O Rio Grande do Sul encerrou o primeiro semestre de 2021 com queda nos indicadores criminais. A soma de vítimas de homicídios, latrocínios e feminicídios – conjunto tecnicamente conhecido como crimes violentos letais intencionais (CVLI) – é a menor da série histórica no Estado para os primeiros seis meses. É o que atestam os dados divulgados nesta quinta-feira, 8, pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Pela primeira vez desde 2012, quando o monitoramento passou a contar individualmente o número de vítimas dos três delitos, o total no primeiro semestre ficou abaixo de mil. Foram 870, 18,5% menos que as 1.068 do mesmo período no ano passado. Em relação ao pior momento já vivenciado no Estado, em 2017, quando 1.739 gaúchos perderam a vida em razão de CLVIs, o número atual representa uma retração de 50%.
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“A vida humana, como sempre dizemos, é o nosso bem supremo. É claro, portanto, que nenhum número de mortes violentas é aceitável. Mas os dados desse primeiro semestre, em que reduzimos esses crimes para o menor nível já computado no Estado, atestam que estamos no caminho certo para aprimorar cada vez mais a Segurança dos gaúchos”, afirmou o vice-governador e secretário da Segurança Pública, delegado Ranolfo Vieira Júnior.
“A ONU indica como parâmetro esperado para grandes populações o índice de até 10 homicídios por 100 mil habitantes. Se mantivermos até o final do ano a média dos últimos seis meses, a taxa no RS deve ficar em 13 homicídios a cada 100 mil gaúchos, quando já tivemos marca superior a 26, no ano de 2017, por exemplo. Então, não tenho dúvida de que alcançamos um avanço significativo, fruto do planejamento estratégico e do trabalho de excelência dos homens e mulheres das instituições da SSP”, completou Ranolfo. Em junho, a soma também é a menor da série histórica, com 128 vítimas, o que equivale à redução de 15,2% na comparação com as 151 do sexto mês de 2020.
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Principal crime contra a vida, os homicídios registraram queda de 19% no acumulado desde janeiro, diminuindo de 981 vítimas no ano passado para 795. Em junho, comparação com igual mês de 2020, a retração foi de 135 para 118 (12,6%). Em ambos os recortes, o dado atual é o menor desde 2006. Os dados indicam ainda o foco territorial adotado pelo RS Seguro, que intensifica o combate ao crime nos locais em que ele mais acontece, como principal fator para puxar essa redução.
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Dos 186 homicídios a menos na comparação dos primeiros semestres deste ano e do anterior, 122 deixaram de ocorrer no conjunto de 23 cidades priorizadas pelo programa para acompanhamento permanente pela Gestão de Estatística em Segurança (GESeg). Isso significa que o grupo de cidades respondeu por seis em cada 10 homicídios reduzidos entre um período e outro. A concentração de esforços nessas localidades repercute no cenário do Estado como um todo.
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Entre os 23 municípios acompanhados pela GESeg, seis encerram o sexto mês do ano sem nenhum registro de homicídios. Além de Esteio e Canoas (terceira maior cidade do Estado), não houve assassinatos em Farroupilha, que já acumula cinco meses consecutivos sem mortes do tipo, em Capão da Canoa, onde o índice está zerado há três meses, e em Lajeado e Sapucaia do Sul, que completaram 60 dias sem vítimas desse delito.
Outro dado que evidencia o peso do foco territorial do RS Seguro é o ranking das 10 maiores quedas de homicídios no Estado no 1º semestre, comparado com igual período do ano anterior. Nove posições são ocupadas por cidades que integram o grupo priorizado – a exceção é Barra do Ribeiro, onde os assassinatos em seis meses caíram de nove para dois.
Outra redução criminal que aprofundou a preservação de vidas no Estado foi verificada nos latrocínios. O número de vítimas de roubo com morte no RS caiu pela metade em junho, de oito ocorrências em 2020 para quatro neste ano – segundo menor da série histórica de contabilização, iniciada em 2002, atrás apenas de 2009, quando o índice ficou zerado. Comparado com o pico, de 17 vítimas de latrocínios em 2016, o dado atual representa retração de 76,5%.
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O resultado de junho ajudou a ampliar a diminuição no acumulado do primeiro semestre, comparado a igual período do ano passado. Os casos de latrocínio baixaram de 36 para 27 na soma dos seis meses, o menor total para esse intervalo desde que a contagem foi iniciada.
Após dois meses de alta, os assassinatos de mulheres por motivo de gênero voltaram a cair no Estado em junho. Foram seis vítimas de feminicídio, duas a menos que no sexto mês de 2020, o que representa retração de 25%. Com o resultado, o acumulado desde janeiro também fechou com queda. A soma de vítimas no primeiro semestre passou de 51 para 48, na comparação deste ano com o anterior, numa diminuição de 6%.
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Além de qualificar os canais para denúncia, com ampliação da Delegacia Online e disponibilização do WhatsApp (51) 9 8444 0606, a Polícia Civil intensificou as operações repressivas contra agressores, por meio das 23 Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (Deams).
Também contribui para o resultado a ampliação das Patrulhas Maria da Penha (PMPs) da Brigada Militar, que realizam o acompanhamento preventivo permanente de vítimas de violência doméstica amparadas por medidas protetivas de urgência (MPU). Em junho, Estância Velha e Campo Bom passaram a contar com as duas mais recentes PMPs instaladas no Estado. Com isso, o total de cidades cobertas chega a 114 – um aumento de 148% na comparação com as 46 que possuíam unidades até 2019, no início do atual governo.
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Esses esforços, aliados à integração com outras instituições e Poderes do Estado no Comitê Interinstitucional de Combate à Violência Contra a Mulher também contribuíram para a redução alcançada nos outros quatro indicadores do tema monitorados pela SSP, tanto em junho quanto no acumulado do primeiro semestre.
Depois de superar sucessivas marcas positivas na redução de ataques a banco nos últimos dois anos, a Segurança Pública estabeleceu em junho o recorde definitivo do índice. Pela primeira vez desde que a SSP deu início à contabilização, o Estado fechou um mês sem nenhuma ocorrência de roubo ou furto a banco – queda de 100% em relação aos cinco registros do mesmo mês em 2020.
Houve apenas dois fatos relacionados a estabelecimentos bancários em todo o mês no Estado, nenhum com ingresso nos locais. Em São Leopoldo, no dia 24, ocorreu uma tentativa frustrada de assaltantes que fugiram sem levar nada assim que o alarme da agência disparou. Um dia antes, em Alvorada, criminosos praticaram extorsão mediante sequestro de um gerente de unidade do Banco do Brasil, a partir do contato telefônico com colegas dele.
De acordo com o titular da 1ª Delegacia de Polícia de Repressão a Roubos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil, delegado João Paulo de Abreu, a marca inédita de zerar o indicador tem como principal fator o empenho integrado das forças de segurança. “Destaco a dedicação do Instituto-Geral de Perícias na produção de elementos de prova que apontem a vinculação de pessoas investigadas pela Polícia Civil e a parceria com a Brigada Militar nas informações de inteligência e ações de repressão. A gente tem tido, diante da participação de todos esses atores, um forte enfrentamento aos grupos que atuam nesse tipo de crime. Com isso, ampliamos a qualidade da investigação criminal, com prisões e cumprimento de medidas cautelares que, em conjunto, nos permitiram chegar nesse ponto”, comentou o delegado Abreu.
A Operação Angico da Brigada Militar é outra das estratégias que têm permitido antecipar o movimento de quadrilhas especializadas em ataques a banco, frustrando planos dos criminosos com táticas de pronta-resposta e cerco policial. O vice-governador destaca ainda a criação de três novos Batalhões de Polícia de Choque (em Caxias do Sul, Pelotas e Uruguaiana) e o planejamento de reposição de efetivo que permitiu a BM ter, no mínimo, cinco PMs em cada um dos 497 municípios do Estado, como fatores que contribuem para a redução dos ataques a banco.
No acumulado de seis meses, o número de ocorrências permaneceu o mesmo do primeiro semestre do ano passado: foram 28. É a menor soma para o período desde o início da série histórica.
Outro crime patrimonial com redução significativa no Estado é o roubo de veículos. O número de ocorrências caiu de 4.865 no primeiro semestre do ano passado para 2.700 entre janeiro e junho de 2021, uma retração de 44,5%. O total atual é o mais baixo da série de contabilização, iniciada em 2002. Frente ao pico, em 2017, quando houve 9.541 ocorrências no período, a retração chega a 71,7%.
O cenário é semelhante na leitura mensal. Em junho, foram registrados 387 roubos de veículo no RS, 42,2% menos que as 670 em igual intervalo de 2020, e também o menor total da série histórica.
Entre as estratégias que contribuem para a redução, está o combate ao comércio ilegal de peças automotivas usadas e a facilitação para a compra de material com origem certificada pelos condutores gaúchos. Somado às ações de fiscalização, o site Peça Legal (detran.rs.gov.br/pecalegal), iniciativa do DetranRS para facilitar a busca do cidadão por peças usadas com garantia de legalidade e selo de segurança, completou seis meses desde o lançamento.
No período, a comercialização de peças nos Centros de Desmanche de Veículos (CDVs) credenciados aumentou 20% em relação ao ano passado. No site, o cidadão tem acesso à consulta do estoque de mais de 8 milhões de peças disponíveis nos 427 CDVs gaúchos. Por meio de uma busca simples e intuitiva, é possível filtrar o modelo e o ano do veículo e procurar o estabelecimento mais próximo que disponha da peça procurada.
Ainda no âmbito de crimes envolvendo o sistema de trânsito, houve redução histórica também nos roubos a transporte coletivo. No semestre, o número de ocorrências caiu 11,9%, de 662 entre janeiro e junho do ano passado para 583 em igual período de 2021. Em junho, a baixa foi ainda maior, de 29,4%, com diminuição de 119 ocorrências no sexto mês de 2020 para 84 neste ano. Em ambos os recortes, o total de casos é o menor desde o início da série de contabilização, em 2012.
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