As estranhas luzes visualizadas por pilotos ou copilotos de aeronaves em aproximação ao Aeroporto Salgado Filho nos últimos dias motivaram reportagens na mídia e também atraíram estudiosos sobre óvnis, os objetos voadores não identificados, do Estado e do País. Para o porto-alegrense Márcio Parussini, de 52 anos, administrador de empresas que desde a infância e a adolescência se interessa pela temática dos mistérios ou da chamada ufologia (UFO sendo a sigla, em inglês, para o equivalente a óvni), essa recorrência de casos reportados motivou uma curiosidade toda especial.
Em entrevista por telefone à Gazeta do Sul, ele confirma que desde outubro vem reparando nas manifestações de pessoas em diferentes regiões do Estado e do Brasil. “Mas a gente se interessa mais por esses relatos quando eles são feitos por pilotos de aeronaves e, nos últimos dias, foram mesmo muitos. Porque o piloto é um profissional qualificado, que não iria se ocupar de algo comum, rotineiro, que já viu várias vezes ou de tempos em tempos, algo conhecido ou classificado, digamos”, frisa. “E se eles informam que viram luzes desconhecidas, ou de origem não identificável, então, sim, isso merece ser levado a sério. Não se trata de leigos ou de algo banal.”
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Algumas informações obtidas por Parussini a partir de contatos que possui e mantém em outras regiões do Brasil, e até de fora do País, segundo ele, poderiam sugerir uma possível explicação para, quem sabe, ao menos parte das luzes vistas. A empresa norte-americana SpaceX, de propriedade do megainvestidor Elon Musk, teria lançado no espaço recentemente uma nova leva de satélites, de última geração, diferentes dos equipamentos anteriores.
“Consta que teriam sido colocados em circulação mais 80 a 90 satélites no último mês. E é bem provável que eles agora emitam uma luz com intensidade diferente, ou até se comportem de maneira diferente em relação aos anteriores”, ressalta Parussini. “Ou seja, poderiam até mesmo os pilotos, ainda que já experientes, estar sendo, digamos, surpreendidos agora com uma nova forma ou fonte de luz, que ainda não conhecem?”, aventa.
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Dados disponibilizados na internet, conforme o ufólogo, de certo modo poderiam sinalizar para um tráfico intenso de satélites nesses mesmos horários e ambientes. “Mas restaria ver, agora, se o tipo de luz que os pilotos e outros profissionais comunicaram se ajustaria ao comportamento desses novos satélites, ou se poderiam explicar ao menos parte desses casos.”
Parussini alerta que o termo óvni de fato pode ser usado e se aplica a todo e qualquer objeto voador efetivamente não identificado, conhecido. Mas daí a esse óvni ser, digamos, um disco voador ou algo extraterreste é bem diferente. Costuma-se advertir que seguramente 97% de tudo o que alguém menciona como UFO na verdade tem uma explicação, por vezes até bem simples.
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Não raro, sem que a maioria da população o saiba ou isso tenha sido divulgado, pode haver uma competição de drones, cujo deslocamento emitirá luz em função de reflexos ou por sinal de localização do próprio equipamento. E não é incomum que exercícios militares envolvam saltos de paraquedas, ou o uso de materiais que provoquem, igualmente, reflexos. Por isso, um estudioso da área, que acompanha tais relatos ao longo do tempo, busca uma explicação mais científica, e menos mística, ainda que ambas as vertentes existam entre os ufólogos.
Parussini, que já visitou Santa Cruz e participou de atividades com outro ufologista conhecido, o publicitário Rafael Amorim, radicado na cidade, se diz adepto do olhar mais racional sobre os fenômenos. Em Porto Alegre, integra o Grupo de Estudos de Ufologia Científica, e é a partir dessa interação e das trocas de conhecimentos que agora acompanha o desenrolar do caso das “estranhas luzes” sobre o Rio Grande do Sul.
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