Quando viajo sozinho de carro, conservo a mania de zapear pelo dial do rádio. É uma mania de muitos anos. Enfatizo o termo “sozinho” porque deve ser muito chato andar pela estrada e ouvir “tudo pela metade”, ou seja, apenas pequenos trechos de notícias, músicas e comerciais. Mas para mim, esse troca-troca de emissoras permite conhecer, através do som, as tendências de uma região, algumas que desconheço em detalhes.
Geralmente viajo aos sábados, nos chamados “destinos bate-volta”, ou seja, de ida e volta no mesmo dia. Já travei contato com emissoras bem-humoradas que usam sotaques e expressões únicos de determinados municípios. Dialetos do alemão e italiano são maioria quando vou de Porto Alegre a Arroio do Meio, no Vale do Taquari, numa itinerário de pouco mais de uma hora e meia de estrada.
No sábado ouvi um programa cujo destaque foram as famosas bandinhas que animam bailes e onde os cantores usam termos bizarros, entendidos apenas pela população local. Um dos destaques era o quadro em que um dos “âncoras” falava durante dois minutos em alemão, mas empregando um dialeto bizarro.
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Ainda conheço um pouco da língua germânica, fruto das minhas raízes, e pude “matar a charada” da expressão do desafio que, em alemão, significava “saia de baixo”. Trata-se de uma peça de roupa feminina em desuso, mas bastante comum nos meus tempos de guri. Quem é sessentão como eu vai lembrar!
Em outra incursão pela BR-386 em um sábado ensolarado, captei uma emissora da região de Guaporé onde – é claro! – o italiano prepondera e para mim foi impossível de compreender. O jeitão do locutor era muito divertido, misturando músicas e bordões.
Esta riqueza de culturas que reúne diversas influências faz do RS um mosaico de heróis vindos de várias partes do mundo para construir a nossa civilização gaudéria. Nesse quesito, uma das festas mais interessantes é a Fenadi – a feira das etnias – realizada no município de Ijuí.
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Como assessor de imprensa do ex-governador Germano Rigotto (2003-2006), tive o privilégio de conhecer esse e outros eventos multiculturais. Gastronomia, danças, dialetos, objetos e curiosidades sobre cada cultura… Esse é o segredo do sucesso da festa de Ijuí que nunca mais visitei, mas pretendo rever.
Por isso, na impossibilidade de conhecer todas as festas, mantenho o hábito de zapear pelas emissoras de rádio, de modo semelhante ao que faço ao assistir tevê, mas com uma riqueza de opções bem menor.
Numa época em que a xenofobia cresce, é importante constatar que vivemos em um Estado rico em diversidade. Admirar e valorizar a contribuição de inúmeros povos mesclados às nossas raízes gaúchas e brasileiras é sinal de inteligência, crescimento e união para superar problemas.
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