A Páscoa é, por essência, tempo de recolhimento e de convívio familiar, acentuado, a cada ano, para os que professam a religião cristã (afinal, a data rememora a Paixão de Cristo e a ressurreição). Como tal, é uma data que convida ao intimismo, a se aquietar, em que as celebrações remetem à paz e, logo adiante, a uma retomada de valores do afeto, da cultura e do humanismo. É nesse contexto, em que a comunidade de Santa Cruz do Sul e da região, amplamente identificada justamente com os ideais do cristianismo, que a Gazeta do Sul tem a alegria de apresentar uma obra literária nada menos do que surpreendente.
Não se trata de “resgatar”, por assim dizer, tal produção intelectual, porque, nesse caso, ela já devia ou deveria ter sido de conhecimento da população em momento anterior. É uma situação incomum: uma escritora santa-cruzense, já falecida, fez sucesso e granjeou admiradores longe daqui, na Alemanha, ao longo da década de 1980, com romances publicados por uma prestigiosa editora alemã, de Stuttgart. No entanto, ao que tudo indica, era praticamente ignorada ou desconhecida na terra natal.
Trata-se, como o suplemento Magazine, encartado nesta edição, tem o prazer de evidenciar, de Edith Adelina Freyse Schmitt, nascida em Rio Pardinho, em 1906, e que por volta dos 20 anos se fixou em Porto Alegre, onde se casou. Certamente em virtude do casamento, e na sequência do falecimento do pai, quando a mãe também se mudou para a capital, ela perdeu os vínculos com a localidade. Mas os três romances, publicados quando estava com mais de 70 anos, e escritos originalmente em alemão, deixam claro que a terra natal e as vivências em comunidade alemã nunca saíram da memória.
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Os enredos dos livros remetem constantemente a Santa Cruz e a uma localidade fictícia, Linha Bela, que se identifica com Rio Pardinho. Logo, essa obra, até hoje nunca traduzida para o português, e à qual a Gazeta do Sul teve acesso inclusive em volumes autografados pela autora, constitui documento precioso, que conecta a Santa Cruz de hoje com a do final do século 19 e a do começo do século 20. E mencionar a obra de Edith Freyse, uma santa-cruzense lida e cultuada na Alemanha, é a forma que a Gazeta encontra para, de modo singelo, marcar a Páscoa do santa-cruzense. E de convidar a população a ler, a conhecer, a conterrânea ilustre, falecida em 1992, aos 85 anos. É uma grata surpresa descobrir que a terra da também famosa escritora Lya Luft tem, a se agregar na área cultural, uma romancista publicada em alemão.
E numa ampliação dos temas da edição deste final de semana, em sintonia com o tempo de Páscoa apresentamos, em nossa série A Vida no Bairro, um olhar sobre o Monte Verde, por muito tempo conhecido como Monte Tabor, o popular Morro da Cruz. E na seção esportiva, uma entrevista especial com ninguém menos do que o zagueiro campeão da América e do Mundo pelo Grêmio, o eterno capitão Hugo de León. Que todos tenham bela e agradável Páscoa, marcada pelos valores cristãos. Um ótimo final de semana!
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