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Marcos Breda: conheça o ator homenageado no Festival de Cinema

Aos 63 anos, o gaúcho Marcos Breda é um dos principais atores de sua geração, com presença constante nos palcos, na TV e no cinema

Um dos mais importantes e prolíficos artistas brasileiros de sua geração, o ator Marcos Breda estará em Santa Cruz do Sul na próxima semana, entre terça, 3, e sábado, 7. Para ser homenageado. Virá para receber o Prêmio Tuio Becker no 7º Festival Santa Cruz de Cinema, que ocorrerá no auditório central da Unisc, com entrada franca.

Aos 63 anos (completa 64 em 14 de outubro), esse gaúcho nascido em Porto Alegre ostenta um longo e impressionante currículo de atuação nos palcos, no cinema e na televisão. Só em TV são 58 trabalhos em 44 anos de carreira, como referiu em entrevista exclusiva à Gazeta do Sul, por telefone, a partir do Rio de Janeiro, onde está radicado desde o segundo semestre de 1987.

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Na conversa, salientou ainda que mantém contato regular com a capital gaúcha, sua terra natal, onde possui apartamento e preserva laços com familiares, colegas e amigos. Na conversa, também revelou que, durante sua carreira, tinha proximidade justamente com o jornalista e crítico de cinema Tuio Becker, o santa-cruzense homenageado através de um dos principais prêmios atribuídos pelo Festival Santa Cruz de Cinema. O troféu que agora ele virá receber na próxima semana.

Breda estreou como ator em 1982, ainda em Porto Alegre, na peça Marat-Sade, adaptação de Peter Weiss, sob direção de Nestor Monastério. A partir de então, ano a ano, nunca mais deixou de comparecer nos palcos. Participou também da icônica Bailei na Curva, com texto e adaptação de Julio Conte, em 1994 e 1995. Com esse trabalho, como salientou, esteve inclusive em Santa Cruz.

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E segue com seu vínculo e sua paixão plenamente firmados com o teatro, uma vez que desde o ano passado percorre o Rio Grande do Sul (e outras regiões do Brasil) com o monólogo O Homem e a Mancha: multimídia, de Caio Fernando Abreu, com direção de Aimar Labaki. Sequer um grave acidente de moto que sofreu em maio de 2022, e que implicou na realização de seis cirurgias, três na perna esquerda e três no ombro direito, o impediu de, com muitos cuidados, viajar de van por todo o interior gaúcho. “Mas creio que agora o pior já passou”, frisou. “Até o final do ano devo estar 100% recuperado.”

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Essa efervescência artística, mesmo em meio à convalescença, envolve ainda uma intensa agenda para TV e cinema. Recentemente concluiu as gravações de sua participação na novela A Rainha da Pérsia, na Record, e na sequência já iniciou as filmagens de um novo longa-metragem, Detetives do Prédio Azul 4.
Além de atuar, Breda é professor, produtor, diretor, locutor e astrólogo.

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Uma vida em palcos e telas

A extensão do currículo e a diversidade e a qualidade das produções das quais participou dão dimensão clara da amplitude da carreira do ator Marcos Breda. Em vias de completar 64 anos em outubro, recorda que estreou aos 20 anos, de maneira que se aproxima de 44 anos de presença ininterrupta nos palcos e nas telas.

Desde a primeira aparição nos palcos, em 1982, na peça Marat-Sade, ainda em Porto Alegre, foram nada menos do que 45 produções teatrais, cinco apenas nos últimos cinco anos, quando estava em meio a tratamentos de saúde em razão de grave acidente. No cinema, a estreia ocorreu também em 1982, com o média-metragem Às Margens Plácidas; desde então, foram 44 filmes até Detetives do Prédio Azul 4, que acabou de gravar.

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Por fim, na TV, desde 1982, são impressionantes 58 trabalhos até A Rainha da Pérsia, no ar pela Record. E há os projetos que assina como diretor, e outros em publicidade. Pelo conjunto da obra, foi premiado muitas vezes.

Entrevista – Marcos Breda, ator

  • Gazeta – Como tem sido ao longo do tempo a ligação do senhor com Santa Cruz do Sul? A Santa Cruz fui há muitos anos. A gente apresentou a peça Bailei na Curva aí. Mas fui muito apaixonado, lá por 1978, por uma menina que era de Trombudo, próximo de Santa Cruz, acho que hoje é Vale do Sol. Foi minha primeira ligação, afetiva, com Santa Cruz, essa namorada que tive e era daí. Conheço a cidade, claro. E vai ser uma alegria voltar depois de tantos anos. Ainda mais ganhando esse Prêmio Tuio Becker, que é um ilustre cidadão de Santa Cruz, que era meu amigo, um cara extraordinário. Para mim, é uma alegria voltar a uma cidade em que estive há muitos anos. Deve ter mudado muito, mas para mim vai ser uma alegria reencontrá-la.
  • O senhor conhecia e tinha contato com Tuio Becker, isso? O Tuio era um cara muito legal, a gente transitava nos mesmos lugares, ele era jornalista, escritor, trabalhava com cinema, tínhamos muitos amigos e colegas em comum. Então, era um cara que tive o prazer de conhecer, e convivemos um pouco. Tinha muita admiração e carinho por ele. E agora receber o troféu, estou muito contente com isso.
  • O senhor acompanha de algum modo as notícias sobre o Festival Santa Cruz de Cinema Acompanho só pela imprensa, pelas coisas que saem nos jornais, em sites, etc. Nunca participei do festival, então, acho que é uma boa maneira de estrear aí, recebendo esse prêmio.
  • Como está o seu ritmo de trabalho atualmente? Intenso. E isso que sofri um grave acidente em maio de 2022. Nesses 27 meses desde o acidente em maio, fiz duas novelas. Estava gravando Reis quando sofri o acidente. Voltei para gravar Reis 30 poucos dias depois, gravando de muleta, cadeira de rodas e tudo mais. Depois fiz mais uma série, mais uma novela, que acabei de gravar faz um mês. E, além disso, fiz a peça O Homem e a Mancha mancando, durante o ano passado, pelo interior do Rio Grande do Sul. E fiz agora o quinto longa-metragem desde o acidente, nesses dois anos de muleta, mancando etc. Só nesses dois anos foram duas novelas, uma série, um monólogo e agora a outra peça que estou dirigindo, além de cinco longas-metragens. Fora todas as consultas, e mais incontáveis trabalhos de locução. Então, eu estou sempre trabalhando em todas as frentes: teatro, cinema e televisão. Não paro nunca.
  • Estás com muitos trabalhos em desenvolvimento? Muitos! Acabo de concluir a gravação de um longa-metragem, Detetives do Prédio Azul 4. Esse filme deve estrear até o fim do ano, tal vez início do ano que vem. Antes, fiz um longa do Paulo Nascimento, o Chama a Bebel, que já estreou nos cinemas. Neste ano, antes da enchente, fiz Perseguição e Cerco a Juvêncio Gutierrez, do Tabajara Ruas, que está por estrear. E antes um longa que já estreou, Um Dia 5 Estrelas, de Hsu Chien, que foi rodado em Porto Alegre. Tem muitos trabalhos que fiz. Mas para estrear, o mais recente é o do Tabajara. Fiz um curta também, chamado Um Tanto Mais, de Matheus Petrovichs, ainda em 2022. Também em 2022, Cordialmente Teus, do Aimar Labaki, que já está nas plataformas; Lulli, do César Rodrigues, que fiz na pandemia, em 2020, e está na Netflix; Destinos Opostos, de Walther Neto, que filmei logo antes da pandemia, sobre rally, e que estreou no ano passado. Tenho trabalhado bastante também em TV. Fiz novela de janeiro a julho, A Rainha da Pérsia, terminei de gravar dia 6 de julho. E dois dias depois estava filmando Os Detetives do Prédio Azul 4, que concluí há poucos dias.
  • E isso que sofreste acidente de moto em maio de 2022. Estás recuperado? Estou 90% recuperado. Já fiz seis cirurgias, três na perna esquerda, três no ombro direito. A perna esquerda está na reta final de recuperação, praticamente não manco mais. A perspectiva é de que eu esteja 100% recuperado da perna até o Natal. E tenho agora em outubro uma quarta cirurgia no ombro, onde devo resolver um problema na minha clavícula, uma ruptura de um ligamento. Então, espero até o final do ano estar 100% recuperado de tudo. Mas foi um acidente muito ruim; dessas seis cirurgias, a mais complicada foi a última, em novembro do ano passado, quando tive de abrir a perna esquerda porque ela não estava cicatrizando um fêmur. Tiraram os parafusos, tiraram a haste intramedular que eu estava usando, lixaram o fêmur por dentro, fizeram uma nova haste, com novos parafusos. Foram 52 pontos na perna, uma coisa dolorosíssima. Mas o pior já passou e eu estou quase zerado. Já estou caminhando na Lagoa [Rodrigo de Freitas, no Rio], o pior já passou mesmo. Eu sou bem resiliente e obstinado.
  • E ainda com toda essa intensa atividade profissional. Foi uma espécie de terapia para ajudar na recuperação? Foi decisivo. Porque pude trabalhar, e não só por meu ganha-pão. Foi uma maneira de ocupar a cabeça, não ficar sentindo pena de mim mesmo e ficar dinamizando essa dor em criatividade. Por exemplo: o monólogo do Caio Fernando Abreu, O Homem e a Mancha: multimídia, que fiz e ainda faço, e vou continuar fazendo. Na versão original, que estreou em 1997, as barcas eram muito acrobáticas e tal. Agora, com a perna mancando, isso era imviável. Na verdade, quando estava fazendo a peça no ano passado, e viajando por várias cidades do interior do Rio Grande do Sul, estava ainda com a perna quebrada e não sabia. Porque tive uma pseudoartrose, ou seja, o fêmur não se cicatrizou; então, tive de fazer essa nova cirurgia. Mas naquela época, mesmo com aquela dor toda, eu fazia a peça. Como não conseguia fazer um décimo das marcas acrobáticas que realizava antes, tive de fazer um reaprendizado daquela peça, trazendo para dentro de mim as coisas. Ou seja, adotei ação interna: trabalhar as pausas, a coisa da voz, do gestual mais contido, mais enxugado. Foi um aprendizado, pois consegui transformar ações externas em internas, e o monólogo continuou funcionando de uma nova maneira. Isso pra dizer que esse acidente e todas as dores que senti também me serviram de processo de amadurecimento, de aprendizagem. Não que eu esteja aqui glamurizando a dor, nem o acidente. É aquela coisa, foi horrível. Mas tendo acontecido uma coisa horrível, o que posso fazer é utilizar isso como uma forma de crescimento, de alguma maneira.. Não que isso tenha tornado as dores menos doloridas, só que é você usar a dor como uma forma de se transformar, crescer, encontrar alternativas. É isso.
  • E ainda em constantes deslocamentos… Fizemos todas as viagens de van: Porto Alegre a Uruguaiana de van, com a perna daquele jeito, uma coisa um tanto exigente, uma viagem longuíssima, 600 quilômetros. Viajei muitas cidades aí pelo interior, de van, levando esse monólogo de cidade em cidade, mancando e, acredite se quiser, mesmo com a dor, me divertindo.
  • Além de atuar, o senhor também escreve? Sou ator, sou produtor, já produzi várias peças de teatro; sou diretor, estou dirigindo minha segunda peça nesse momento [Ele, Ela e uma Garrafa de Vodka, de Vinicius Cattani, em parceria com Marcos Ácher]. Sou locutor, trabalho pra caramba com locução. E também sou astrólogo, vivo de astrologia há muitos anos. Tenho até um Instagram dedicado exclusivamente a astrologia, atividade que exerço praticamente de forma diária. Tenho clientes no Brasil e no exterior. Como morei na Inglaterra por um ano e era professor de Inglês, atendo em inglês, com clientes nos EUA, na Inglaterra e até na Nova Zelândia. E me ocupo disso tudo ao mesmo tempo. Trabalho como ator há 44 anos, desde os 20, vou fazer 64 em outubro. Então, são 44 anos trabalhando e adoro fazer o que faço, cinema, TV, teatro. Adoro trabalhar! Como dizia o Marcello Mastroianni, eu sou um homem de sorte, eu faço o que gosto, por isso não preciso trabalhar.

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