Santa Cruz do Sul terá o primeiro curso de introdução aos “cogumelos mágicos” no próximo mês. O evento será realizado no dia 27 de abril, a partir das 19h30, no Multiespaço Via9 (Rua Joaquim Nabuco, 9). O investimento é de R$ 30,00. As inscrições podem ser feitas até o dia 10 de abril pelo telefone 9 9999-5106. O limite será de 20 vagas.
O curso de duas horas será ministrado pelo micólogo Tiago Lersch, fungicultor especializado na espécie cubensis e no uso de cogumelos em contextos ritualísticos. Lersch explica que os cogumelos são o corpo frutífero do micélio. Na atividade, ele vai detalhar a importância deles para o meio ambiente, como na comunicação entre as árvores e troca de nutrientes. Uma etapa do curso será a retomada histórica da utilização de cogumelos pelas civilizações, desde 9 mil anos antes de Cristo, em todos os continentes.
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Conforme a lei brasileira, a venda de cogumelos enteógenos para consumo humano é proibida, com utilização restrita aos rituais. “Tive uma experiência bacana em uma comunidade alternativa de Minas Gerais, segundo o ritual mazateca, e quero passar isso no curso. É um assunto delicado e existe muito preconceito sobre o tema. Queremos elucidar questões que são verdadeiras dos mitos”, salienta.
Segundo Lersch, os cogumelos foram combatidos durante a ascendência da Igreja Católica na Europa, considerados como algo demoníaco. Ele acredita que o motivo foi a falta de compreensão das sensações e emoções oportunizadas pela ingestão, principalmente pela substância psilocibina. “Não queremos incentivar o consumo. Queremos difundir o esclarecimento e curiosidades. Em diversas civilizações, o uso era comum, principalmente entre as classes dominantes”, salienta. Apesar de a venda ser proibida, pessoas acabam utilizando cogumelos por encontrá-los na natureza, principalmente no campo.
Outra questão é a aplicação medicinal dos cogumelos. Lersch detalha que existem pesquisas em andamento, como na Austrália, Estados Unidos e Reino Unido, para tratamento de pacientes com depressão. No Brasil, um estudo em quatro etapas está sendo elaborado para uso em terapias. A previsão de liberação é 2023. “Vamos abordar os benefícios dos cogumelos, como a ação no sistema imunológico e digestivo. Até para o tratamento de câncer e Alzheimer, há pesquisas em andamento para mensurar o auxílio dos cogumelos”.
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Nos Estados Unidos, segundo Lersch, as pesquisas foram interrompidas a partir da presidência de Richard Nixon, entre 1969 e 1974. A retomada aconteceu anos depois, com o etnobotânico Terence McKenna, um dos maiores teóricos sobre o uso de alucinógenos, ao lado do neurocientista Timothy Leary. “O cogumelo auxilia até pacientes terminais, em uma melhor aceitação da morte. São muitos relatos de melhora em pessoas vítimas de traumas, dependência química e alcoolismo.”
Tiago Lersch passou a ter conhecimento sobre cogumelos a partir de uma experiência pessoal. Após 17 anos livre da dependência química, uma recaída o fez procurar alternativas de tratamentos, já que não se adaptava aos métodos mais comuns, como os grupos de Narcóticos Anônimos (NA), terapias psiquiátricas e medicações.
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Lersch recebeu a indicação para conhecer uma ecovila em Minas Gerais, que trabalhava com ayahuasca do Santo Daime e wachuma ou cacto de São Pedro, entre outros enteógenos, como os cogumelos. “Tive uma experiência maravilhosa. Guardo até hoje. Nos dá uma clareza muito grande sobre como vivemos. Passamos a dar mais valor às pequenas coisas, às pessoas ao nosso redor”, avalia. “Muitos traumas e dependências se manifestam por meio do álcool ou das drogas, como forma de fugir da realidade. Eu enxerguei o que fazia de errado e reestruturei minha parte cognitiva”, complementa.
Lersch contabiliza oito meses de abstinência, com uma melhora significativa após a ingestão de poucas doses. O micólogo defende o uso dos cogumelos no contexto certo, para que não sejam utilizados de forma associada a bebidas alcoólicas e drogas. Ele alerta para um consumo adequado dos cogumelos mágicos, com o intuito de obtenção da experiência desejada. “Os cogumelos são muito utilizados no Vale do Silício, base da tecnologia nos Estados Unidos. Eles aumentam a disposição e a criatividade. Ajudam bastante no raciocínio e na insônia. São dados comprovados, com embasamento científico”.
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