Apesar da retração na demanda por mão de obra sazonal nas indústrias de tabaco, a retomada das contratações nos setores de comércio, serviços e construção civil garantiu um saldo de 2.287 postos de trabalho com carteira assinada criados de janeiro a setembro em Santa Cruz, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Os números indicam recuperação da economia local após o tombo de 2020, quando 521 vagas foram fechadas no município.
O saldo é resultado de 21.194 admissões e 18.907 desligamentos. Somente no setor de serviços, foram geradas 794 vagas, o que reflete diretamente as flexibilizações nos protocolos sanitários, em consonância com o avanço da imunização. Entre os segmentos que mais empregaram estão o de restaurantes e hotéis, bem como estabelecimentos de ensino e saúde, o que é consequência de fatores como o retorno às aulas presenciais. Outro destaque foi o segmento de transportes terrestres, puxado pela instalação, em julho, da sede administrativa da Rota de Santa Maria, concessionária responsável pela RSC-287.
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Já no comércio, foram criadas 378 vagas, sobretudo em supermercados e hipermercados, além do segmento atacadista, com a demanda gerada a partir da inauguração, em agosto, da unidade da Desco. De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Ricardo Bartz, a reação foi sentida em todos os segmentos a partir da metade deste ano. “Instalou-se um cenário bem mais otimista. Os lojistas estão mais confiantes e isso impacta na empregabilidade”, analisou.
A projeção, inclusive, é de aumento nas contratações temporárias para o fim do ano, que devem começar já na primeira quinzena de novembro. Tradicionalmente, os segmentos de eletrônicos, calçados e vestuários são os que mais empregam trabalhadores temporários. Conforme Bartz, a consolidação da retomada vai depender da conjuntura econômica. A escalada da inflação e as incertezas após o fim do auxílio emergencial são fatores que causam preocupação. “Com os preços dos itens básicos aumentando, sobra menos para comprar no varejo”, observou o dirigente.
Após o baque em 2020, a realização em 2021
Se para boa parte das empresas o momento é de retomada, muitos trabalhadores que tiveram a estabilidade comprometida com a pandemia também encontram, agora, uma oportunidade para se reerguer. É o caso de Fátima Rocha, que, em maio de 2020, depois de quatro anos trabalhando em uma empresa de consultoria ambiental, ficou desempregada em uma leva de demissões.
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Aos 42 anos, passou de imediato a buscar uma recolocação no mercado, mas enfrentou dificuldades em razão da crise. A situação durou mais de um ano. “Foi um baque. Não foi a primeira vez que fiquei desempregada, mas nunca tinha sido por tanto tempo. É muito difícil, inclusive no aspecto emocional”, relata.
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O quadro só mudou em junho deste ano, quando descobriu pela internet uma vaga na Rota de Santa Maria, que estava em vias de instalar a sede administrativa em Santa Cruz. Depois de enviar currículo, foi chamada para uma entrevista on-line com o setor de RH. Na semana seguinte, após uma segunda entrevista com o diretor da concessionária, foi contratada e começou a trabalhar como trainee administrativa. “Foi uma realização porque, com a idade, o mercado vai cada vez mais se afunilando e sei que isso pesou em algumas entrevistas que fiz. Mas aqui fui acolhida”, comemora.
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Obras recuperam ritmo após crise
Com 178 vagas criadas entre janeiro e setembro, o setor de construção civil vem retomando a ocupação de postos que foram fechados em 2020, quando obras foram paralisadas por mais de um mês após a eclosão da Covid-19 e só foram retomadas sob restrições e incertezas. Segundo o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), Astor Grüner, a demanda por mão de obra se deu menos em função de novos lançamentos e mais pela necessidade das construtoras de intensificarem o ritmo das obras para compensar as perdas do ano passado. “O único segmento que teve incremento de obras foi o de residências unifamiliares. Mas nesse mercado há muita mão de obra informal, de profissionais autônomos ou que são contratados de maneira fria”, explica.
Os números do Caged indicam que a maior parte dos postos formais de trabalho criados foram em empresas de serviços especializados, como instalações elétricas e hidráulicas, acabamentos e terraplenagem. “Hoje, inclusive, estamos com dificuldade de contratar profissionais com qualificação, o que significa que já estão empregados”, completa Grüner.
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Apesar dos bons indicadores, o empresário hesita em falar em aquecimento de mercado. Um dos motivos é que, com as recentes elevações na taxa de juros, são grandes as chances de uma migração de investidores para o mercado financeiro. “As vendas de unidades foram mais baixas no terceiro trimestre no mercado imobiliário. E o quarto trimestre é uma incógnita”, diz o vice-presidente do Sinduscon.
Nas empresas de tabaco, queda de 9,1%
Principal motor da economia de Santa Cruz, a demanda por safreiros nas fumageiras frustrou as projeções da categoria. Por conta da manutenção das restrições nas usinas de beneficiamento e da quebra de safra gerada pela estiagem prolongada, as contratações registraram queda de 9,1% em comparação com o ano passado – foram cerca de 11 mil contratos no período, entre sazonais e efetivos. O saldo no setor industrial nos primeiros nove meses do ano é de 1.078 vagas, mas o número deve se reduzir com a aceleração das dispensas nas empresas.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Alimentação (Stifa), Gualter Baptista Júnior, boa parte das pessoas que não conseguiram vagas temporárias tiveram que depender de auxílio emergencial. “Infelizmente tivemos uma grande massa que, diferente de outros anos, não foi absorvida por outros setores”, lamentou. A projeção é de retomada em janeiro, quando, com a maior parte da população com esquema vacinal completo, as empresas devem retomar as operações a pleno. “Além disso, teremos um volume de tabaco muito maior, por isso a expectativa é muito positiva para 2022”, acrescentou.
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Os resultados
O saldo por setor em setembro
Setor …………. 2020 …… 2021
Indústria ….. -1.650 …….. -918
Serviços ………….. 48 ………… 22
Comércio ……….. 19 …………. 51
Construção ……. 22 …………… 7
Agropecuária ….. 7 …………… 3
O saldo por setor de janeiro a setembro
Setor …………….. 2020 ……. 2021
Indústria ………… 2.066 ……. 1.078
Serviços ………….. -733 ……….. 794
Comércio ……….. -633 ……….. 378
Construção ……. -107 ……….. 178
Agropecuária … -283 ……… -141
Ano a ano (janeiro a setembro)
2021 …. 2.287
2020 …….. 310
2019 …….. 446
2018 ….. 1.181
2017 ……….. 96
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