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OPINIÃO

Romeu Neumann: “Destinos à deriva”

Tive uma semana atribulada e andei ausente por alguns dias. Mas vi o suficiente para enaltecer o sucesso desta edição da Oktoberfest. Não bastasse a estrutura, a organização, o envolvimento e abnegação de tanta gente que faz este evento acontecer e se consolidar ano a ano, parece que desta vez até São Pedro se sensibilizou (ou estaria se retratando diante dos flagelos de maio que permitiu?) e abriu as cortinas cósmicas para o sol, a luz e o encanto da primavera.

Tudo maravilhoso – a cidade está encantadora, vamos conveniar! – mas o dia a dia do cidadão não é só céu de brigadeiro, não! Fora do circuito da festa, como você se sente, por exemplo, diante da falta de infraestrutura que o Poder Público, em âmbito municipal, estadual e federal, disponibiliza à população?

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Estradas e rodovias, por exemplo. A falência do Estado e o descaso com o cidadão estão estampados em cada cratera do já inexistente ou esfacelado asfalto do corredor de exportação, que ora é RSC-153, depois RSC-471, siglas e nomenclaturas que não têm a menor importância para os usuários, porque de Barros Cassal a Vale do Sol e de Pantano Grande a Encruzilhada do Sul e Canguçu o que deveria constar em placas bem visíveis é “Perigo! Rodovia sem manutenção”. Ou, simplesmente, “Danem-se, otários!”

Infelizmente, o Daer – repartição pela qual o Estado deveria contemplar a sociedade com manutenção e construção de malha viária – não tem estrutura, nem gente e, muito menos, dinheiro para executar alguma obra de relevância. Como chegamos a esse ponto? Como nós cidadãos, pagadores de impostos, permitimos e nos conformamos com esse descaso?

Algumas semanas atrás, ainda antes das eleições municipais, claro, fizeram uma figuração e assinaram contrato para asfaltamento de uma rodovia no interior de Candelária/Rio Pardo. Para impressionar os incautos, até plantaram umas estaquinhas numeradas à beira da estrada. O que aconteceu depois disso? Nada! E provavelmente não vai acontecer, a exemplo de mais de 20 anos de promessas de pavimentação de outra rodovia, entre Rio Pardo e Cachoeira do Sul.

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Mas não é só o Estado que nos deve. Em pleno século 21, ano de 2024, regido pelo avanço fantástico dos recursos tecnológicos em todas as áreas, máquinas caras e dotadas de incríveis recursos de precisão patinam e atolam no lamaçal do atraso. Em algumas localidades – o interior de Rio Pardo é pródigo de exemplos – os moradores ficam isolados em suas propriedades após cada chuva e precisam torcer por dias seguidos de sol para poderem vencer os atoladouros.

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A quem devemos creditar esse colapso? Como é possível motivar pessoas a permanecerem e investirem no interior em condições de prosperar se não dispõem sequer de estradas que ofereçam acessibilidade? E mais: cada anúncio de temporal é um tormento para essa brava gente que teme ficar dias ou até semanas sem energia elétrica e sem conexão alguma para poder se comunicar.

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Verdade é que o povo, com toda razão, cansou da cantilena do “juntos vamos fazer isso, construir aquilo, resolver sei lá o quê e blá, blá, blá”. Estamos falando de famílias que trabalham, se sustentam, produzem riqueza, pagam impostos. O mínimo que esperam é que o Poder Público faça a sua parte e lhes proporcione condições de tocarem a vida em paz.
Será pedir demais?

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