A propriedade número 648 da Rua Gaspar Bartholomay, em Santa Cruz do Sul, já abrigou um açougue popular no passado. Hoje, contudo, serve de depósito de lixo e espaço de convivência para usuários de drogas e moradores de rua. Abandonados há cinco anos, os dois prédios construídos no Bairro Bom Jesus estão em ruínas, sem telhados e quase sem aberturas, tomados pela vegetação que cresce sem controle. Para quem mora ao lado, a dor de cabeça é constante, causada pelo mau cheiro e propagação de ratos e insetos, além dos ruídos de conversas e discussões dos andarilhos que se aventuram por ali.
A empresária Luciana Geller reside em um prédio localizado nas redondezas da propriedade e é dona de uma papelaria que funciona em uma sala comercial do edifício ao lado. “São vários os problemas que nos incomodam. Tem lixo, água parada, ratos, um cheiro que fica insuportável no verão e a sensação de insegurança. Os adolescentes voltam para casa de madrugada no fim de semana, depois das festas, e sempre tem gente ali usando drogas e fazendo gritaria”, conta. Um sofá velho que está jogado no terreno, sob sol e chuva, já foi motivo de discussão entre os frequentadores. “Estavam brigando para ver quem ia dormir no sofá.”
Alguns residentes do prédio vizinho, cujas janelas ficam voltadas para a propriedade abandonada, conforme Luciana, já nem abrem as venezianas. “O cheiro é muito ruim e a vista também não é das melhores. Lá de cima dá pra ver a podridão.” Junto com outros moradores do residencial, Luciana organizou um abaixo-assinado para encaminhar à Prefeitura. “Já recorremos ao poder público, mas como é uma propriedade privada, eles nos dizem que não tem que o fazer. Agora a imobiliária vai encaminhar esse documento para ver se conseguimos alguma solução”, revelou.
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Do lado esquerdo do terreno, o trabalhador da construção civil Osvino Anton já teve que apagar um incêndio começado no terreno ao lado. “Eles tacaram fogo e eu apaguei, outras duas vezes precisei chamar os bombeiros.” Em outras ocasiões, seu Anton teve a casa invadida e vários pertences furtados. Para amenizar o problema, o pedreiro instalou um tipo de cerca elétrica na divisa entre as duas propriedades.
Osvino: incêndio inesperado e residência invadida por ladrões | Fogo: Rodrigo Assmann
“O pessoal larga de tudo aqui”
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Outro problema é o lixo depositado pelos vizinhos no terreno. “O pessoal agora larga de tudo aqui: resto de obra, móveis que não querem mais e até lixo doméstico”, contou Luciana. Andando pelas ruínas, é possível encontrar de tudo: restos de televisores, balcão de cozinha, peças e mais peças de roupas, garrafas de bebida, sofás, calçados, embalagens de alimentos, entre outros.
Empresária Luciana organizou abaixo-assinado dos moradores | Foto: Rodrigo Assmann
Quem responde pelo terreno?
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A Prefeitura diz que o terreno é uma propriedade privada. Há três anos, o local foi leiloado pela Justiça e comprado por Flávio André Grunewald. Em outubro de 2016, o processo foi arquivado. A Gazeta do Sul entrou em contato com o advogado do comprador na última quarta-feira, mas no fim da tarde da última sexta ele informou à reportagem que ainda não havia localizado Grunewald para falar sobre o assunto.
Caso parecido acabou em morte
Em 2014, uma casa abandonada na Rua Thomaz Flores foi cenário de dois assassinatos. Em 28 de novembro, os corpos dos moradores de rua Jair José Lopes, 46, e Orlando dos Santos, 52 anos, foram encontrados sob o assoalho. Wagner Oliveira, de 21 anos, foi condenado a 31 anos de reclusão como autor dos crimes. O motivo foi a cobrança de uma dívida de R$ 100,00.
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