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Saneamento ainda é um desafio em Santa Cruz

A cada vez que a previsão do tempo indica um período de muito calor, a cuidadora Cleusa Pires de Ávila, de 48 anos, já se angustia. Moradora há 12 anos do Bairro Aliança, em uma zona alta de Santa Cruz do Sul, ela se acostumou a conviver com um problema sério sempre que as temperaturas sobem: a falta de água.

A situação se repete em todos os verões. Quando acontecem ondas de calor fora de época, porém, não é diferente. Foi assim no último mês de abril, quando os termômetros atingiram marcas históricas. Na casa onde Cleusa vive com os dois filhos, foram três dias praticamente inteiros de torneiras secas. “A água só vinha de madrugada, às vezes 2h30 ou 3 horas. Um absurdo, eu até me surpreendi”, conta.

Segundo Cleusa, o problema afeta toda a vizinhança. “Alguns vizinhos colocaram caixa d’água e aí não chegam a se incomodar tanto. Mas eu não tenho”, lamenta. O maior transtorno, conforme ela, é para lavar roupa e cozinhar. Sem falar, é claro, na higiene pessoal dela e das crianças. “Às vezes chego em casa naqueles dias muito quentes e não posso tomar banho”, diz. Para piorar, não raro quando o abastecimento é regularizado, a água retorna com coloração estranha e gosto ruim.

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De tão habituada com o drama, Cleusa já se antecipa. Quando percebe que vai faltar água, começa a encher tudo o que pode: baldes, bacias, às vezes até panelas. “Eu vejo, quando a água começa a sair muito fraquinha, é porque logo vai faltar. O ano passado foi horrível, faltou muita água”, relata.

Há alguns anos, lembra, procurou a Companhia Rio Grandense de Saneamento (Corsan) para informar da situação. “Me disseram que era problema no encanamento. Mas não mudou nada”, disse.

Um impasse que nunca termina

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O gerente local da Corsan, Armin Haupt, garante que a estatal vem aos poucos atuando para combater pontos críticos de falta de água, geralmente regiões altas de bairros como Aliança e Faxinal Menino Deus. Na maioria das vezes, o problema é consequência de vazamentos gerados pela elevação no consumo – por isso é mais frequente no calor.

Os recorrentes casos de desabastecimento foram o que levaram a Prefeitura a, em 2008, denunciar o contrato da estatal. Em 2014, um novo convênio de 40 anos foi assinado, prevendo vultuosos investimentos tanto na rede de abastecimento quanto na ampliação do tratamento de esgoto. Passados dois anos, porém, as queixas de consumidores continuam, tanto que, na semana passada, a Prefeitura decidiu multar a empresa. Isso fez com que o saneamento, tema que decidiu a eleição de 2012, voltasse ao centro da pauta eleitoral em 2016.

O QUE OS CANDIDATOS PROPÕEM

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AFONSO SCHWENGBER (PSTU)

“Santa Cruz obteve uma grande conquista em manter a água um bem público. Isso aconteceu graças à organização dos movimentos do Fórum Municipal em Defesa da Água Pública, que conquistou a opinião pública favorável a essa manutenção. É importante lembrar que o atraso na realização desse contrato foi em função de um grupo político que pretendia privatizar a água em Santa Cruz e muitos investimentos que poderiam ter sido realizados não o foram por conta dessa disputa. Hoje, é necessário criar o conselho municipal dos trabalhadores, da Corsan e demais categorias para fiscalizar e definir os investimentos. Assim, certamente, todos os santa-cruzenses vão ter atendidas as suas necessidades.”

FABIANO DUPONT (PSB)

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“A Corsan pode prestar um serviço de qualidade, mas Santa Cruz não pode ser refém de um contrato de 40 anos que não é cumprido. Vamos criar um conselho de gestão compartilhada composto de Prefeitura, Corsan e entidades representativas. Este fará o gerenciamento dos recursos arrecadados pela estatal no Município, garantindo que sejam reinvestidos aqui e não em outras cidades. Fiscalizaremos diariamente obras, tratamento de esgoto e abastecimento de água, que serão notificados imediatamente e multados em caso de falhas. Quero revisar o contrato nos itens urgentes como qualidade de abastecimento, meta no tratamento de esgoto e valor de tarifas.”

GERRI MACHADO (PT)

“Entendemos que a água deve ser pública, isso é princípio. O contrato com a Corsan está assinado, e temos que fazê-lo ser cumprido integralmente. As obras para modernização da rede de distribuição, estação de tratamento de água e rede e estação de tratamento de esgoto serão prioridade, sabendo que a falta de água é constante e apenas 8% do esgoto é tratado. O nosso vice é especialista em saneamento, foi funcionário da Corsan por mais de 30 anos, ele entende do assunto e se empenhará diuturnamente para que não falte mais água na casa do povo santa-cruzense. Se eleito, de imediato me comprometo em construir reservatórios nas localidades onde ano após ano a falta de água assombra essas famílias.”

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SÉRGIO MORAES (PTB)

“O atual prefeito assinou um contrato muito mal feito com a Corsan. Na época eu já falava: é contrato do tipo que a Corsan vai receber muito e só vai fazer o que quiser e quando bem entender. É o que todo mundo hoje pode ver. E agora, às vésperas da eleição, o atual prefeito fala em multar a Corsan. Teve dois anos para fazer isso e não fez. Eu, se for eleito pelo povo, vou chamar a comunidade para discutir a municipalização da água em Santa Cruz, a exemplo do que ocorre em Porto Alegre e Vera Cruz. Estes R$ 8 milhões que a Corsan leva todo mês dos santa-cruzenses podem ser aplicados em grandes melhorias na rede de abastecimento e saneamento.”

TELMO KIRST (PP)

“O contrato que o governo anterior queria assinar era de apenas R$ 217,8 milhões. Anulei-o e assinei um contrato muito mais vantajoso para o nosso município, R$ 171 milhões a mais que o contrato deles. Agora, o acordo firmado entre Prefeitura e Corsan prevê investimentos de R$ 388 milhões. São R$ 145.306.100,00 em abastecimento, R$ 160.657.900,00 em esgotamento sanitário e R$ 20 milhões no Lago Dourado. Vamos fazer a Corsan cumprir rigorosamente o contrato. Inclusive aplicamos uma multa à companhia devido a atrasos no cumprimento do Plano Emergencial, de R$ 42 milhões, que não estava previsto no contrato anterior e evitamos uma multa de R$ 150 milhões com o novo contrato.” 

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