O balanço das contratações de trabalhadores sazonais pelas indústrias do tabaco acende um sinal de alerta. Conforme levantamento feito pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Alimentação de Santa Cruz do Sul e Região (Stifa), o número de empregados nas linhas de produção – entre safreiros e trabalhadores efetivos – no pico da safra de 2022 é menor do que o esperado. Na comparação com o ano passado, há mil trabalhadores a menos, o que representa uma redução na casa dos 8%.
Segundo o presidente do Stifa, Gualter Baptista Júnior, no auge da safra de 2021 eram 13 mil empregados nas linhas de produção. Neste ano, a soma deve chegar a 12 mil, frustrando a expectativa do período. “Não foi uma safra de qualidade quanto ao que era esperado. Foi uma safra desigual na comercialização, pois desde o início exibia um cenário de tensão entre os players [os que têm a influência] do setor e os produtores”, justifica.
LEIA TAMBÉM: O que dizem as empresas de tabaco sobre a proibição aos cigarros eletrônicos
Publicidade
Se o clima de incerteza que rondou o início da entrega do tabaco, entre os meses de abril e maio, foi uma realidade, a especulação do mercado contribuiu ainda para um desgaste entre o setor produtivo primário e a indústria processadora. “Foi um cenário nada positivo, mostrando que essa situação ainda pode continuar por mais tempo”, deduz Baptista Júnior.
Em finalização das contratações, o índice de trabalhadores sazonais na indústria do tabaco fechará 2022 com uma redução de 8% ante o volume de contratos feitos no ano anterior. “Em algumas empresas, até houve um incremento na contratação de pessoas, mas o fato concreto é que o número de efetivos e sazonais fechará com mil empregos a menos. Isso nos preocupa muito, pois o Brasil, sendo um dos grandes produtores de tabaco, mostra estar entrando em uma regressão, o que poderá refletir na próxima safra”, complementa. “É uma safra que ficou muito longe de ser ideal, sob vários aspectos.”
LEIA TAMBÉM: Políticos da região Centro-Serra pressionam pela classificação do tabaco nas propriedades
Publicidade
Instabilidade pode abalar o mercado mundial
Toda a instabilidade da safra atual pode, inclusive, refletir na imagem e valor do tabaco no exterior. Com todo o cenário atual desenhado, o valor do produto brasileiro deixou de estar alinhado ao mercado internacional. “A situação é preocupante para nós, representantes dos trabalhadores, porque esse descompasso entre o preço nacional e o do mercado pode representar uma elevação do Custo Brasil e, com isso, uma fuga de volume de compras do País”, alerta Gualter Baptista Júnior.
A instabilidade gerada desde o começo da safra pode, na avaliação do Stifa, ampliar a produção internacional de tabaco, com custo mais baixo, em uma situação considerada desfavorável para toda a cadeia. “A comercialização com folha solta é outro fator que nos preocupou nesta safra. Durante muitos anos, se primou pelo tabaco manocado, que garante melhor padronização na classificação, sendo chamado o tabaco ‘limpo’ por muitos produtores”, conta o presidente do Stifa. Ele pondera que a mudança nessa forma de venda pode ter reflexos na exportação do produto. “Se o tabaco brasileiro começar a passar com mais impureza, haverá uma perda de espaço. Perda de espaço significa menos empregos.”
LEIA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS DO PORTAL GAZ
Publicidade
Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!