaliação. Dizemos como vai ser o encaminhamento da situação e já pensamos em como será o restabelecimento, como vai ter ligação de água, para onde vão as pessoas que foram afetadas, para onde vão os feridos.”
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Locais de deslizamento de pedras, como o Belvedere, são monitorados pela Defesa Civil, assim como o nível do Rio Pardinho. “Temos pontos definidos e, conforme começa a chover, já saímos para monitorar. Por exemplo, a rótula do 2001 era um ponto e agora parou de encher em razão das obras que foram feitas.”
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A Defesa Civil atua em todos os processos do desastre, identificando áreas de risco, monitorando, colhendo estudos e avaliando impactos, além da fase de prevenção, que é ir nas comunidades e escolas. Guilherme Silva, agente da Defesa Civil, observa que em Santa Cruz a maioria das ocorrências está relacionada a destelhamentos. “Quando vem vento acontece muito, principalmente nas áreas mais vulneráveis da cidade. Entregamos lonas e telhas. É o primeiro tipo de ocorrência que chega. O alagamento ocorre, mas menos que o destelhamento.”
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O agente da Defesa Civil de Santa Cruz, Rodrigo Koefender, comenta que a equipe atua para que casos de desastres não ocorram. “Trabalhamos 99% na prevenção.” O profissional frisa que a inclinação dos morros de Petrópolis contribui para catástrofes.
Anderson Teixeira completa que isso não significa que Santa Cruz não possa ter escorregamentos, rolamentos de pedra e rastejos. Por isso, a Defesa Civil atua para prevenir. “No ano passado houve uma ação em boa parte das áreas que tinham algum tipo de risco identificado e foi feita a remoção de moradores. Na Travessa Krug, boa parte das pessoas que estavam lá já foi removida. Agora estamos em processo para fazer uma segunda etapa de remoções.”
Segundo o coordenador, hoje o grau de risco em Santa Cruz é baixo. “Classificamos o risco em baixo, moderado, alto e extremamente alto. Aqui no município tivemos áreas consideradas com grau alto, como a Travesa Krug. Foi feita uma ação que identificou o risco e removemos antes a população”, lembra Teixeira.
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Em Santa Cruz do Sul, a área do Cinturão Verde representa também uma proteção. Porém, é preciso preservá-lo. “É uma área que nos dá segurança porque não é ocupada. Se há ocupação, a densidade é muito baixa e há sempre acompanhamento de engenheiro. O Cinturão Verde, para nós, é uma garantia de qualidade e segurança de encosta muito grande. Mas claro que se desmatar e ocupar de uma forma desordenada, aí você vai ter um fenômeno parecido com o de Petrópolis”, avalia o coordenador da Defesa Civil, Anderson Teixeira.
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Até essa terça-feira, 22, a confirmação era de 182 mortos e 89 desaparecidos na tragédia de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Desde o último dia 15, a cidade tem enfrentado mais chuva, o que prejudica o trabalho das equipes que atuam nos locais de deslizamentos e desabamentos.
O trabalho de reconhecimento dos mortos continua sendo feito pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Dos 182 óbitos registrados até agora – 111 mulheres, 71 homens e 32 crianças. Desse total, 168 foram identificados, 152 encaminhados para funerárias e os demais aguardam as famílias para a liberação. Além dos 182 corpos, sete despojos, que são fragmentos de corpos, chegaram ao Instituto Médico Legal (IML).
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