Em paralelo a investigações de tráfico, assaltos, violência doméstica, tortura com espada samurai e até um furto de grandes proporções em uma fumageira, a Polícia Civil de Vera Cruz traçava em sigilo, ao longo dos últimos meses, uma apuração peculiar. A busca pela cigana Ciara Galvão Alves transcendeu o Estado e contou com a participação de múltiplos agentes.
Foragida da Justiça, a autora confessa do único homicídio em Vera Cruz neste ano foi capturada no fim da tarde de sexta-feira, em um imóvel na localidade de Linha João Batista Prates, no interior do município de Redentora, região Noroeste do Estado. Ela utilizava documento de identidade com um nome falso e portava uma pistola calibre 9 milímetros, um carregador e 12 cartuchos.
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Nessa segunda-feira, 14, a delegada Lisandra de Castro de Carvalho contou alguns bastidores da ação policial. “Além da apuração do crime, houve uma investigação à parte para localizar a foragida. Tínhamos elementos de autoria, e precisamos nos desdobrar com uma série de técnicas policiais e colaborações de agentes de outros municípios e estados para conseguirmos efetuar a captura”, comentou a chefe da Delegacia de Polícia (DP) de Vera Cruz.
Um desses policiais que tiveram grande importância na ação foi o delegado Vilmar Alaídes Schaefer, titular da DP de Redentora. Sua equipe, em contato com a delegada Lisandra, realizou trabalhos de campana e monitoramento na região Noroeste do Estado, a fim de localizar a investigada.
“O delegado Vilmar e seus agentes não mediram esforços. Após a identificação do ponto onde ela estaria, eles solicitaram um mandado de busca e apreensão e a localizaram”, explicou Lisandra.
Tatuagem em investigada confirmou identidade
Ciara Galvão Alves, 34 anos, é a autora confessa do assassinato a tiros de seu marido, Tiago Galvão, também de 34 anos, no dia 28 de março, em uma residência da Rua Carlos Hepp, no Bairro Arco-Íris, em Vera Cruz. Ele era natural de Santo Ângelo, e ela é do município de Maximiliano de Almeida. Os dois estavam morando com a filha de 15 anos em Vera Cruz há apenas 40 dias quando o homicídio aconteceu.
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Ela alegou legítima defesa, mas a polícia desmentiu essa versão por meio de provas testemunhais e técnicas. Desde o início de abril a cigana encontrava-se foragida, com um mandado de prisão preventiva em aberto. Os investigadores apuraram que Ciara circulou por municípios como Bonito, em Mato Grosso do Sul, onde uma familiar dela foi presa usando nome falso; e Terra Rica, no Paraná.
Quando capturada, ela estava com um documento de identidade uruguaio, utilizando o nome de Ana Soares. Conforme a delegada Lisandra, Ciara tentou fugir e, ao ser detida, inicialmente alegou ser outra pessoa. No entanto, a prova cabal que confirmou ser a mulher procurada pelo assassinato do marido foi uma tatuagem. Os agentes da DP de Vera Cruz enviaram uma imagem para o delegado Vilmar, que em comparação verificou ser o mesmo desenho tatuado na acusada.
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Sobre o documento falso, após a sua identificação, ela justificou aos policiais civis dizendo que criminosos estavam à sua procura, e essa teria sido uma forma de se esconder. Ciara foi presa na residência em que estavam sua mãe e outras pessoas. Depois de prestar depoimento na delegacia de Redentora, ela foi levada para o Presídio Estadual de Três Passos.
“Foi um trabalho intenso, desgastante, mas felizmente tivemos êxito com a prisão. Nunca desistimos e nunca nos demos por vencidos nessa busca”, disse a delegada Lisandra. Segundo ela, a mulher deve ser trazida para cumprir prisão preventiva em presídio do Vale do Rio Pardo. Uma perícia de confronto balístico será solicitada para verificar se o projétil encontrado no corpo da vítima coincide com a arma apreendida com a mulher. Ao final do inquérito, Ciara vai ser indiciada por homicídio qualificado.
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