Eis que, no último sábado, decidimos quebrar o longo jejum de visitas a feiras e eventos imposto pela pandemia e levamos as crianças à Expocande. Logo na chegada a Candelária, percebemos que não éramos os únicos ansiosos em colocar o nariz para fora de casa para ver coisas novas – a fila de veículos em direção à exposição começava já no trevo com a RSC-287. Após o que parecia um interminável anda e para, para e anda, nos aproximamos do parque e teve início um novo desafio: encontrar um lugar para estacionar.
Enveredei pelo estacionamento anexo ao parque e percebi que ainda demoraria até encontrarmos uma vaga. O imenso espaço estava lotado. Os guardas sinalizavam para que eu fosse avançado e, nas imediações do guichê de acesso ao interior da feira, um deles se aproximou da minivan para dar-me um precioso conselho:
– Deixe a esposa e as crianças aqui, e continue sozinho até o final do estacionamento.
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Mas nenhum dos meus cinco tripulantes quis seguir o conselho do guarda. Argumentaram que seria um saco ficar esperando até que eu localizasse uma vaga e retornasse a pé para nos reencontrarmos. E ficaram todos no carro. Contudo, à medida que eu avançava, percebi que o guarda tinha razão: como havia chovido muito nos dias anteriores, o caminho estava tomado pela lama.
Mais duas dezenas de metros, e outro vigia orientou-me a deixar o carro sobre um gramado, uma espécie de potreiro, já aos fundos do estacionamento. E veio novo alerta:
– O lugar está bastante úmido. Deixe teu pessoal esperando aqui e continue sozinho.
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Desta vez os passageiros concordaram, mas então já era tarde – havíamos avançado demais e, quando reencontrei o meu povo, após ter estacionado, todos já tinham os sapatos ladeados por barro. E minha esposa, de tão brava, havia se convertido em uma fera capaz de amedrontar até o famoso velociraptor que circulava pela feira. Tentei acalmá-la com o melhor argumento que me ocorreu na hora:
– Certamente todos na feira estão com os pés embarrados, ninguém vai ficar reparando na gente.
Mas eu estava enganado. Já no guichê, percebi que só nós, estabanados, tínhamos os pés embarrados. Paciência, tudo é festa. E entramos na Expocande assim mesmo.
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A Expocande é tradicionalmente uma feira bastante agradável. Tem boa comida, artesanato, agroindústrias, exposições de implementos e de carros antigos. Um dos pontos altos é o espaço reservado ao Museu Municipal Aristides Carlos Rodrigues, repleto de fósseis e de esculturas em tamanho real de criaturas que habitavam Candelária no Período Triássico.
Há também a simpática família de bonecos-dinossauros, símbolos do município, que circulam pela festa. Até sugeri a nossa caçula, Ágatha, de 9 anos, que fosse tirar uma foto com eles, mas a traquinas declinou da ideia.
– Tirar fotos com bonecos é coisa de criança – esclareceu.
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E insistiu que deveríamos ver os animais de verdade. Em tom zombeteiro, relembrei-a de que já não existem dinossauros de verdade, dado que foram extintos há 65 milhões de anos, e a caçula bateu com a mão na testa.
– Ahhh, pai. Estou falando dos cavalos…
Isso eu já imaginava. A traquinas adora cavalos e ainda sonha em ser uma cavalgueira – na sua versão da palavra cavaleira. Fomos encontrá-los um pouco além da exposição de implementos agrícolas, bem acomodados em baias. E não tardou até Ágatha fazer amizade com um magnífico exemplar da raça crioula. Ficaram mais de um quarto de hora de papo, Ágatha e o cavalo, enquanto ele mantinha o pescoço sobre o madeirame da baia, docilmente deixando-se acariciar.
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Mas então nossa turba avançou para outro setor da exposição de animais, onde havia vacas e novilhos. Foi ali que algo inesperado aconteceu.
***
Só escutei o estrondo e o corre-corre das vacas, que se aglomeraram, assustadas, na outra extremidade do cercado, enquanto as crianças explodiam em gargalhadas. Conforme me relataram, uma das vacas, bem gordinha, decidira se coçar em um imenso balde d’água suspenso no madeirame do confinamento. Mas o balde não resistiu e estourou, espirrando água e colocando em debandada a causadora do incidente e suas acompanhantes.
Foi então que outra vaca, talvez a matriarca do rebanho, aproximou-se do balde em ruínas para inspecionar o estrago. E, tendo constatado que toda a água vazara, voltou o olhar para as demais, com ar desolado.
– Dá para ver que ficou aborrecida – comentou Ágatha. – Certamente vai xingar a amiga que causou toda a confusão…
Não ficamos para acompanhar esse possível desfecho. A tarde já avançava, ameaçava voltar a chover e decidimos, enfim, bater em retirada. Afinal, ainda seria necessário resgatar o carro, lá no final do estacionamento.
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Um adendo
Calma, pessoal. Não esqueci que neste domingo é Dia das Mães. Registro aqui, portanto, meu desejo de um fim de semana estupendo para as mamães que nos leem. E aos filhos, um precioso alerta: nestes tempos de muita chuva, redobrem os cuidados com seus sapatos. As mães agradecem.
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