A nuvem de gafanhotos que ameaça os pastos e lavouras da Argentina e da fronteira do Rio Grande do Sul nesta semana, reacende uma lembrança distante para os mais velhos santa-cruzenses. Há 75 anos, na primavera de 1945, o mesmo fenômeno atingiu o município pela primeira vez, o que viria a se repetir algumas vezes ao longo dos anos, trazendo prejuízo aos agricultores da região.
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Em 19 de agosto de 1947, a Gazeta noticiou que, “nas últimas semanas, tornou-se acontecimento quase diário a passagem de nuvens compactas de gafanhotos pelo município.” Menos de uma semana depois, conforme os arquivos da Gazeta, nova matéria contava que uma gigantesca onda atingiu a cidade. De todos os distritos, à época, vinham notícias de prejuízos nas lavouras e pomares.
No ano passado, pesquisa do jornalista José Borowski lembrou que, para amenizar os problemas, o governador Walter Jobim enviou uma equipe de 50 pessoas para ajudar os agricultores a combater os insetos. Os registros informam que eles contavam com um lança-chamas com alcance de 25 metros, para proteger as plantações na região de Vale do Sol (na época, Trombudo). O “prato predileto” dos gafanhotos eram as lavouras de trigo.
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Depois da segunda aparição e destruição, os animais voltaram em janeiro de 1948, gerando pavor em localidades como Linha Sítio, Dona Carlota, Cerro Alegre e outros. O senador gaúcho Salgado Filho relatou o prejuízo dos agricultores de Santa Cruz, Venâncio Aires, Lajeado e Sobradinho no Congresso.
Estudos concluíram que a praga era proveniente da fronteira, da mesma forma que ameaça a região desta vez. Agora, por causa da proximidade com a região fronteiriça do Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) emitiu alerta para que sejam tomadas as medidas cabíveis de monitoramento e orientação aos agricultores da região, em especial no estado do Rio Grande do Sul, para a adoção eventual de medidas de controle da praga caso esta nuvem ingresse em território brasileiro.
Segundo o próprio Ministério, o fenômeno acontece no Brasil desde século XIX e já causou grandes perdas às lavouras de arroz na região sul brasileira nas décadas de 1930 e 1940. “Desde então, tem permanecido na sua fase “isolada” que não causa danos às lavouras, pois não forma as chamadas ‘nuvens de gafanhotos’. Recentemente, voltou a causar danos à agricultura na América do Sul, em sua fase gregária (formação de nuvens)”, disse o Mapa, em nota.
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Os fatores que levaram ao ressurgimento dos gafanhotos, na fase mais agressiva da praga, ainda estão sendo avaliados pelos especialistas e podem estar relacionados a uma conjunção de fatores climáticos, como temperatura, índice pluviométrico e dinâmica dos ventos, informou o Ministério.
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