Eram 9h37 dessa segunda-feira, 16, quando a delegada Raquel Schneider, acompanhada de dois agentes e de uma oficial de Justiça, ingressou na sede da Associação de Auxílio aos Necessitados (Asan) de Santa Cruz do Sul. Quase um mês após deflagrar uma ação que revelaria um esquema de desvio de verbas e doações no lar de idosos, a Polícia Civil cumpriu mais uma ordem judicial no local, que conta com cerca de 75 residentes e fica na Rua Padre Luiz Müller, Bairro Bom Jesus.
O objetivo do mandado, solicitado pela delegada Raquel e autorizado pela juíza Márcia Inês Doebber Wrasse, foi afastar a assistente administrativa Adriane Ines Fritzen, de 49 anos. Ela foi identificada nesta segunda fase da investigação, após análise nas mídias apreendidas durante a primeira ação da Polícia Civil no local, deflagrada há cerca de um mês, em 19 de agosto.
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Naquela data, seis pessoas – entre elas o principal investigado, Marco Antonio Almeida de Moraes, 49 anos, que era administrador da Asan e vice-presidente do Conselho Municipal do Idoso (CMI) – foram afastadas. Conforme as apurações, a sétima investigada, alvo da ação de ontem, integra o suposto grupo que estaria cometendo na Asan crimes como lavagem de dinheiro, associação criminosa, apropriação indébita de bens de pessoa idosa e falsidade ideológica.
“Agora, não existem mais pessoas desse grupo atuando diretamente na diretoria e no controle de valores da Asan. Essa é a última pessoa que nós apuramos que ainda tinha ligação com esse esquema fraudulento. Ela auxiliava o Marco, por exemplo, na criação de MEIs para um eventual servente de pedreiro, que depois fornecia notas para a Asan de serviços que não eram executados na instituição”, detalhou a delegada.
Conforme Raquel, o caso chegou ao conhecimento da polícia há alguns meses, a partir de denúncias de pessoas que trabalhavam na Asan. “Essas pessoas perceberam que esse esquema existia e poderia ter algo grande por trás, e efetuaram denúncias ao Ministério Público, que nos repassou para investigar. Apuramos a existência de uma empresa em nome do filho do Marco, uma construtora, e que ele, dentro da Asan, fazia toda a manobra de desvios”, contou a delegada.
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Segundo ela, Adriane trabalhava na parte de pagamentos e recursos humanos. “Essa pessoa afastada tinha ligação com o Marco. Foi ele quem a contratou para trabalhar ali, e ela auxiliava ele. Inclusive, no horário de trabalho na Asan, atuava na contratação de pedreiros para a construtora, fazia entrevistas de empregos de funcionários dele, assim como colocava notas fiscais para dentro da contabilidade. Fazia o controle da prestação de contas junto com ele”, complementou a delegada.
Assim como os outros seis investigados, Adriane Ines Fritzen não pode mais atuar na sede da Asan. Após ser comunicada de seu afastamento, ela foi liberada para ir para casa. Em depoimento formal à delegada Raquel, afirmou que não sabia do esquema e disse que não ganhou nada. A Gazeta do Sul não conseguiu localizar a defesa da investigada. O espaço permanece aberto para manifestação.
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