Sanny Figueiredo entrou tardiamente na eleição para o Senado no Rio Grande do Sul, diante da renúncia de Airto Ferronato – do qual inicialmente seria suplente. Moradora de Esteio, é ativista do movimento negro e trabalha em projetos sociais desde 2007. Em 2017, filiou-se ao PSB, na esteira de uma reforma interna do partido após o impeachment de Dilma Rousseff. Concorreu a vereadora em 2020 e é a primeira mulher negra a disputar uma vaga no Senado no Estado.
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Como a senhora avalia a adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal? Acredita que foi a alternativa correta para resolver o problema da dívida com a União? Esse acordo apenas tapou um buraco. Como costumamos dizer, pelou o santo para vestir outro. O governo federal, ao mesmo tempo em que apresentou a possibilidade do acordo, nos impede de ter condições de honrar com as parcelas da dívida, fazendo com que o Estado fique sob ameaça de uma intervenção. Isso porque a principal fonte de arrecadação do Estado é o ICMS, que por conta de um ajuste eleitoreiro foi reduzido. Ou seja, o Estado não tem como angariar os valores necessários. E essa bomba foi jogada para o próximo governador.
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Mas a redução do ICMS tinha o objetivo de baixar o preço dos combustíveis, o que de fato aconteceu. A senhora acha que não foi uma boa decisão? Acho que não foi. Daqui a três meses, o preço do combustível vai subir de novo. E o óleo diesel continuou com o ICMS alto. Por isso se percebe que isso foi de fato uma negociata para angariar votos.
Diante do tensionamento entre Executivo e Judiciário, a senhora acredita que é preciso alterar a forma de indicação dos ministros do STF? Sim. Hoje quem indica é o presidente da República, no entanto é o Congresso Nacional quem aprova ou não. Esses tensionamentos vêm acontecendo em função de guerra político-partidária. O que estamos vendo é um radicalismo muito grande.
Como a senhora avalia situações em que o Congresso aprova criação de despesas sem indicar fonte de receita, como ocorreu com o piso da enfermagem? É uma tremenda irresponsabilidade. O Estado nada mais é do que uma organização, assim como uma empresa. Se nós não pensarmos da onde vai sair nossas receitas, obviamente vamos estar no vermelho no fim do mês, porque as responsabilidades vão continuar. Um gestor responsável não pode pautar algo, mesmo que justo, como é o caso do piso da enfermagem, sem pensar antes de onde vai tirar a receita. Precisa, sim, valorizar os profissionais, mas antes é preciso ajustar as contas. E é preciso ver também da onde sai os recursos. Por que não tem dinheiro para pagar o piso da enfermagem mas tem emendas milionárias para um relator no orçamento secreto?
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Então a senhora acha que o orçamento secreto tem que acabar? Com certeza. Se o dinheiro é público, por que o orçamento tem que ser secreto? Aí já se vê indicativos de corrupção. Quando um governo se coloca como anticorrupção, precisa ser o mais transparente possível. Acreditamos que essas emendas precisam acabar, pois isso faz com que a corrupção continue ativa. Uma presidente já foi derrubada por pedalada fiscal. Por que o orçamento secreto não pode ser motivo de um movimento no Congresso?
De que tipo de reforma tributária a senhora acredita que o país precisa? Infelizmente, as reformas necessárias são pautadas de forma muito superficial. Não só a reforma tributária, mas é muito necessária a reforma administrativa e, principalmente, a reforma política. Uma das nossas pautas é o fim da reeleição, principalmente para o cargo de senador.
O que a senhora pensa sobre legalização do aborto e das drogas? Faço duas perguntas. Não existem drogados nas ruas? Não existem abortos sendo feitos em clínicas clandestinas? Sou totalmente pró-vida, senão não teria três filhos. Mas o SUS tem que estar preparado para receber as pessoas que já estão enquadradas na legislação. E no caso das drogas, acredito que com a taxação desses produtos, o próprio crime possa ser combatido. Porque hoje se compra, só não se sabe onde.
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