Ao cabo de 2022, o saldo de assassinatos registrados em Santa Cruz do Sul chegou a dez. As mortes, oito de homens e duas de mulheres, aconteceram em nove pontos da cidade, nos bairros Faxinal Menino Deus (2), Santa Vitória, Santuário, Dona Carlota, Rauber e Centro e nas localidades de Alto Boa Vista, Linha Eugênia e Monte Alverne. Seis crimes foram na Zona Sul, um na área central e três na Zona Norte.
A média aponta que pelo menos um homicídio aconteceu a cada 36 dias. Com base nessa análise, pode-se ter a impressão de que os casos revelam uma média alta. No entanto, na comparação com anos anteriores, é possível notar uma queda acentuada, sobretudo em 2021 e 2022. Em dados revelados pela Brigada Militar, em 2018 foram 27 homicídios no município. Em 2019 houve 22 e em 2020 foram 30.
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Já em 2021, os casos diminuíram pela metade, com 15, e caíram ainda mais, para dez, em 2022. O ponto negativo fica por conta do retorno do feminicídio. Foram dois neste ano, sendo que no ano passado não aconteceu nenhum. Chama a atenção ainda como os assassinatos concentraram-se na primeira parte do ano. Foram apenas dois casos no segundo semestre, logo nos primeiros dias de julho.
Ainda que uma sequência de tentativas de homicídio tenha chamado a atenção recentemente, nos últimos cinco meses não aconteceram assassinatos em Santa Cruz. Dos dez casos, divididos em investigações da 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP), 2ª DP, Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), seis já foram solucionados e aguardam desfecho na esfera judiciária, mas quatro não foram completamente esclarecidos. A Gazeta do Sul fez um mapeamento dos homicídios ocorridos no município e detalha os casos, suas particularidades, investigações e processos em andamento.
Jairo Freese foi a primeira vítima de homicídio em Santa Cruz do Sul em 2022. O corpo dele foi localizado na noite de 20 de janeiro, em Alto Boa Vista, interior do município. Freese estava caído na estrada geral da localidade e as marcas indicavam que ele sofreu um golpe na parte de trás da cabeça, possivelmente de um machado ou uma foice.
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O assassinato aconteceu por volta das 22 horas. Foi o único homicídio a ser investigado pela 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP) e não foi solucionado. Os agentes até ouviram testemunhas e analisaram laudos técnicos da cena do crime, mas não foi possível identificar um possível autor ou motivação. O local sem câmeras no entorno também prejudicou o trabalho investigatório. Jairo deixou enlutadas a esposa e três filhas. (NÃO RESOLVIDO)
Roberto da Silva, 36 anos, foi morto com disparos de arma de fogo que atingiram as costas e o abdômen, na noite de 9 de março, na Rua Treze de Maio, Bairro Faxinal Menino Deus. As investigações da 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP) indicaram que o crime foi motivado por uma represália, em virtude de Roberto ter furtado a bicicleta de um morador.
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No dia 25 de abril, no mesmo bairro do homicídio, os policiais prenderam um jovem de 17 anos apontado como autor. O adolescente tem ligação com o tráfico e o assassinato teria sido imposto por líderes do crime organizado, a fim de cobrar a vítima pelo crime patrimonial. À época, o autor, que não teve nome revelado, foi levado pela Polícia Civil até a Fase, de Porto Alegre. Vai responder no Juizado da Infância e da Juventude por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e pelo recurso que dificultou a defesa da vítima. (RESOLVIDO)
Morto com um tiro na cabeça em 28 de janeiro, Rafael da Silva Santos foi encontrado sangrando à margem da BR-471, no Bairro Santa Vitória. Foi levado por ocupantes de um Kadett até o Hospitalzinho. No local, constatou-se que havia levado um tiro na cabeça e o projétil ficou alojado. O rapaz chegou a ser transferido ao Hospital de Caridade e Beneficência de Cachoeira do Sul, mas faleceu.
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O caso foi o primeiro do ano a ser investigado pela 2ª DP e ainda não tem conclusão. No entanto, o delegado Alessander Zucuni Garcia disse que a autoria já está identificada, mas faltam diligências. O autor teria dito aos agentes que efetuou um disparo acidental. Um homem teria oferecido uma arma para ele, mas que no manuseio acabou disparando e acertando Rafael, que estava próximo. A 2ª DP busca identificar se a história contada pelo autor é verídica. (NÃO RESOLVIDO)
Wellington dos Santos Ferreira, 22 anos, foi alvejado por cinco disparos de arma de fogo que atingiram cabeça, pescoço e tórax, na frente de sua casa, na Rua Affonso Pohl, Bairro Rauber, em 14 de fevereiro. Dois homens chegaram de moto, atiraram e fugiram. Em 25 de fevereiro, a 2ª DP prendeu um dos indivíduos apontados como o autor do assassinato, durante cumprimento de mandado no Loteamento Santa Maria, Bairro Dona Carlota. Ele estava com dois revólveres calibre 32 e munições.
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O preso tem 24 anos e antecedentes por receptação, furto, roubos e homicídios. Posteriormente foi preso o segundo. Eles vão responder por homicídio qualificado pelo recurso que dificultou a defesa da vítima. A motivação teria sido uma rixa antiga entre vítima e autores. A fase de instrução processual já foi realizada. Os dois acusados, que não tiveram os nomes revelados, são defendidos pela Defensoria Pública e pelo Gabinete de Assistência Judiciária (GAJ) da Unisc. Eles já foram pronunciados e vão responder pelo crime em júri popular ainda a ser marcado. (RESOLVIDO)
Silvio Aloísio Soder, o Tuti, 64 anos, morreu com um tiro no peito na noite de 13 de fevereiro, durante tentativa de roubo ao armazém de sua família em Linha Eugênia, próximo de Monte Alverne. Além de assassiná-lo, dois homens armados ainda deixaram ferido o irmão dele, Silvério Wagner, de 62 anos. Após a confusão, os assaltantes fugiram sem levar nada. A investigação ficou com a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).
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O delegado regional Luciano Menezes revelou que o santa-cruzense Marco Antônio de Carvalho, 47 anos, conhecido pelo apelido de Véio, foi um dos integrantes que agiu no crime. Véio foi morto por disparo de um brigadiano quando tentou assaltar um banco em 8 de abril, em Santana da Boa Vista. De acordo com o delegado Marcelo Chiara, ainda faltam diligências para poder concluir o inquérito desse caso. (NÃO RESOLVIDO)
Tiara Schlosser, 37 anos, foi assassinada pelo marido Roni Belhing, de 49, em 21 de junho. O caso chocou a comunidade de Monte Alverne. O homem esganou a mulher dentro do quarto. Depois, foi até a garagem, onde se enforcou com uma corda. Testemunhas relataram que, ao longo dos dias que antecederam o delito, Roni havia mandado os dois filhos para uma sobrinha cuidar.
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Na tarde do dia 21, parentes teriam tentado entrar em contato por telefone, mas não obtiveram respostas. Segundo a Deam, que concluiu o inquérito em 18 de julho, não foram identificadas possíveis motivações. No entanto, os investigadores colheram depoimentos com familiares, amigos e vizinhos que revelaram que o autor do feminicídio teria confidenciado que o casal estaria se separando. (RESOLVIDO)
Heide Priebe foi assassinada na tarde de 8 de julho, na Travessa Tenente Barbosa, Centro de Santa Cruz. Seu ex-companheiro Servo Tomé da Rosa, 69 anos, atirou à queima-roupa contra sua cabeça e braço. No último disparo, que provocou a morte, o projétil entrou pela lateral do corpo e atingiu o pulmão.
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Embora tenha sido levada ao Hospital Santa Cruz, Heide morreu ainda naquela noite. Servo tentou se matar com um tiro no peito, mas sobreviveu após receber atendimento. Foi conduzido ao presídio logo após deixar o hospital, na tarde de 11 de julho, pelos policiais da Deam. A audiência de instrução do caso foi realizada no dia 28 de outubro. Servo foi pronunciado para responder pelo crime em júri popular ainda a ser marcado. (RESOLVIDO)
Bruno Machado de Moraes, 21 anos, foi assassinado a tiros na madrugada de 2 de julho. O corpo foi encontrado por um morador próximo à escada de acesso a uma moradia na Rua Presidente João Goulart, no Bairro Faxinal Menino Deus.
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Na investigação do caso, a 2ª DP descobriu que o mandante do crime foi Cláudio Mendes Pacheco, o Toquinho, 43 anos, membro da facção Os Manos e que cumpre pena na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), em Charqueadas. A vítima trabalhava na venda de drogas para esse apenado e, no turno dele, acabou dormindo e não foi traficar, o que resultou no homicídio. O inquérito permanece em aberto. A 2ª DP busca identificar os executores, e há diligências pendentes nesse sentido. (NÃO RESOLVIDO)
O assassinato de Cleison dos Santos, o Cleisinho, 21 anos, chamou a atenção pela crueldade. Seu corpo foi encontrado em 15 de março. Estava degolado e dentro de uma cova no Loteamento Santa Maria, Bairro Dona Carlota. No dia 20 de abril, em Candelária, a 2ª DP prendeu Diogo Francisco da Silva, de 21 anos, acusado do crime.
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Em depoimento, admitiu o fato, mas alegou legítima defesa. Disse que flagrou a esposa na cama com Cleison, mas que a vítima tinha uma faca, e que em luta corporal acabou matando o rapaz. Em 22 de maio, ele foi indiciado por homicídio duplamente qualificado – meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima – e ocultação de cadáver.
Em 5 de outubro, ele fugiu do presídio. Já houve audiência de instrução do seu caso e ele foi pronunciado para responder pelo crime em júri popular ainda a ser marcado. No entanto, atualmente, encontra-se foragido. Ele é defendido pela Defensoria Pública. (RESOLVIDO)
O pastor Alex Fabiano Ramos Corrêa, 48 anos, foi morto a tiros às 15h30 de 15 de março na frente de casa, na Rua Guarda de Deus, Bairro Santuário. O crime ocorreu minutos após a descoberta do cadáver de Cleison dos Santos em uma cova no Loteamento Santa Maria. A 2ª DP confirmou a conexão entre os casos.
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Quatro homens foram identificados como autores. Segundo a polícia, o quarteto tentou raptar Alex e levá-lo a outro local para coagi-lo a revelar onde estaria Diogo da Silva, autor do homicídio de Cleison, já que Alex era sogro de Diogo e pai da mulher que foi pega na cama com Cleisinho.
Como Alex não colaborou, foi morto. Dois autores, de 25 e 33 anos, foram presos em 7 de abril pela 2ª DP. Um jovem de 20 anos foi detido com revólver e carro usado no crime. Um outro homem, de 22 anos, se entregou em 16 de junho. Os quatro foram indiciados por homicídio duplamente qualificado, pelo recurso que dificultou a defesa da vítima e motivo torpe.
O mais jovem deles, que teria sido o motorista no dia do crime e não atirou contra a vítima, recebeu o direito de responder em liberdade e os outros três foram soltos no dia 21 de outubro, após a Justiça aceitar os pedidos de suas defesas. Uma audiência de instrução foi marcada para março do ano que vem. (RESOLVIDO)
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