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LITERATURA

Romar Beling: Nobel de Literatura de 2021 vai para mais um desconhecido no Brasil

Nessa quinta-feira foi anunciado o mais novo ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, relativo a 2021. Mais uma vez, como tem acontecido de forma recorrente, a imensa maioria dos brasileiros, até mesmo os que se dizem leitores ou têm alguma bagagem cultural, praticamente desconhecem o autor, isso se não ignoram de todo sua existência. E, no entanto, trata-se de um escritor (obviamente) admirado e muito lido no mundo todo.

É o tanzaniano Abdulrazak Gurnah, nascido na ilha de Zanzibar, de 72 anos, professor da Universidade de Kent, no Reino Unido. Com mais de uma dezena de romances, nos quais tematiza as relações decorrentes da colonização europeia, no seu caso específico na África, e também o contexto pós-colonial, é uma das grandes referências contemporâneas na literatura africana. E, contudo, o Brasil mal sabia de sua existência.

LEIA MAIS: Abdulrazak Gurnah, da Tanzânia, ganha o Nobel de Literatura

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Poucas situações evidenciam de forma tão gritante o quanto o Brasil é periferia no que tange a cultura e arte do que estar alheio às grandes influências intelectuais contemporâneas. É como um aluno ingressar em nova turma e não ter nenhuma informação ou ideia do conteúdo que aquele grupo debate ou aborda.

O que agora ocorre com Gurnah, há anos referido em prêmios prestigiados, como o Man Booker Prize, se viu em anos anteriores. Por exemplo: o sueco Tomas Tranströmer, vencedor de 2011, era ignorado; assim também a bielorrussa Svetlana Aleksiévitch, de 2015; a polonesa Olga Tokarczuk, de 2018; e a norte-americana Louise Glück, no ano passado.
Menos mal que o fato de terem ganhado o Nobel motivou editoras a repararem com alguma presteza a lacuna de esses autores não terem sua obra difundida no País. Esse é um grande mérito do Nobel. Uma vez que enaltece autores consagrados, se ainda são desconhecidos no Brasil, ao menos passam a chamar a atenção.

Assim se espera que seja com Gurnah: que se tenha, o quanto antes, livros seus lançados por aqui, para que não se precise seguir apelando apenas a edições em inglês. E o mesmo poderia ocorrer, para ganharmos tempo precioso, com outros mestres das letras, sempre lembrados para o Nobel, como o gigante queniano Ngũgĩ wa Thiong’o, o somali Nuruddin Farah, a guadalupenha Maryse Condé e tantos, tantos outros. Abdulrazak Gurnah é Nobel, e com toda a justiça. Justiça devemos nós fazer agora a sua obra, lendo-a e refletindo sobre a nossa vida a partir dela.

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