O clima dos últimos meses não foi favorável ao cultivo da melancia em Rio Pardo. O ciclo da planta atrasou, o desenvolvimento da fruta ficou aquém do esperado e a estimativa, com base no que já foi colhido, é de queda de cerca de 50% na produção. A área plantada na safra atual é calculada em 2,2 mil hectares, com lavouras principalmente nas localidades de Passo da Areia, Arroio das Pedras, Passo do Adão e Passo da Taquara. A expectativa era obter 30 toneladas por hectare. No entanto, a produção não passará de 15 toneladas por hectare, conforme o extensionista João Gomes, da Emater/RS-Ascar.
Gomes diz que ocorreram chuvas fortes em agosto e setembro, o que prejudicou os tratos culturais, pois houve dificuldade de limpeza da lavoura e na aplicação de defensivos, assim como perda de adubo, que foi carregado pela água da chuva. A ocorrência, na primavera, de dias quentes e noites frias, com temperaturas abaixo de 17 graus, fez com que a floração inicial fosse abortada.Depois, a chuva ficou abaixo da média. “Em vista de todos estes fatores, foi reduzida a produtividade das lavouras e os frutos ficaram menores que o esperado.”
Em decorrência das questões climáticas, a colheita também atrasou em torno de 30 dias. Costuma ser mais intensa em novembro, o que só aconteceu em dezembro. Agora, se encaminha para o fim. O sol forte também vem afetando a cultura e deixando a casca da melancia com manchas que a depreciam. No entanto, Gomes afirma que a qualidade do fruto para consumo é boa. O produto só está menor que nos anos anteriores. Em compensação, o preço pago ao produtor está maior nesta safra por causa da menor oferta. Na banca, a unidade é vendida por valor entre R$ 4,00 e R$ 5,00, enquanto na safra passada, nesta modalidade, ficava entre R$ 2,50 e R$ 3,00.
Publicidade
Na venda para mercados, o produtor está recebendo entre R$ 0,35 e R$ 0,40 pelo quilo, ante R$ 0,20 e R$ 0,25 na safra anterior, quando houve excesso de oferta. O produtor Mauro Alves, que plantou melancia cultivada no sistema orgânico em 2,5 hectares na localidade de Arroio das Pedras, também entende que 2017 não foi o melhor ano para essa cultura. Mas o seu caso é diferente porque não há queda na produção. Em razão dos dias de calor no inverno, ele plantou mais cedo e, consequentemente, adiantou a colheita, iniciada em 25 de novembro. E diz que a produção será de 2 mil frutas por hectare, correspondendo às expectativas, apesar dos problemas de doenças enfrentados com a chuva de outubro.
Alves explica que trabalha com o equilíbrio da planta, usando adubação orgânica e foliar. Por isso, as precipitações não chegaram a causar queda na produção. Quanto à qualidade, destaca que está muito boa. “Em novembro e dezembro ocorreu menos chuva, favorecendo o sabor da fruta, que fica mais doce”, explica.
Encruzilhada já iniciou colheita na área mais baixa
Publicidade
Em Encruzilhada do Sul, produtores da localidade de Abranjo, região mais baixa, já iniciaram a colheita. Na área mais próxima da sede do município, que tem maior elevação, a retirada da fruta das lavouras deve começar dentro de 20 dias. Conforme o técnico em agropecuária do escritório da Emater no município, Osmar Nunes, a área destinada ao cultivo da melancia em Encruzilhada na safra atual é estimada entre 2 mil e 2,5 mil hectares.
A expectativa, até o momento, é que a produção seja de 30 a 40 toneladas por hectare ou um pouco mais, se neste período restante de desenvolvimento da fruta houver chuva regular e não ocorrer frio fora de época ou excesso de calor. A qualidade até agora está boa, mas a falta de chuva regular e o baixo volume de precipitação afetaram um pouco o desenvolvimento vegetativo nas lavouras, podendo causar a diminuição da produtividade e do tamanho da fruta.
A ação do sol forte também é motivo de preocupação, tanto que, segundo Nunes, nas lavouras ainda não colhidas há produtores que estão protegendo as frutas com papel. As melancias produzidas em Encruzilhada do Sul têm mercado garantido, segundo o técnico. Uma parte pequena é vendida na beira do asfalto e o restante é destinado a uma rede de distribuição de São Paulo e para a Ceasa, de Porto Alegre.
Publicidade
This website uses cookies.