No último sábado, 14, o governo do Estado divulgou a atualização semanal do modelo de distanciamento controlado, já com os novos critérios adotados na quinta-feira, 11. O aumento no número de casos confirmados e a redução na capacidade da rede hospitalar acabaram colocando as regiões de Santa Maria, Santo Ângelo, Uruguaiana e Caxias do Sul na bandeira vermelha, classificação de risco considerado alto.
Com essa mudança para pior, uma série de novas restrições mais severas foi imposta aos municípios que compõem essas regiões, dentre elas o fechamento total do comércio considerado não essencial. O administrador Ricardo Zart Arend, natural de Santa Cruz do Sul e que reside em Santa Maria há 17 anos, conta que a redução no movimento nas ruas centrais da cidade é perceptível. “Quase todo o comércio está fechado, e a quantidade de pessoas reduziu bastante no geral, exceto para os supermercados”, observa. Outra mudança que impactou a rotina da população foi a proibição do funcionamento das academias. “Não existia nenhum caso confirmado lá, mas a bandeira vermelha determina o fechamento”, lamenta.
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Outros segmentos da economia afetados pela classificação de risco alto são os bares e os restaurantes, que passam a operar com o máximo de 50% da capacidade, e fica vedado o atendimento presencial. O transporte coletivo urbano também fica restrito à metade da capacidade de cada ônibus, enquanto nos intermunicipais apenas os assentos das janelas podem ser ocupados. Para a indústria, principal atividade econômica de diversos municípios, as restrições variam de 50% a 75% do quadro em cada turno.
Na região de Caxias do Sul, onde alguns prefeitos questionaram a classificação imposta pelo governo do Estado e ameaçaram não cumprir as novas determinações, a população também percebe as mudanças. O dentista Gustavo Martins, morador de Bento Gonçalves, relata a redução na clientela. “Antes da pandemia, eu atendia cinco dias por semana no meu consultório. Agora tenho ido somente às segundas-feiras”, observa. Mesmo com o comércio funcionando apenas nos serviços essenciais, Martins se diz surpreso com o fluxo de pessoas nas ruas. “Me espanta. Mesmo com a mudança da bandeira, não percebo diferenças em relação à semana passada. Ainda existe muita aglomeração, especialmente nas filas dos bancos”, finaliza.
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MUDANÇAS
Durante pronunciamento em uma rede social na tarde dessa terça-feira, 16, o governador Eduardo Leite (PSDB), em ação inédita, reduziu a bandeira das regiões de Santo Ângelo e Santa Maria, que apresentaram melhora nos indicadores do modelo de distanciamento controlado nos últimos dias. A atualização ocorre normalmente aos sábados, e essa é a primeira vez que a classificação de risco sofre alteração durante a semana. Com isso, essas regiões deixam a bandeira vermelha (risco alto) e retornam à bandeira laranja (risco médio).
As regiões de Uruguaiana e Caxias do Sul, onde os prefeitos haviam protestado contra a decisão, permanecem com bandeira vermelha pelos próximos 14 dias. Leite voltou a alertar as prefeituras quanto às determinações. “Se não houver cumprimento, o Ministério Público acionará judicialmente, e os prefeitos serão notificados”, reitera. Outra mudança será no dia de atualização das bandeiras, que passará para as sextas-feiras, com o objetivo de dar mais tempo de contestação aos municípios. A vigência também passou das segundas para as terças-feiras.
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