A campanha começa oficialmente na próxima terça-feira, 16, mas a participação dos candidatos a governador nos dois encontros ocorridos até agora, o da Band e o da Federasul, já indicaram o que devem ser os temas principais da disputa, como privatizações e dívida com a União – assuntos que, por sinal, vêm pautando pleitos no Estado há décadas. Críticas a Eduardo Leite e tentativas de incorporar a polarização nacional também serão marcantes.
Segundo analistas ouvidos pela Gazeta do Sul, tudo indica que, a exemplo do que ocorreu nos dois debates, Leite se manterá como alvo preferencial dos demais candidatos. A tendência é que tanto os adversários à direita quanto à esquerda explorem fatos como a renúncia do tucano ao governo para tentar viabilizar uma candidatura presidencial, como forma de desconstruí-lo.
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O cientista político Carlos Borenstein, da Arko Advice, lembra que até hoje apenas dois governadores, ao buscar a reeleição, não chegaram ao segundo turno, e Leite, além de ostentar um índice razoável de aprovação, terá um espaço robusto no horário eleitoral gratuito. “Já se vê que os adversários tentam muito descolar a discussão para esse tema da ‘palavra não cumprida’ pelo Eduardo Leite”, observa. O tucano, por sua vez, deve focar nas realizações de sua gestão, como a regularização dos salários dos servidores e o crescimento do PIB do Estado acima da média nacional nos últimos três anos.
De acordo com o também cientista político e professor de Relações Internacionais Bruno Lima Rocha, tanto Onyx Lorenzoni (PL) e Luis Carlos Heinze (PP) quanto Edegar Pretto (PT) devem buscar marcar a todo momento os seus vínculos com Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT), respectivamente, na tentativa de capitalizar votos de simpatizantes dos presidenciáveis. Isso significa que a eleição nacional irá contaminar o debate no Estado. “O alinhamento com seus candidatos a presidente é fundamental para eles. No caso da centro-esquerda, creio que é a única forma de chegar ao segundo turno, contando com a divisão dos votos na direita”, analisa. Pretto também deve buscar invocar a lembrança dos governos anteriores do PT no Estado.
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A estratégia desses candidatos, conforme Borenstein, deve ser de tentar impedir que Leite chegue ao segundo turno, já que, segundo as pesquisas, o tucano teria mais chances tanto contra a esquerda quanto contra a direita. Borenstein lembra que, ao contrário da corrida presidencial, a disputa no Estado se mostra aberta, com um empate técnico entre Leite e Onyx e uma vantagem pequena sobre os demais candidatos, além de um percentual expressivo de indecisos.
Para os especialistas, pelo lado da direita e centro-direita, o que inclui também candidatos como Ricardo Jobim (Novo) e Roberto Argenta (PSC), a expectativa é de um debate voltado a temas como a possível venda da Corsan e do Banrisul e o enxugamento da máquina pública. Já a esquerda e a centro-esquerda, incluindo Vieira da Cunha (PDT) e Vicente Bogo (PSB), tentarão pautar uma agenda com foco no aspecto social.
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No caso da disputa presidencial, a menos de dois meses da votação e com 11 candidatos a presidente homologados em convenções, a possibilidade de uma alternativa à polarização entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL) é considerada quase nula. Segundo Carlos Borenstein, o cenário aponta para uma eleição de caráter plebiscitário.
No caso do petista, que lidera as pesquisas até o momento, a estratégia deve ser comparar as suas gestões com a de Bolsonaro, sobretudo no aspecto econômico e com foco no eleitorado mais pobre e da região Nordeste, além de tentar capitalizar os movimentos em defesa da democracia. “Ele vai buscar um voto retrospectivo, levando a discussão para o passado, para os oito anos em que governou, tentando mostrar que ele sabe como fazer e tem como entregar uma recuperação econômica”, observou.
Por outro lado, as recentes medidas adotadas pelo governo, como ampliação do Auxílio Brasil e do vale-gás, bem como os vouchers para caminhoneiros e taxistas, já garantiram um crescimento de Bolsonaro em colégios eleitorais estratégicos, como São Paulo e Minas Gerais. Conforme Borenstein, o real impacto dessas medidas deve ser observado nas pesquisas de setembro.
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“O desafio dele é convencer que, mesmo sendo o representante da continuidade, consegue também entregar um combate à inflação, ao desemprego e à fome de forma mais eficiente do que o Lula. Ao mesmo tempo, ele deve explorar a pauta do antipetismo, que é menor do que em 2018 mas ainda existe na opinião pública, apostando muito na mobilização do eleitorado evangélico”, comentou. Bolsonaro deve seguir com os questionamentos ao sistema eleitoral, o que agrada aos seus seguidores. Nesse sentido, os atos previsto para 7 de setembro devem ser chave.
Na mesma linha, Bruno Lima Rocha acredita que, além da comparação de governos e reputações, temas como a inserção internacional do Brasil e o meio ambiente, sobretudo a proteção da Amazônia, devem aparecer com força durante a campanha.
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