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OPINIÃO

Romeu Neumann: “Estamos à altura da Catedral?”

Tenho dúvidas e incertezas. E por isso quero propor uma reflexão. Ouço repetida e insistentemente pessoas dizerem que não se cansam de contemplar a magnitude e beleza arquitetônica desta impressionante igreja.

Nem falo dos turistas ou das pessoas que aqui vêm a passeio, a trabalho ou negócios e que não abrem mão de um registro à frente deste templo imponente. Falo de nós, de mim, de tantas pessoas que conheço e que repetem a mesma indagação: como conseguiram – os que nos antecederam – construir uma obra tão ousada, onerosa, deslumbrante em todos os detalhes, desafiadora do ponto de vista da engenharia e da arquitetura?

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Busquei respostas, fundamentos para a minha inquietude e de tantas pessoas. Fiquei no vácuo. Então, faço essas considerações sob minha ótica.

1 – A Catedral foi construída numa época em que havia relevante senso de comunidade, de entrega e comprometimento com uma causa comum. Isso também ocorreu em outras iniciativas, como a construção dos hospitais, da Casa de Retiros Loyola, do Seminário São João Batista, em Linha Santa Cruz, a implantação da universidade, e tantas causas mais. E, de certa forma, esta cartilha social e comunitária que herdamos de nossos antepassados se consolida até hoje nas comunidades periféricas, nos bairros e no interior. Belas igrejas e centros paroquiais foram erguidos com participação de famílias anônimas e benfeitores. Em todos esses locais pulsa a vida comunitária, o orgulho de contribuir para que todos se sintam acolhidos no meio onde vivem.

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2 – Nossa Catedral é exuberante, mas precisa de restauração interna: da pintura à iluminação, ao projeto de sonorização. As intervenções estão orçadas em mais de R$ 6 milhões. A questão é: de onde virão esses recursos? De contribuições espontâneas de pessoas físicas, de algumas empresas, de eventos sociais e gastronômicos que mobilizam voluntários heroicos que doam trabalho e tempo para angariar algum valor para a causa?

3 – A impressão que tenho é que precisamos recuperar o sentido de pertencimento. É como se tivéssemos recebido, de um padrinho generoso, um raro presente. Lindo, magnífico, mas complexo. E que requer manutenção para que continue funcionando e cumprindo a sua finalidade.
Mais do que conveniência, este é um desafio: temos que nos sentir inseridos na história e na cultura da sociedade onde vivemos.

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4 – A Catedral, que a todos encanta, não sobrevive com mera contemplação. Ela precisa que a adotemos, de verdade e com compromisso. Este desafio não pode ser colocado somente sobre os ombros da paróquia São João Batista. Esta causa é maior. É de todos os santa-cruzenses: de nós, pessoas físicas que herdamos esse patrimônio; das empresas e instituições que devem à comunidade uma contrapartida social pelo êxito que aqui vêm obtendo; e, de forma inequívoca, do poder público municipal. Por certo não há uma peça de divulgação de Santa Cruz do Sul onde Executivo e Legislativo não façam constar a imagem imponente da nossa Catedral. Por que se valeriam desse cartão-postal se não se sentem comprometidos e minimamente responsáveis por ele?

5 – Por fim, entendo que as entidades empresariais precisam aderir a essa causa pela preservação da maior referência arquitetônica do município. Que motivem seus associados e parceiros a canalizarem recursos via Lei de Incentivo à Cultura para a execução das obras. A Catedral é espelho, reflexo, projeção do que somos como comunidade. Ela precisa continuar inspirando e comovendo – a nós e aos que nos visitam. Vou reiterar o apelo da comissão que cuida da execução das obras: “Abrace a Catedral. Juntos podemos fazer acontecer”!

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