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Romar Beling: “Que Semana do Meio Ambiente foi essa?”

A sociedade engajou-se em atividades alusivas à Semana do Meio Ambiente, cujo ponto máximo é segunda-feira, quando se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. Mas Santa Cruz do Sul acabou por ser surpreendida com uma forma um tanto inusitada, para não dizer enviesada, de comemorar esse dia: testemunhando uma espécie de devastação ambiental, o que, infelizmente, vai na completa contramão de tudo o que organismos e cidadãos defendem e gostariam de ter visto. E, aliás, o que certamente não gostariam de ver nunca mais.

E isso que o debate ambiental até começou com ênfase. Já na segunda-feira, especialistas discutiam meios (urgentes) de preservar a Mata Atlântica, de cujos remanescentes a vegetação de Santa Cruz faz parte. Pelo visto, muitos não só jamais se comprometerão com ecossistema e qualidade de vida como seguirão ignorando por completo demandas comunitárias na área. A ponto de, ainda nessa semana, motosserras, a serviço da RGE e de um curioso programa de arborização segura, que interpreta como segura toda árvore mutilada ou colocada abaixo, terem devastado conjuntos de verde no ambiente urbano. Árvore segura é árvore no chão? Nada poderia ter sido mais inconveniente para marcar a Semana do Meio Ambiente, como moradores, indignados, narravam em contato com a Gazeta do Sul.

O ápice deu-se nessa quinta, 1º, e sexta-feira, 2, quando árvores que estavam há décadas na Rua Gaspar Silveira Martins (sem jamais terem representado perigo ou ameaça, pois, do contrário, teriam motivado intervenção anterior) foram mutiladas (e algumas sumariamente derrubadas). De certo modo, foi a vitória absoluta da insensibilidade. Não deixa de ser digno de reflexão o argumento da derrubada preventiva de árvores em espaço público: seria como eliminar preventivamente veículos de ruas e rodovias para assegurar a manutenção da infraestrutura ou previamente abater suspeitos apenas pelo risco ou pela ameaça que poderiam constituir à segurança.

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Chegaremos a esse tempo? A manutenção não deveria envolver melhorias na própria fiação? E, para efeitos de estatística, valeria fazer levantamento das ocorrências ao longo dos anos em que a queda de árvore motivou a interrupção no fornecimento de energia. Com exceção de temporais, quando a energia costuma cair de qualquer maneira, e até bem rápido, não há memória recente, junto à nossa redação, de caso do gênero.

Em comunicados, fala-se sempre em plantar algumas mudas, quando o discurso deveria ser o de zelar ao máximo pelas árvores adultas ainda restantes. Além do que, derruba-se majestosos espécimes de décadas para, no lugar, com todo o respeito, plantar mirradas patas-de-vaca. A isso se chama compensação ambiental? Está mais para uma… patada na natureza. Na segunda-feira, Dia Mundial do Meio Ambiente, qualquer plantio simbólico de poucas mudas quase nada significará. Logo adiante, serão derrubadas, como todas as demais. Já é até mais válido localizar uma árvore que (ainda) esteja de pé e, antes que equipes de poda ou supressão cheguem até lá, postar-se diante dela em minuto de silêncio. Por nós. Por todos nós. Bom final de semana.

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Heloísa Corrêa

Heloisa Corrêa nasceu em 9 de junho de 1993, em Candelária, no Rio Grande do Sul. Tem formação técnica em magistério e graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Trabalha em redações jornalísticas desde 2013, passando por cargos como estagiária, repórter e coordenadora de redação. Entre 2018 e 2019, teve experiência com Marketing de Conteúdo. Desde 2021, trabalha na Gazeta Grupo de Comunicações, com foco no Portal Gaz. Nessa unidade, desde fevereiro de 2023, atua como editora-executiva.

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Heloísa Corrêa

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