O fim de tarde dos últimos dias se transformou em um espetáculo à parte no céu. Quem olha pela janela para ver o pôr do sol acompanha uma pintura que se alterna a cada dia. Na última sexta-feira, 15, o início da noite foi celebrado com uma festa amarela, laranja, rosa, azul e cinza. O que poucos sabem é que as tonalidades dizem respeito ao clima e projetam o tempo para o dia seguinte.
Quanto mais laranja e vermelho o fim da tarde, mais limpo e ensolarado é o dia seguinte. A explicação é do pós-doutor em Climatologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Cássio Arthur Wollmann. De acordo com ele, a projeção de luz no céu está ligada ao fenômeno de espalhamento de radiação do sol. Esta radiação, que tem níveis diferentes por conta do formato da Terra e a distância dela do sol, acaba criando tons diferentes que vão do amarelo ao rosa.
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E as cores “quentes”, como os tons de amarelo, laranja e vermelho, indicam tempo seco no dia seguinte. “Isso mostra a falta de nuvens, na faixa de céu que vai além do horizonte. Por conta disso dá para prever que o dia seguinte será seco. Quanto mais laranja e amarelo for o fim do dia, mais limpo estará o céu no próximo dia”, explicou Wollmann.
O pesquisador explica que o fenômeno é mais duradouro no fim do dia por causa do acúmulo de partículas na atmosfera. Ao longo do dia são lançados gases e poluentes na atmosfera e, quando chega a hora do pôr do sol, esses elementos estão todos suspensos no céu. “Eles refletem a radiação que o sol emite, fazendo com que o fim de tarde seja colorido. Essa imagem fica mais visível no fim do dia por conta da quantidade de partículas, que é maior neste horário”, disse Wollmann.
Se as cores “quentes” têm a ver com o sol e o clima seco, as cores mais frias, como o azul e cinza, indicam a presença de nuvens no céu. Conforme Wollmann, a presença de umidade é indicada pelo azul e o cinza pode ser nuvens ou a sombra delas projetada no céu do fim do dia. “É um espetáculo natural, comum, mas muito bonito”, classificou.
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Fenômeno que se repete, mas nunca é igual
O coordenador do Laboratório do Clima da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Francisco Eliseu Aquino, conta que a “pintura” que se forma no céu todos os dias não se repete. “Na última sexta-feira, em especial, o céu estava muito limpo sobre a região de Santa Cruz do Sul, por isso que a imagem vista foi bela. Essa beleza deve se repetir nos próximos dias, mas sempre de uma forma diferente”, destacou o pesquisador.
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As tonalidades mais amarelas e laranjas ocorrem por causa da posição do sol, mais próximo da terra na hora do entardecer e do amanhecer. Segundo o professor Aquino, os meses de outono e do início do inverno favorecem a incidência deste fenômeno, chamado de MIE, em homenagem aos pesquisadores que estudaram as “cores” do céu. “Quando o sol está na posição mais alta, o espalhamento de radiação tem a cor azul. Quanto mais próximo da terra, mais amarelo e laranja fica esse reflexo”, diferenciou.
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