Há um movimento muito interessante, em curso em várias cidades brasileiras, de revitalização de equipamentos urbanos. Porto Alegre é um exemplo, com a transformação do Cais Embarcadero e a magnífica qualificação de toda a orla do Guaíba. Fora o que ainda está por vir no Cais Mauá, Centro Histórico, 4º Distrito, Parcão e Redenção. Em Salvador, onde estive recentemente, vários prédios abandonados e deteriorados que enfeavam a região central estão, aos poucos, dando lugar a hotéis e outros estabelecimentos.
Santa Cruz, mesmo com menos gargalos do que os grandes centros, não está fora desse processo. O Lago Dourado recebeu excelentes intervenções, embora ainda falte bastante para que toda a sua vocação seja explorada, e o novo calçadão da Marechal Floriano deu uma nova cara ao Túnel Verde. Não vejo a hora de saber os planos da Prefeitura para o Parque da Cruz, pois ali está, de longe, o nosso ativo mais subaproveitado.
Mas quero me deter sobre outro projeto, anunciado há poucos dias: a rua coberta. Que a ideia é boa, não tenho dúvidas. Sei de vários lugares onde espaços assim se tornaram referências para a população local e valiosos produtos turísticos, vide a Rua 24 Horas, em Curitiba, e a Rua Coberta de Gramado, para ficar apenas em dois.
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Não tenho a mesma certeza, no entanto, quanto ao local sugerido para receber o investimento. Há muito tempo venho dizendo que a quadra da Borges de Medeiros, entre a Floriano e a Marechal Deodoro, é a mais bela do Centro. O visual proporcionado pelas copas entrecruzadas dos jacarandás em flor, em conjunto com o tapete lilás que se forma sobre o paralelepípedo, é deslumbrante. Supera até ao das vizinhas tipuanas, na minha opinião. No último sábado, estive no evento promovido pelos pubs locais e fiquei pensando no quanto uma estrutura de grande porte encravada ali fatalmente afetaria esse precioso cartão-postal.
Mas há um motivo a mais para a minha dúvida. A ladeira da Borges, como se sabe, é o epicentro da vida noturna da zona urbana. Os negócios vêm se multiplicando e se diversificando nos últimos anos, e algumas das cervejarias e restaurantes mais disputados estão instalados ali ou nas redondezas. Já é, portanto, um ponto muito bem consolidado e suas possibilidades, se ainda não estão esgotadas, são mais limitadas.
Eis a questão: não valeria mais a pena criar um novo ativo do que despejar dinheiro público em um que já oferece retornos notáveis para o município? Por que não criar uma “nova Borges”, um novo roteiro gastronômico, cultural, comercial e turístico, atraindo investimentos para algum outro local cujo potencial ainda não foi absorvido e sem comprometer o encantamento de nosso patrimônio natural?
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Não tenho a resposta de qual seria esse lugar. Mas certamente os nossos empreendedores podem avaliar a melhor alternativa. De todo modo, é uma discussão que merece ser aprofundada antes do veredicto final.
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