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Saiba como é andar no primeiro carro elétrico de Santa Cruz

Se alguém dissesse, dez anos atrás, que Santa Cruz do Sul terminaria 2018 no topo do ranking das cidades que mais geram energia solar no Rio Grande do Sul você provavelmente torceria o nariz para a previsão. E é compreensível, pois no fim da década passada as placas fotovoltaicas ainda não estavam sobre centenas de telhados na cidade. Sendo assim, não duvide que dentro de poucos anos os carros elétricos serão cada vez mais comuns nas ruas. O primeiro que será emplacado no município, segundo o Detran, foi testado nessa quinta-feira pela Gazeta do Sul.

Trata-se de um BMW i3, totalmente elétrico (e não híbrido), comprado em Curitiba pela Solled, empresa local que é referência em energia solar no Estado. A ideia é usar o carro de visual futurista e alta tecnologia justamente para divulgar e estimular o uso de energia limpa. Ele tem emissão zero de poluentes. Com a chegada do i3, a empresa já deu início à construção de um eletroposto junto à sede, na RSC-287, em frente ao Comando Rodoviário da Brigada Militar. Esta será a primeira unidade de “abastecimento” de carros elétricos no interior do Estado. Na prática as baterias podem ser recarregadas ao plugar o cabo do carro em qualquer tomada de energia, mas no eletroposto o reabastecimento é bem mais rápido, dura no máximo uma hora e meia. Na tomada da garagem de casa uma recarga completa leva de dez a 12 horas.

O BMW chama logo a atenção pelo estilo, uma mistura de minivan com esportivo. Mas é com o motor ligado que vem a primeira surpresa: o silêncio. Ao contrário do carro com motor à combustão, o elétrico é totalmente silencioso. Só mesmo conferindo no painel (uma tela semelhante à de um tablet) para saber se o motor de incríveis 170 cavalos está ou não funcionando. Com o carro rodando, os únicos barulhos vêm do atrito dos pneus com o pavimento e da saída do ar-condicionado (um ruído mínimo, mas que na prática ajuda o motorista de primeira viagem a não estranhar tamanho silêncio). O potente sistema de som é controlado em uma enorme tela multimídia posicionada no centro do painel.

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O elétrico é automático e a condução é igual à de um carro automático convencional. O motorista apenas se surpreende com a potência (o torque é instantâneo, proporcionando muita força e agilidade no trânsito) e com a sensação de que basta tirar o pé do acelerador para que o BMW i3 já comece a reduzir a velocidade. No elétrico não tem como andar no embalo. Isso porque quando o acelerador não está pressionado ou quando o freio é acionado o carro ativa a tecnologia de regeneração de energia (também indicada no painel), que ajuda a manter a carga do conjunto de baterias de íons de lítio.

Foto: Bruno Pedry
Baterias podem ser recarregadas em casa: basta plugar o carro na tomada e esperar

 

A energia que alimenta tudo no i3 fica estocada sob o assoalho, um pouco mais elevado na comparação com as minivans tradicionais. A capacidade é para cerca de 4,5 mil recargas, o que dentro de um uso urbano médio acontece entre dez e 12 anos. Já o motor fica parte sob o banco traseiro e parte sob o porta-malas, que tem capacidade para 260 litros. A tração é traseira. Sob o capô dianteiro há apenas um pequeno compartimento onde o motorista guarda o cabo de energia da recarga e o pequeno compressor a ser usado em caso de pneu furado. O i3 não tem estepe.

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Quanto custa?

Ter um carro elétrico no Brasil ainda é caro. Mas não pela manutenção, e sim pelo veículo em si. O BMW da Solled é modelo 2015 e foi comprado por cerca de R$ 150 mil. Um novo custa cerca de R$ 200 mil e, encomendado agora, chega só em agosto. A expectativa é que haja algum tipo de incentivo fiscal, o que reduziria o valor e deixaria o elétrico mais acessível.

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O reabastecimento é barato, bem mais em conta que um carro do mesmo porte movido a gasolina. Tem ainda a economia indireta de não poluir o ambiente. Uma carga cheia no modo “conforto” (há outros três perfis e o mais econômico impede o uso do arcondicionado, por exemplo) é suficiente para rodar cerca de 135 quilômetros na cidade.

Considerando a rotina de quem roda cerca de 150 quilômetros por semana na cidade, o i3 precisaria, na prática, de aproximadamente cinco cargas completas no mês (cada uma consome cerca de 23 quilowatts). A conta de luz ficaria perto de R$ 95,00 mais cara no mês. O mesmo uso de um carro a gasolina (consumo de 10 km/l)
custaria R$ 250,00 no mês. No caso do BMW i3, quem gera a própria energia com painel solar gastaria pífios R$ 13,00 por mês para recarregar as baterias.

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