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Santa Cruz registra queda nos pedidos de seguro-desemprego

Noeli Hachtenberg tem 55 anos. Moradora do Bairro Bom Jesus, a auxiliar de limpeza está desempregada há um ano e um mês. Porém, ela pode ser considerada um ponto fora da curva, se forem levados em consideração os indicadores mais recentes. O Brasil tem diminuído o número de pessoas sem emprego.

O País, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), encerrou 2021 com 11,1% de desempregados (12 milhões de pessoas). É o menor índice desde 2019, quando começou a pandemia. O professor de Economia da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Silvio Arend, defende, no entanto, que a economia só alcançará um patamar de mercado consumidor interno, que garante o pleno funcionamento das empresas, com emprego estável e bem remunerado.

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A afirmativa de Arend é refletida pelo IBGE. O País tem mais gente trabalhando, mas o rendimento nunca esteve tão baixo. A média nacional é R$ 2.447,00 mensais, o que equivale hoje a dois salários mínimos. A forma de ocupação também é curiosa. A segunda fonte de empregabilidade, atrás apenas do contrato com carteira assinada, é o trabalho por conta. Quase 26 milhões de brasileiros atuam desta maneira.

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A região vive outra característica, que não é vista como capacidade de promoção do desenvolvimento econômico por Arend: a sazonalidade. “Os contratos das fumageiras, tanto em Santa Cruz como em Venâncio Aires, apontam os municípios com os melhores desempenhos em contratações, em compensação, no segundo semestre, situam-se no polo oposto, entre os de maior dispensa.” O professor ressalta que seria necessária uma massa salarial constante para fomentar o consumo. “Isso remete à necessidade de emprego ao longo de todo o ano”, acrescenta.

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Números

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E se mais pessoas estão trabalhando, em menor número são os pedidos de seguro-desemprego. Em Santa Cruz do Sul, 2021 teve o menor registro da década. Foram 4.781 solicitações, ante 5.738 de 2020 e 5.530 de 2019. A tendência, em 2022, tem se mantido. Janeiro foi o melhor dos últimos três anos, período em que o mundo vive em pandemia de coronavírus. Os registros apontam 369 pedidos. Em 2021, 392; e 2020, 494.

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Essa diminuição pode ser positiva, mas, alerta o professor Arend, que também há possibilidade de ser um reflexo de um quadro com menos admissões. “Como pode ter havido menos contratações, também há menos desligamentos, mas isso é uma inferência”, explica.

Esperança

A experiência de décadas como auxiliar de limpeza, além de alguns anos como auxiliar de serviços gerais em fumageira, ainda não foram suficientes para Noeli encontrar um trabalho. Ela vive com o marido, que é aposentado e precisa encontrar alternativas para complementar a renda. O filho caçula, de 18 anos, que ajudava em casa, ingressou no serviço militar obrigatório.

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Noeli vê chegar as contas que são inevitáveis, como água e luz, precisa fazer as compras e vê a situação ficar apertada. “Não chega. Às vezes fico triste, porque o dinheiro é curto. E teve tempo em que estava trabalhando e chegava a sobrar dinheiro”, lembra. Ela percebe a idade como complicador, porque já viu pessoas mais jovens ocuparem vagas que poderia assumir, levando em consideração o tempo de atuação. Só nos Correios, em empresa terceirizada, foram dez anos. Agora, depois de mais de um ano desempregada, recorda que só ficou tanto tempo parada quando os filhos eram pequenos e não tinha alguém para cuidá-los.

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A situação não é complicada apenas para as mulheres. Gilmar Gomes, de 57 anos, é pintor. Atualmente, faz serviços esporádicos, porque há pelo menos três anos não consegue vaga formal em sua profissão. Sabe que a informalidade representa honorários maiores, mas também tem ciência de que, quando está parado, não tem rendimento. Aposta nos dez anos que tem como experiência e na habilidade de atuar com pintura predial para reverter a situação.

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Professor de Economia, Silvio Arend entende que casos como os deles só serão atendidos quando houver a recuperação da economia, com remuneração adequada dos trabalhadores.

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