Regional

Santa Cruz converge para um período de inovação

Quebrar paradigmas, fazer diferente, mas não só pelo fato de ser diferente. Alterar processos ou produtos, formas de comercializar, de expor ou as praças para prospectar clientes para produtos ou serviços são proposições que têm tomado a cabeça dos empreendedores. Essa é a prática da aplicação da inovação, que ganha espaço, em Santa Cruz do Sul, a partir do mapeamento do ecossistema. Aqui, esse processo ganha o nome de Converge Santa Cruz.

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A iniciativa é do Sebrae com mentoria da Fundação Certi, de Florianópolis, e está sendo implantada em suas nove regionais no Rio Grande do Sul. Na unidade dos Vales do Taquari e Rio Pardo, Santa Cruz do Sul foi o município escolhido.

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Liane Klein destaca as potencialidades da região em iniciativas inovadoras

O processo consiste na realização de entrevista com os atores, como forma de mapear o status atual. Segundo a gerente do Sebrae VTRP, Liane Klein, foram mais de 30 entrevistados, envolvendo as quatro hélices, que passam a integrar o grupo do Converge: ICTS – Instituições de Ciência e Tecnologia (universidades), poder público, sociedade civil organizada (entidades) e empresariado. Atualmente, considera-se como uma quinta pá da hélice os programas voltados ao tema, como o Inova/RS e o ALI (Agente Local de Inovação).

A metodologia considera os dados levantados nas entrevistas, dados socioeconômicos do município (número de empresas por segmento, empregos gerados etc) e os dados das universidades locais (cursos disponíveis, linhas de pesquisa, mestrados, doutorados). A partir desses levantamentos, é percebida a atual situação do município. Na sequência é feito um mapeamento das vertentes e suas integrantes, como, por exemplo: se conta com incubadora, sistema de pré-incubação para startups, se possui aceleradora, se há políticas públicas como legislação de inovação e fundos de capital para acesso dos empreendimentos.

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Foi possível constatar que os santa-cruzenses estão na fase de estruturação do ecossistema. É o período em que são atraídos mais participantes, estimulando o fortalecimento da ideia da implantação de ações inovadoras. E isso é feito com base nas áreas com maior potencialidade. “Aqui, as áreas de destaque são a saúde, mecânica e automação, a tecnologia de informação e comunicação e a cadeia do agronegócio”, conta Liane.

Ela destaca que há outros segmentos relevantes na economia local como o comércio e serviços e o turismo, que normalmente são consumidores da inovação. “Ambos os setores fazem uso das ideias inovadoras criadas por outros empreendedores”, explica.

Fomento

Um dos fundamentos que permitem o desenvolvimento de startups e do pensamento inovador no mercado é a forma de fomento. As aceleradoras são as responsáveis pela injeção de recursos, que possibilitam tornar escaláveis os produtos. “Há incentivo para os investidores locais, mas sabemos que existem outros no Rio Grande do Sul e no Brasil, que estão prontos para incentivar negócios com potencial”, afirma Liane Klein.

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O desafio é trazer esse debate para incentivar a presença de investidores locais, além de reforçar a necessidade da permanente modernização da legislação de inovação. Isso fará com que mais empreendedores tenham interesse em colocar suas ideias em prática. E esse não é um espaço apenas para jovens. Liane conta que muitas startups de sucesso têm gestores entre 40 e 50 anos. “Há potencial para qualquer idade. Basta estar aberto”, enfatiza.

Converge é um ecossistema vivo

Quem imagina que o programa que baseia o Converge tem início, meio e fim está equivocado. A partir da sua implantação, há uma série de etapas que vão representando a evolução do mecanismo, mas não há um momento para acabar. Ele vai crescer em si e ampliar o pensamento de que é possível fazer diferente e que isso signifique melhores resultados. Nessa ideia de que há fases a serem conquistadas, como em um jogo de videogame, em 2023 deve ser feita nova avaliação para verificar os indicadores, quais vertentes apresentaram melhor desempenho e se houve evolução na nota, podendo ir além do estágio de estruturação.

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Há exemplos positivos no Brasil, que podem ser seguidos por Santa Cruz e os outros municípios onde o mecanismo está implantado. Florianópolis, por exemplo, é considerada um Vale do Silício no Brasil, em alusão à região dos Estados Unidos onde estão concentradas as empresas mais inovadoras do mundo. Outra capital também tem se destacado. Recife tem o Porto Digital, instituído a partir da revitalização da área portuária.

No interior de Minas Gerais, Santa Rita do Sapucaí, a partir da implantação de programas, passou a ser conhecida como O Vale da Eletrônica e se tornou referência em todo o País. “Mas é claro que para chegar a esse nível é preciso um bom tempo de prática. Florianópolis, por exemplo, tem mais de 20 anos de trabalho constante das quatro hélices”, ressalta.

Andréia Valim reforça o impacto da inovação em diferentes setores da sociedade

Sobre o potencial santa-cruzense em desenvolver o Converge, a vice-reitora da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Andreia Valim, representando a hélice dos institutos de ciência, tecnologia e inovação, diz que há potencial destacado por sua conexão com o mundo. “Assim, setores como transporte, turismo, vestuário e educação têm impactos o tempo todo”, ressaltou durante sua participação no programa Gerir, em referência ao ecossistema implantado.

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Inovação não é sinônimo de tecnologia

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Quando o assunto é empreendedorismo, a inovação não está ligada somente aos equipamentos tecnológicos. Ela pode resultar em mudanças na forma de fazer, por exemplo, representando menor custo ou melhor aproveitamento da matéria-prima e, por consequência, mais sustentabilidade econômica e ambiental. Deve ser passível de prototipação e transformação em produto ou serviço escalonável e de interesse social, sobretudo, se aparece como solução de algum problema.

Com essa ideia, o Converge estimula a pesquisa e a criação de negócios inovadores. “Trabalhamos com a ótica de funil, de modo a fomentar muitas ideias de negócios de qualidade para se obter um volume significativo de empresas inovadoras de sucesso no mercado”, descreve Liane. “Temos que trazer eventos, aproximar os empreendedores da academia, da pesquisa, trazer a inovação aberta para que as empresas mais tradicionais possam investir e fazer uso desses produtos ou serviços.”

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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