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Santa Cruz 145 anos; relembre momentos do desenvolvimento do município

Progresso: no início da década de 30, carros, luz elétrica, comércio e a Catedral em construção

Quem mira a Santa Cruz do Sul da atualidade, que nesta quinta-feira, 28, comemora 145 anos de emancipação política e administrativa em relação a Rio Pardo, talvez não tenha presente o vertiginoso crescimento que essa colônia, instalada em 1849, alcançou em poucos anos. É um ritmo de desenvolvimento quase sem precedentes até aquela época, ainda mais em se considerando o relativo isolamento em relação a centros maiores, ou mesmo as incipientes vias de escoamento existentes.

No entanto, é provável que tenha sido esse suposto isolamento o que motivou uma energia extra em toda a comunidade para que mais rapidamente, e com espírito desbravador e empreendedor, providenciasse o atendimento a demandas em infraestrutura e logística. Estradas foram abertas a braço, com a mão de obra dos próprios colonos; uma fervilhante indústria de produção de carroças e de implementos surgiu, e as necessidades foram sendo supridas.

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No final das contas, o rápido e forte crescimento da localidade acabou motivando a implantação das primeiras obras de vulto, por decisão de governo. Foi o caso do acesso por trilhos de ferro a partir do ramal de Ramiz Galvão, junto a Rio Pardo, e a chegada do trem, com a Estação Férrea inaugurada em 15 de novembro de 1905.

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Conquistas e melhorias podem ser conferidas em um livro essencial para conhecer os primórdios. Município de Santa Cruz, de João Bittencourt de Menezes, foi lançado originalmente em 1914, e recupera os fatos marcantes das primeiras seis décadas de existência de Santa Cruz. É um compilado valioso para entender a evolução da colônia. O autor foi, por 27 anos, secretário-geral da Intendência (o equivalente, hoje, à prefeitura) na localidade, e a obra foi relançada pela Edunisc em 2005.

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Outro texto referencial é o relato que o viajante suíço Johann Jakob von Tschudi deixou em Viagens pela América do Sul, lançado em 2022 pela editora Oikos, de São Leopoldo, em tradução de Martin N. Dreher. Tschudi passou pela Colônia de Santa Cruz em 1861, quando ela tinha pouco mais de uma década de existência. É uma volta no tempo para um contexto e um ambiente que forjaram o que hoje se vê, quando se passeia por esse pujante e empreendedor município.

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Em poucos anos, um salto no desenvolvimento

É inegável que a agricultura diversificada, apoiada desde o princípio no cultivo de tabaco, tanto para consumo dos próprios colonos quanto, mais tarde e por sua qualidade diferenciada, para exportação, foi a mola propulsora do desenvolvimento de Santa Cruz. Os imigrantes, seguidos por seus descendentes, esmeraram-se em produzir de tudo, em especial para a sua subsistência. Como os excedentes a cada ano eram maiores, o comércio com Rio Pardo e outros centros gaúchos tornou-se cada vez mais intenso.

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A fertilidade do solo em toda a região, onde as várzeas eram banhadas pelo Rio Pardinho e as áreas montanhosas beneficiavam-se de uma terra descansada, com boa cobertura vegetal, logo se traduziu em safras com excelente produtividade e qualidade. Com isso, na cidade, demarcada já no começo da década de 1850, surgiram os mais variados tipos de indústrias de transformação e também de apoio às necessidades dos agricultores.

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Progresso: no início da década de 30, carros, luz elétrica, comércio e a Catedral em construção

Esse perfil diferenciado dos negócios que envolviam artesãos e industriais fez a fama de muitas empresas e de muitas marcas, tradicionais e familiares, de Santa Cruz para o Estado e o País. A partir da concretização da ligação por trem com Ramiz Galvão, o escoamento de produtos foi muito mais facilitado, e esse cenário atraiu investidores. Como foi o caso dos empresários do ramo de tabaco, cujas fábricas, de capital internacional, de processamento e exportação se instalaram na cidade.

Foi um tempo de franco e forte desenvolvimento. Nas décadas de 1920 e 1930, já com indústrias de tabaco em pleno funcionamento, novas construções surgiram, entre elas o prédio imponente do Banco Pelotense (atual Casa das Artes Regina Simonis, no Centro). Carros circulavam pelas largas ruas, o comércio se diversificava na mesma proporção em que moradores vinham de fora para se fixar na cidade; a energia elétrica e a hidráulica traziam mais comodidade e estimulavam o consumo de bens modernos.

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História, natureza e lazer lado a lado no Centro de Santa Cruz

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E, para arrematar, a fé e a religiosidade motivaram um corajoso projeto: a construção de uma impressionante Catedral junto à praça central.

Do tabaco veio a energia para crescer

Desde os primórdios da implantação da Colônia de Santa Cruz, a plantação de tabaco foi uma das principais culturas adotadas no meio rural, e igualmente um dos principais produtos de comércio local e para fora da região. As plantas demonstraram imediatamente uma perfeita adaptação ao clima e ao solo regionais, e a vocação dos imigrantes alemães ainda contribuiu para a difusão desse negócio. Parcela das folhas colhidas era direcionada para o consumo próprio, entre os produtores, distantes de grandes centros e saudosos de sua terra natal. Assim, tinham no hábito de fumar palheiro um raro momento de lazer em dias muito atarefados.

A fama do tabaco de qualidade colhido em Santa Cruz ultrapassou fronteiras, e o produto logo foi exportado para outros centros brasileiros e também para o exterior. Foi esse sucesso que atraiu investidores internacionais, que promoveram uma inovação: o Sistema Integrado de Produção de Tabaco, proposto inicialmente pela empresa Souza Cruz, em 1918. Por esse modelo, a empresa se comprometia a adquirir toda a produção dos produtores integrados, e em contrapartida fornecia assistência técnica e inclusive financiava um pacote de insumos. Com essa parceria, nas décadas seguintes o Brasil acabou por se tornar o líder absoluto da exportação de tabaco no mundo.

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O progresso trazia novidades para a população

Inúmeras fotos de época proporcionam um flagrante, um recorte de olhar, sobre momentos que foram uma espécie de divisor de águas para Santa Cruz. A reta final do século 19 e o começo do século 20 trouxeram rápido progresso, replicando, na pequena comunidade, os avanços tecnológicos que eram desfrutados em outros países, em especial na Europa, com o qual os imigrantes e seus descendentes mantinham contato regular.

Atração inusitada: carro sendo abastecido por uma bomba de combustível na cidade

Os transportes, como o trem, os carros e logo também os aviões, conectaram a cidade, ainda provinciana, com o grande mundo. Tudo atraía e entusiasmava a população local, do meio urbano ou do interior. Os moradores do campo passaram a ter como interlocutores os seus contatos das empresas fumageiras, e assim eram informados das inovações tecnológicas que logo adiante transformariam a colônia em referência na produção de tabaco.

Momentos regados a cerveja e chope

Com a aproximação de mais uma Oktoberfest, que chega a sua 38ª edição, salienta-se mais uma característica que irmana Santa Cruz com a terra de seus colonizadores: a cerveja, ou o chope. Desde o princípio os imigrantes cultivaram o hábito de saborear essas bebidas e, para tanto, esmeraram-se em produzi-las. Nesse processo, lançavam mão dos ingredientes que estivessem disponíveis, e que podiam cultivar. Fábricas de cerveja se destacaram na colônia. E, aliás, assim segue sendo até os dias atuais em Santa Cruz do Sul.

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