Há assuntos ditos “proibitivos”, isto é, de abordagem crítica não recomendável. Ou porque têm proteção constitucional, ou porque gozam de prestígio popular. Entre tais, o alheio exercício da religiosidade e da fé.
Nos últimos 20 anos, chama atenção o crescimento do número de templos e seitas, batizados com os mais variados e criativos nomes. Lógico, quase todos em nome de Deus e de Jesus.
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Sua proliferação despertou a curiosidade popular e as suspeitas das autoridades acerca da origem e destino, forma e valores de suas arrecadações financeiras.
Para muito além de doações e dízimos dos fiéis, algumas congregações dominam negócios. Além dos templos, têm emissoras de rádio e TV, jornais e sites, editoras e gravadoras de música, por exemplo.
Como são organizações de bases físicas nos recantos mais humildes, de mobilização e trabalho social, e, sobretudo, pelo despertar de lideranças comunitárias, também adveio o interesse dos partidos políticos e dos governos. Até mesmo de partidos e líderes com históricas e ideológicas restrições à prática religiosa e messiânica.
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Salvo o direito de qualquer agrupamento social exercitar suas preferências político-partidárias, assim como pretender o exame e o acolhimento de suas teses no âmbito parlamentar e governamental, importa, entretanto, destacar prováveis e inconvenientes efeitos colaterais.
Entre tais, uma vez submetido a uma expressiva influência de natureza e origem religiosa, todo e qualquer poder de Estado assume graves riscos de perturbação e confusão institucional.
Afinal, nossa nação fez uma opção constitucional (estado laico), ou seja, não tolera a interferência religiosa em assuntos estatais, e muito menos a prática e a reivindicação de privilégios, salvo os legalmente previstos.
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Desde o princípio de sua gestão, o atual governo patrocinou esse equívoco institucional, inclusive supervalorizando a tal “bancada evangélica” com verbas, secretarias e ministérios.
Logo, inevitável e consequentemente, há uma evidente repercussão e influência político-eleitoral em curso. Esse fato determinou aos partidos e aos líderes oposicionistas uma reação equivalente, ou seja, uma procura e incorporação da temática religiosa às suas narrativas.
Em resumo, é de se lamentar o andamento do processo eleitoral. Quando devíamos estar discutindo questões objetivas e materiais da administração pública, advém e predomina um debate sobre crenças, moral e política de costumes, em tom inadequado, oportunista e demagógico.
Ironicamente, os responsáveis menosprezam um mandamento religioso – “Não usarás o nome de Deus em vão!” – e ignoram a Constituição. Um sacrilégio religioso e institucional!
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