Uma viagem no tempo, pela história e pela cultura da região. O passeio pela Rota Germânica do Rio Pardinho, localidade que neste domingo celebra os 170 anos da colonização local, pode gerar variadas definições. Há quem diga que é uma jornada de conhecimento de seus antepassados ou de si mesmo. Pode ser também sinônimo de esporte para quem faz o percurso de bicicleta.
Ou somente uma forma de fugir da agitação da cidade e ficar por algumas horas em um lugar mais calmo e silencioso. O que não restam são dúvidas de que a Rota Germânica do Rio Pardinho é um dos lugares mais bonitos – se não o mais bonito – do Vale do Rio Pardo. São paisagens de encher os olhos, além de gastronomia típica, artesanato, igrejas e casarões históricos que contam a trajetória dos imigrantes alemães.
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Conforme descrito no site da Associação de Turismo da Região do Vale do Rio Pardo (Aturvarp), a Rota Germânica do Rio Pardinho integra atrações turísticas dos municípios de Santa Cruz do Sul e de Sinimbu, sendo um dos principais núcleos de colonização alemã do Rio Grande do Sul. O roteiro começa no distrito de Rio Pardinho, a dez quilômetros do centro de Santa Cruz, e segue até o interior de Sinimbu.
Durante a tarde de quinta-feira, 17, orientada pelo guia turístico Luis Carlos Moritzen, a equipe de reportagem da Gazeta do Sul percorreu parte do trajeto e conta, em duas reportagens especiais – neste fim de semana e no próximo –, com fotos e entrevistas, como é essa volta ao passado. Nesta primeira reportagem, saiba mais sobre cinco pontos situados no distrito de Rio Pardinho, numa homenagem a essa comunidade.
O roteiro começou pelo Mosteiro da Santíssima Trindade das Monjas Beneditinas, localizado no quilômetro 1,8 da Linha Travessa. O Mosteiro foi fundado em 1997. As irmãs que lá residem realizam atividades de artesanato e também vendem os itens. Os artesanatos confeccionados pelas irmãs podem ser comprados em horário comercial de segunda a sábado. Nos domingos, depois das 15h30.
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É indescritível a vista do alto da colina na qual está localizado o Mosteiro. Por isso, muitos visitantes vão até o ponto para apreciar a paisagem e curtir momentos de silêncio e de paz. O Mosteiro também conta com uma pequena hospedaria. A madre prioresa Roberta Peluso explica que, na pandemia, mais gente descobriu o local. “Geralmente as pessoas vêm no domingo, ficam no gramado, ficam vendo a vista, o pôr do sol. É um lugar de descanso e de retiro. As pessoas que vêm aqui são muito educadas, não jogam lixo, não colocam som.” Ela diz que muitos dos visitantes são de fora, não somente da região.
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Roberta faz questão de destacar a importância do turismo rural. “É uma vertente nova. Quando chegamos aqui não se tinha isso, porque o interior é uma coisa esquecida.” A madre complementa que o turismo pode ser um grande promotor de paz. “Com essa vista daqui, pode vir qualquer pessoa, de qualquer religião, para se encontrar com Deus. É uma maneira que as pessoas têm de conhecer outras realidades, outras culturas. Muitos conflitos e guerras que temos hoje é porque cada um pensa que só sua maneira de ser é a correta”, acredita.
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A Igreja da Comunidade Evangélica de Rio Pardinho, também conhecida como Igreja Imigrante, é a mais antiga igreja evangélica do Rio Grande do Sul. Datada de 1866, foi construída em pedra grês por gente da própria comunidade. Ao lado do templo, mantém-se conservado o cemitério, que abriga lápides escritas em alemão, pertencentes aos primeiros imigrantes. Marlise Diehl, professora aposentada, dedicada a pesquisar a história, relata que a decisão de construir a igreja surgiu em meados de abril de 1866. Cinco meses depois, a edificação já estava erguida, mas sem a torre, pois na época a legislação não permitia. A torre veio mais tarde, em 1890.
Em um evento que será realizado neste domingo, a comunidade vai comemorar os 170 anos da imigração alemã em Rio Pardinho. A celebração é alusiva ao 21 de novembro. Marlise explica o porquê da escolha do dia.
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“A data do aniversário da imigração foi estabelecida em 1952, por um grupo que estava organizando um centenário. Na época, foi decidida essa data porque um grupo de imigrantes chegou no Navio Mariane, em 21 de novembro de 1952. Entre os descendentes estavam as lideranças que organizavam um centenário. Então, decidiram pegar o dia 21 de novembro para lembrar tanto os que vieram antes como os que vieram depois, mas remetendo ao ano de 1852”, esclarece Marlise. A Igreja está situada na RSC-471.
Há aproximadamente dez anos, o Sítio Pedagógico Paraíso faz parte da Rota Germânica. Com uma relação extremamente íntima com a natureza, a proposta do local é ser uma escola ao ar livre, que atende desde a educação infantil até grupos de idosos. “As pessoas nos procuram e nós fazemos uma formação, uma aula, conforme o perfil do público”, explica a proprietária, Leila Vieira Stacke.
São mais de 35 estações, com 20 profissionais de diferentes áreas, como Geografia, Biologia, Pedagogia, Educação Física, Sociologia, Engenharia Ambiental, Coach, Música, entre outras. “Trabalhamos energias renováveis, aproveitamento da água da chuva. O Sítio propõe não devolver para a natureza as coisas em condições piores do que recebemos”, enfatiza. Leila também ressalta que, além de estudantes, o local recebe grupos de maturidade ativa e grupos de empresas. “Fazemos formações e treinamento empresarial, nos quais construímos visão e missão da empresa, sempre de uma forma lúdica, e não com palestras.”
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Um dos destaques do Sítio e que o caracteriza como parte da Rota Germânica é o Bauerngarten, o jardim do agricultor. O imigrante alemão que se estabeleceu em Rio Pardinho trouxe esta ideia consigo: o formato de cruz, com um poço no centro ou uma árvore; a cerquinha, com um diferencial na sétima ripa, para lembrar o dia de descanso; e as flores, plantas medicinais e verduras plantadas no mesmo local. Além disso, um casarão de 1890, com a arquitetura da época, dá as boas-vindas aos visitantes.
Para agendar visitas de grupos ou para o público em geral (esta é aberta cinco vezes por ano), o contato pode ser feito pelas redes sociais (@sitiopedagogicoparaiso) ou pelo WhatsApp no (51) 9 9679 0504. Atualmente, o Sítio também conta com hospedagem, disponível no aplicativo Airbnb.
Mais um lugar de belíssimas paisagens e de contato com a natureza faz parte da Rota Germânica. É o Sítio Thomas Ecke. Alexandre Guedes da Luz, proprietário do lugar, é inclusive o presidente da Associação de Turismo Rural de Santa Cruz do Sul, que está em fase de formalização. “Já começamos a fazer várias atividades. Uma delas foi a 1ª Caminhada na Natureza, que aconteceu no fim de outubro. Queremos começar a movimentar mais nosso turismo rural.”
O Sítio Thomas Ecke abre aos sábados e em feriados. “As pessoas podem vir aqui fazer um piquenique, temos espaço tanto embaixo dos nossos pomares de nogueiras quanto aqui em nossas sombras. Nós fornecemos as cestas, as pessoas vêm e relaxam. Continuamos com o espaço colha-e-pague de produtos orgânicos, mas o principal é mostrar que é possível vir para o nosso interior a lazer”, completa Ecke.
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Ainda de acordo com o proprietário, as crianças são um dos públicos mais fortes. “Há animais aqui no sítio. Então, elas gostam bastante de vir. Temos ovelhas, coelhos, galinhas, porquinhos-da-índia… Essa galerinha acaba trazendo os pais, que querem também mostrar os animais, que essas crianças não têm oportunidade de ver no centro da cidade.”
O valor da entrada no Sítio Ecke é de R$ 10,00 para adultos e de R$ 5,00 para crianças maiores de 2 anos. Para agendar uma visita, é preciso entrar em contato pelo número (51) 99696 5553 ou ainda pelo Instagram @sitiothomasecke.
Logo que foi implementada a Rota Germânica, a Kuchenhaus – Cucas Gressler foi o primeiro estabelecimento a oferecer a tradicional cuca aos turistas que faziam o roteiro. “Começamos em 1998, a pedido de uma vizinha nossa, para caracterizar a cultura germânica. Desde então, foi muito bem aceito pelo público. Vem muita gente de fora. Somos pioneiros aqui na região”, conta a proprietária, Clarine Lenz.
Além das cucas, também é possível encontrar no local schmier, linguiça, tortas, rocamboles, bolachas, pão caseiro, entre outras delícias da gastronomia típica alemã. O atendimento ocorre às sextas e aos sábados, domingos e feriados. Nas tardes de terça-feira, as cucas e outros produtos são comercializados na Feira Rural da Independência, em Santa Cruz. Encomendas também são aceitas pelos telefones (51) 3704 5035 e (51) 99653 7575.
Se o visitante quiser apreciar a gastronomia típica, no Restaurante Verde Vale ele pode experimentar especialidades como a galinha recheada, a tripa grossa, a linguiça cozida, eisbein e pernil de porco. O restaurante fica em Rio Pardinho, no quilômetro 102 da RSC-471, ao lado do Sítio Pedagógico Paraíso. As reservas são pelos contatos (51) 3704 5156 e (51) 9 8246 6962. Outra opção é o café colonial, aos sábados e domingos, da Casa do Colono. O estabelecimento também fica em Rio Pardinho, na 471.
Nesta primeira reportagem, você leu sobre cinco pontos da Rota Germânica situados no distrito de Rio Pardinho. Na próxima matéria, que será publicada no próximo fim de semana, você vai ler sobre mais quatro lugares de beleza inigualável localizados no município de Sinimbu.
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