Santa Cruz já tem partos pelo SUS com a presença de doulas

Um suporte para tornar o parto uma experiência mais positiva para a mulher, a presença de doulas em partos via SUS começou em Santa Cruz do Sul no mês passado. A lei que permite o acompanhamento das profissionais em nascimentos na rede pública do município já está sendo colocada em prática. Os primeiros partos foram realizados no Hospital Santa Cruz (HSC).

De acordo com a enfermeira obstetra, doula e consultora em amamentação, Andrea Fabiane Bublitz, a função consiste em atuar na assistência dos casais em todo o ciclo gravídico puerperal. A santa-cruzense realiza acompanhamentos individuais prestando orientações e preparando as famílias para a gestação, parto, pós-parto e cuidados com o bebê. Ela destaca que busca a colaboração e uma boa relação entre a família e a equipe, pois não faz nenhum procedimento médico, nem toma decisões pela família. Atua como apoio físico e emocional.

Apenas nos últimos três anos, já acompanhou mais de 50 famílias neste processo. Um deles foi o primeiro parto via SUS com a presença de doula, após a regulamentação da lei em Santa Cruz, ocorrido em 5 de fevereiro. “Vivenciar a primeira experiência de colocar a lei de doulas em prática na nossa cidade é algo que me orgulha muito, pois minha caminhada junto à obstetrícia já vem há mais de 20 anos. Este foi um sonho realizado, tanto como profissional quanto pelas famílias que têm a oportunidade de serem acolhidas”, relata.

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Para contar com a doula, a família apresenta aos profissionais e à instituição um plano de parto, onde expressa seus desejos. Segundo Andrea, o documento é uma forma de diálogo e não uma imposição, com respeito aos profissionais e sua autonomia na tomada de condutas em prol da segurança da mãe e do bebê.

Para a extensionista de cílios Franciele Eloisa Borges e o técnico em eletrônica Rafael Henrique Müller, o apoio da doula Andrea Bublitz foi fundamental para que a família se entregasse a cada vivência no nascimento da filha do casal, Melissa Borges Müller. A mãe conta que já pesquisava sobre o trabalho das doulas há seis anos e se interessava pelos benefícios do parto humanizado. Quando descobriu a gravidez, em junho de 2021, ficou sabendo que poderia ter o acompanhamento no parto pelo SUS.

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Filha do casal, Melissa Borges Müller
Apoio da doula foi fundamental para que a família se entregasse a cada vivência do parto

“Durante a gestação fizemos consultas na minha casa para a preparação do plano de parto, tirar dúvidas e também para o marido conhecer esse mundo novo e aprender junto comigo. Ter essas informações já é um ponto para chegar no dia do parto tranquila e sabendo de cada processo que acontece durante ele”, afirma.

Desta forma, o casal já sabia como se preparar para as contrações no dia do nascimento, além de posições e massagens para aliviar as dores. Apesar de não conseguir ter o parto normal que desejava, Franciele relata que mesmo durante a cesárea foi tranquilizada pela presença da doula e se sentiu fortalecida.

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O que prevê a lei

A lei 8.643, de autoria da vereadora Bruna Molz, dispõe sobre a presença de doulas nas maternidades, hospitais, casas de parto e demais estabelecimentos de saúde públicos ou contratados pela rede municipal de saúde. O projeto foi aprovado pelo Legislativo e sancionado pela prefeita Helena Hermany em 15 de julho de 2021.

Prevê que as profissionais não receberão nenhum pagamento por parte do hospital ou da rede pública e não poderão realizar procedimentos médicos ou clínicos, como aferir pressão ou monitorar batimentos cardíacos fetais, por exemplo.

As doulas são escolhidas livremente pelas gestantes e devem estar previamente inscritas e certificadas em curso para essa finalidade. Podem acompanhar a parturiente durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, bem como nas consultas e exames de pré-natal.

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A doula não substitui o acompanhante a que a parturiente tem direito.

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Mais confiança

Também em atuação em Santa Cruz, a doula Micheli Nunes Pommerehn acompanhou via SUS a gestante Kitwe Narciso no nascimento do pequeno Rudá Narciso Maranhão, no último dia 26. “Foi um momento muito importante tanto para nós, como doulas, quanto para a família. O fato de estar sendo acompanhada desde a gestação até o trabalho de parto trouxe mais confiança, entendimento e uma autonomia da família no momento de tomada de decisão”, disse Micheli.

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Conforme a profissional, o trabalho junto da gestante e do acompanhante é auxiliar, para ser uma ponte entre eles e a equipe, facilitando o acesso às informações. “Além disso, a doula acaba sendo uma tecnologia leve de cuidado à saúde, pois presta suporte físico, emocional e informativo contínuo.”

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